A mais louca corrida
Começa sempre com o novo ano uma das mais belas provas desportivas alguma vez realizadas. Desde 1986 que o sonho de Sabine se concretiza, e de facto é de um sonho que se trata, pois nos dias de hoje conseguir organizar uma prova assim é um oásis no deserto do desporto automóvel. A prova é a mais dura, a mais longa, a mais difícil, a que exige mais do piloto, do navegador e da organização. As viaturas são as mais variadas, confirmando que ao fim de 15 anos ainda não há a fórmula perfeita, deixando à imaginação dos engenheiros todo o tipo de devaneios, motor à frente, atrás, central, duas rodas motrizes, tracção integral, a gasóleo ou gasolina, 4 cilindros em linha, 5, 6 ou 8 em “V”, tanto faz. Tudo isto traz dividendos suscitando interesse em centenas de pilotos privados, algumas equipas de fábrica e essencialmente no público, que à distância segue a prova tornando o Dakar no evento automobilístico mais visto a seguir à Fórmula 1. Fazer o impossível é tentar comparar estas estas duas modalidades, ao invés da F1 o Dakar tem competição a sério, apesar dos carros oficiais, os pilotos ainda fazem a diferença, mesmo com os milhares de quilómetros que a prova tem, a geral discute-se ao minuto e muitas vezes ao segundo, aqui não há favas contadas, é impossível prever tudo e não há margem para indecisões ou erros. Quem não se lembra de "Nani" Roma a cair quando era lider, a chorar e exausto, incapaz de encontrar o caminho. Que dizer do atascanço de Schlesser já na praia de Dakar, a poucos quilómetros do final, ou do roubo do Peugeot de Vatanen, em pleno deserto durante a noite, impossibilitando o piloto de partir no dia seguinte... são muitas as histórias que fazem desta prova mitica “a” derradeira corrida automóvel.