Wednesday, July 28, 2010

Compreensão


Num artigo de uma revista de F1 dizia-se que os pilotos desta disciplina distavam uns dos outros um máximo de 0.3 segundos. Ou seja, se todos andassem em carros iguais, o primeiro ficava no máximo a 0.3'' do último. No mesmo artigo dizia-se que se esse exercício se realizasse, o Alonso seria o primeiro.

Não é preciso saber muito do desporto, para perceber que o processo de selecção que leva um piloto até à F1 é de tal maneira apurado que os que lá chegam são o pináculo da condução e estão extraordinariamente próximos uns dos outros. Se essa proximidade cabe em 0.3 segundos não sei ao certo, mas não há-de andar muito longe.

Se o piloto à frente de todos os outros é o Alonso também não sei ao certo, mas que o espanhol andará entre os três primeiros não tenho grandes dúvidas. Dito isto, até pode passar a ideia de que gosto de o ver aos comandos do Ferrari. Não é assim, o bi-campeão sempre teve uma forma de ser e de agir que me causaram alguma repulsa, no entanto, em pista é um piloto extraordinário, pelo que compreendi os motivos da sua contratação.

Da mesma forma, compreendo os motivos das ordens de equipa que lhe deram a vitória em detrimento do companheiro de equipa, Felipe Massa. Por mais que goste de ver pilotos a lutar abertamente, como acontece na McLaren, a verdade é que no final só um pode ganhar e estes duelos não fazem mais do que desgastar as energias internas da equipa - para além do natural dispersar de pontos. Recordemos 2007, um título que parecia certo para a McLaren e que graças à luta aberta entre Alonso e Hamilton acabou nas mãos do Raikkonen.

Monday, July 26, 2010

Labaredas



Há uma cena fantástica no filme Miami Vice, de noite com um Ferrari 430 Cabrio a "cuspir" fogo pelo escape como um artista de circo. Na altura pensei que fosse truque à Hollywood. Parece que pelo menos o 599 GTO faz o mesmo tipo de labaredas e nem precisa ser de noite.


A falsa virgem ofendida


Christian Horner, a desempenhar o seu papel de chefe da equipa Red Bull, mostrava-se ontem escandalizado com as ordens da equipa Ferrari aos seus pilotos. Dizia mesmo que o que ouviu no rádio do Massa foi a "Mais clara ordem de ultrapassagem que tinha ouvido."

A ordem foi, de facto, clara e provavelmente a mais clara que já ouvi. Não foi, no entanto, a mais clara que já vi. A ordem de favorecimento mais clara que já vi foi quando tiraram a asa da frente do carro do Webber para a darem ao Vettel. Não ouvi tal ordem, mas posso dizer que foi o agora escandalizado Horner a proferi-la.

De repente ficámos todos uns puritanos da verdade desportiva. Só falta mesmo um comentário ofendido do dr. Helmut Marko.


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Opinião:

Aqui está um bom tema para por em evidência a hipocrisia que caracteriza os comentadores, pilotos e adeptos da F1 de hoje.
Quando há cerca de 10 anos a Ferrari dava instruções especificas para o Barrichelo deixar passar o Schumacher, toda a gente dizia: “Que vergonha, isto não é desporto” e personalizavam sempre a questão culpando o do costume: “O cabrão do Schumacher é sempre a mesma coisa”. Inclusivamente diziam: “É preciso que a FIA cria regras concretas para impedir que estas situações ocorram”. E assim foi.
Passados 10 anos toda a gente já se esqueceu das palavras que proferiu na altura - dizem: “o sucedido hoje foi um acontecimento normal, que apenas põe em evidencia dois pilotos que lutam para o bem geral da equipa. O Alonso era mais rápido, vai à frente no mundial relativamente ao seu companheiro de equipa e precisa de maximizar os resultados de modo a reduzir a distância para os primeiros da tabela”. O Alonso, como virgem ofendida, sublinha exactamente o profissionalismo dos pilotos e o bem geral da equipa.
Agora vejamos o comportamento do Alonso neste últimos anos:
2007 – Mclaren culpada por espionagem industrial. Lembram-se quem recebia e-mails acerca do desenvolvimento de soluções da Ferrari? Exactamente: Alonso
2008 Singapura – a sua equipa (Renault) dá instruções para que o Piquet se mande contra o muro de modo a favorecer o Alonso. Alguém acredita que ele não sabia?
2010 – O que aconteceu ao interesse geral da equipa nas seguintes situações? 1) Alonso atira-se para cima de Massa na entrada das Boxes na China . O que é que o Alonso disse? “Se tivesse feito isto com um piloto de outra equipa alguém dizia alguma coisa?”; 2) Toque em Massa na largada em Inglaterra que lhe furou o pneu.

Se me perguntarem se acho que a Ferrari fez bem em dar instruções ao Massa, digo que sim. A F1 é um desporto, mas acima de tudo é um negócio. As equipas não são só equipas, são empresas que vivem dos resultados.
Se me perguntam se acho que a Ferrari deve ser castigada, respondo como o Alonso respondeu no final de Valência: “A equipa que respeitou as regras (Red Bull)acabou o GP da Turquia com 15 pontos. A equipa que não respeitou as regras acabou o GP da Alemanha com 43 pontos”…

No final do ano fazemos as contas...

(Gonçalo)

Dia 2 nas bancas



Dia 2 de Agosto temos a segunda edição da REV nas bancas. Vale a pena.

Monday, July 19, 2010

Eu já não acreditava


Confesso que no Sábado à tarde pensei que este Rali dos Açores seria mais um desaire na carreira do Bruno Magalhães, a juntar a todos os que teve até então nas provas internacionais disputadas em Portugal.

Enganei-me e ainda bem, para nós que gostamos das corridas, para o Bruno que precisava deste resultado e para a Peugeot que merecia algum retorno pela sua forte aposta no desporto automóvel.

Quando tudo parecia mais uma vez perdido, no último troço, a sorte sorriu-lhe, quando tantas vezes lhe tinha faltado. Ganhou, somou um fartote de pontos e já é terceiro no campeonato - não conseguirá mais, já que os dois Skodas estão quase imbatíveis - para além de que é o melhor Peugeot, à frente do campeão do mundo Kris Meeke.

Parabéns Bruno e já agora, Obrigado.

Saturday, July 17, 2010

Levem também as vuvuzelas


Depois do folhetim da PT e dos espanhóis, já anda por aí muito boa gente com uma ar triste no discurso a imaginar como será quando, no final do ano, o Sócrates entregar a GALP ao Lula (Petrobras) ou à filha do José Eduardo dos Santos (Sonangol).

Por mais que ache que o sector energético é estratégico para qualquer país do mundo, não consigo deixar de pensar que se a petrolífera portuguesa for entregue a qualquer um dos dois pretendentes, será sempre bem entregue.

Com a GALP nas mãos dos angolanos ou dos brasileiros o "gamanço" de cada vez que abastecemos o tanque não vai deixar de existir, isso vai continuar como até aqui. O que será certamente diferente será o patrocínio e o apoio ao desporto motorizado. Quer a Sonangol, quer a Petrobras apostam verdadeiramente naquilo que é mais próximo ao seu negócio e basicamente em tudo o que anda através de um motor de combustão interna.

Que se lixe a GALP mais a sua subserviência ao futebol. De todos os pilotos lusos que andam por esses campeonatos fora a conquistar vitórias, quantos contaram com o apoio da GALP? Que eu me lembre só mesmo o Lamy e isso foi há vinte anos atrás. Temos até casos como o do Miguel Oliveira, o primeiro piloto português com verdadeiras chances de ser vitorioso no MotoGP, que se internacionalizou com as cores da Repsol.

Que ninguém fique triste por ver partir os capitais da GALP para outro continente, que se vão e que levem o raio das vuvuzelas com eles.

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Opinião:

Caro,
gostava de lembrar que o Armindo Araújo tem o cunho de campeão mundial de produção, com o apoio (maior ou menor, isso não sei...) da Galp, devido ao apoio que tem já uns anos, desde a entrada para a Mitsubishi. Também o Rui Madeira, julgo que foi campeão do mundo com o patrocínio da GALP, o Carlos Sousa foi longe porque também tinha a gasolineira por trás e o Miguel Campos, antes de se juntar à Peugeot e depois de lá sair também fui lá buscar uns euros, mais os manos Meireles que também já correram com a marca. De qualquer forma, na maioria destes casos, penso que se tratavam de acordos que envolviam sempre as marcas, de forma a potenciar a parceria também de forma contabilística...
Agora, não deixo de dizer, na mesma, que o dinheiro entregue ao futebol era bem dispensado em favor de criação de verdadeiros incentivos à prática de automobilismo de alto nível. Se a vitória em campeonatos (desde os karts - que andam a morrer em PT - velocidade ou ralis) significasse um apoio monetário com a chacela da Galp no patamar seguinte, conseguiriam "matar dois coelhos" de uma vez só. promoção das modalidades, ganhava-se competitividade em escalões intermédios e ainda geravam-se incentivos para a competição e aspirações de futuro para quem emprega o seu dinheiro nisto... (afinal de contas, é preciso sempre gastar algum)

(autoemocion)

Sunday, July 11, 2010

Novos e velhos


Não se trata de saudosismo, é algo que racionalmente toda a gente constata - os "antigos" circuitos são muito mais entusiasmantes que os da era moderna.

Não tenho nada contra a modernidade, muito pelo contrário, mas exceptuando o circuito de Portimão ainda não vi nenhuma pista construída nos últimos quinze anos que seja mais interessante que o que existia até então.

Silverstone é um bom exemplo disso, uma pista com um desenho fantástico a que se juntam cinquenta anos de história automóvel. A sequência de curvas que começa em Copse, depois Maggots, Becketts, Chapel e termina na travagem para Stowe, ainda está para ser replicada. É estonteante para o público e desafiante para os pilotos.

A juntar ao magnífico traçado e à história que este carrega, o que também faz a diferença em Silverstone são as bancadas que estão invariavelmente sempre a abarrotar. Isto também é uma característica que separa os "velhos" dos "novos" traçados, é que os primeiros têm sempre muito público a assistir, quando os segundos estão sempre "às moscas". Parece que a FIA estimulou a construção de circuitos em zonas onde ninguém tem interesse pelas corridas e aqui nem Portimão é excepção.

Há 25 anos viajaram até nós



Na passada Terça-feira deve ter chegado até nós, vindo de 1985, o Michael J. Fox aos comandos do seu DeLorean "Máquina do tempo".

Pois é, para aqueles cujo filme "Regresso ao Futuro" é um marco da adolescência, isto é a prova de que estamos velhos. De referir também que o futuro não é tão fascinante como era descrito no filme. Hoje em dia os carros ainda usam as rodas para se deslocarem e não há nada que flutue no ar, nem sequer uma prancha de skate.

Mesmo assim julgo que se em 1985 retratassem o futuro tal qual a realidade de hoje, ninguém iria ficar desapontado. Afinal de contas, em 1985 imaginar um carro matriculado com 1001 cv como o Veyron haveria de ser algo digno de ficção cientifica. O que dizer então, de coisas como o Caparo T1, o Pagani Zonda ou o Ariel Atom?

Em 1985 mesmo a ideia de um Porsche a gasóleo, um Jaguar feito por indianos, um BMW X6 ou a lista de equipamento do Mercedes Classe S, era o suficiente para nos colocar praticamente a par com OVNIS e marcianos.

Há vinte cinco anos atrás, para além do DeLorean só mesmo o Lamborghini Countach é que tinha qualquer coisa de futurista. Pouco mais existia no mundo dos carros, excepção feita aos monstros do Grupo B. Para além disso, vivíamos num mundo em que o Opel Kadett era o "Carro do Ano" e tudo o resto eram Renaults Supercinco, Peugeots 205 e Citroens Visa. Vivíamos no passado.

Martin McFly, se andas por aqui, aparece, eu pago um copo.

Monday, July 05, 2010

Momentos de antologia - O Samurai Kobayachi


Costuma-se dizer que até ao lavar dos cestos é vindima, para Kamui Kobayashi, até à última volta é corrida. Passar dois pilotos nas duas últimas voltas, num circuito citadino, em Espanha, sendo um deles o Alonso, não é para todos.

Os pilotos vindos do oriente têm normalmente a fama de barbeiros, neste caso estamos face a um piloto com pinta da samurai. Dá gosto e vale a pena ter estas lufadas de ar fresco num mundial de F1 que muitas vezes cheira a marasmo.

Aqui, no entanto, não é só mérito do japonês, há também muito demérito do Alonso que estava completamente a dormir.

De qualquer das maneiras, BRAVO.