Escolheram bem

Estava a ver a lista de inscritos para o Rali de Portugal e não deixei de me intrigar com o facto do Miguel Campos ter prioridade FPAK A e o Adruzilo assim como o Bernardo Sousa terem prioridade FPAK B. Se alguém consegue vislumbrar uma justificação, por favor que avançe.

Independente da prioridade que lhe foi atribuída, não deixo de achar que a escolha do Miguel Campos para o BF Goodrich Drivers Team, foi uma escolha acertada. É claro que gosto muito de ver o Rui Madeira a andar na terra e ainda para mais neste rali em que teria hipótese de zupar o Loix outra vez, mas não se pode dizer que o volante esteja mal atribuído ao Campos. Por mais apagado que tenha estado nos últimos anos, lembro-me para aí de uns quatro campeonatos seguidos de grupo N, em que andou sempre em grande nível sem um único toque com o carro, simplesmente não errou durante aquele período de tempo. Para além disso segue-se a participação no campeonato da Europa em que também nunca foi nenhum lento e à excepção daqueles treinos “faralhados” em Espanha, foi um piloto que dignificou sempre a bandeira, podendo dizer-se que como ele fazem muitos falta no actual campeonato nacional de ralis.

Procissão em Espanha

Corrida chata, muito chata, chatíssima. O conjunto Kimi/Ferrari é o mais rápido e consistente do pelotão, mas em pistas como a de Barcelona torna-se avassalador, sendo que o mesmo deve acontecer na próxima corrida na Turquia.

O Massa ficou no lugar dele, o Hamilton também, o Kubica idém... o Barrichelo voltou a ter uma paragem cerebral nas boxes e por aí fora, nada de novo ou surpreendente.

Tudo na mesma também na falta de espectacularidade destes carros, que em circuitos como o de hoje pouco mais podem fazer do que seguir em fila indiana, ultrapassagens só nas boxes. Deu dó ver o que o Coulthard sofreu para ultrapassar o Sato, mesmo sendo três segundos mais rápido por volta. Foi mais ou menos como uma corrida de "slot-cars" em que se colocaram com os carros todos a correr na mesma calha.

Assustador o acidente do Kovalainen, não só pela batida mas principalmente pela forma como o pneu se desintegrou repentinamente, sem dar qualquer aviso ou hipótese de reacção ao piloto, que nada pôde fazer. Uma coisa assim não dá confiança nenhuma e não há circuito no mundo, por mais escapatórias que tenha, que possa proteger um piloto de uma falha destas.

Daqui a quinze dias na Turquia há mais uma procissão, corridas a sério só no Mónaco ou no Canadá, caso chova.

Ao melhor nível

Se na Sexta-feira fiquei impressionado com a qualificação do Álvaro Parente, que dizer com a vitória de ontem, foi simplesmente bom demais.

Ao pé do triunfo de ontem, o sétimo lugar de hoje soube a pouco, mas numa corrida com alguns incidentes o Álvaro manteve a cabeça fria, como é seu timbre e trouxe uns pontinhos, que o colocam na frente do campeonato em conjunto com o Bruno Senna.

Sair de Barcelona na liderança é muito mais do que se podia pedir, ainda para mais tendo em conta a classificação do colega de equipa.

Muito bem, a par com o Lamy, proporcionou um fim-de-semana de luxo para o automobilismo nacional.

Ave Álvaro

Estou sem palavras!! Conseguir o que o Álvaro Parente conseguiu hoje, logo na sua prova de estreia, é simplesmente impressionante. Não é só o segundo lugar na qualificação, é a forma como aviou todos os outros que ou estão no segundo ano desta competição ou que andaram todo o Inverno a treinar na GP2 Asia. Respeito, muito respeito que esta foi de campeão.

Ralis são para quem gosta, muito.

No Sábado lá estava eu alegremente a desligar o despertador por volta das 7 da manhã, em passo apressado para me fazer à estrada em direcção a Fafe, palco da segunda prova do nacional de ralis.

Choviam cães e gatos, como há muito não via chover, um autêntico dilúvio, mas se não tinha sido vencido pela preguiça de Sábado de manhã, também não era a chuva, que alguns diziam a mais forte dos últimos cinquenta anos, que me ia tirar o gozo de voltar a ver os carros passarem no Confurco.

A caminho do Vizo o trânsito adensava-se, tal facto àquela hora da manhã, tornava evidente que havia muita gente que como eu não se importava de ver as corridas com água até aos ossos e assim que estacionei junto ao troço ainda mais convicto fiquei, de que uma prova de rali é do mais popular que pode existir no desporto em Portugal.

Impressionante a quantidade de pessoas que estavam ali ao frio e à chuva, enlameadas no meio do monte para verem passar pouco mais de trinta carros. Fez-me pensar porque razão é que tal acontecimento, que movimentou tantos milhares de pessoas num exercício de quase devoção religiosa não provocou uma simples nota de roda-pé nos telejornais desse dia. É esta ignorância dos “media” portugueses que está a matar todo o desporto que não se jogue com uma bola de futebol.

Não se trata de uma questão de falta de público porque esse está lá, indefectível à beira dos troços a comer lama e pó. O problema é que sem televisão não há patrocínios e sem estes não há orçamentos que aguentem os custos dos S2000, Grupo N ou qualquer que seja o troféu monomarca. Assim definha o desporto automóvel em Portugal, mesmo se movimenta por ano mais apoiantes que todos os clubes da primeira liga de futebol, excepção feita aos três grandes.

Se de fora as corridas de automóveis não se consegue grande ajuda, quem anda por dentro também não presta grande ajuda e duma organização que há muito organiza uma prova de forma perfeitamente insuficiente, surgiu este ano mais uma bizarria. Rali do Porto? Mas porque razão é que uma prova que se disputa totalmente na zona de Fafe, se há-de chamar rali do Porto? Há muitos mistérios no universo, alguns criados pela natureza, outros por organizadores de provas automobilísticas.

Falando mais da prova, o que se pode dizer é que foi fraquinha, muito fraquinha. As condições atmosféricas não ajudavam, mas a aviadela que o Bruno deu a toda a gente nos dois primeiros troços, tiraram qualquer emoção que a prova pudesse ter.

Bruno Magalhães/Mário Castro e o Peugeot estiverem imperiais e inalcansáveis, precisam-se adversários ou então de mandá-los lá para fora onde haja concorrência à altura.

Foi a primeira vez que vi os S2000 em provas de terra, mas fiquei com a mesma ideia de quando vi estes carros no asfalto, têm chassis e travões a mais para tão pouco motor.

Depois do Bruno foi quase tudo penoso de ver, à excepção do Peres que continua a um senhor nas largas classificativas de Fafe e o Pedro Leal que parece que passa em roda livre com o motor desligado, para deixar toda a gente de boca aberta quando olha para o cronómetro.
Seja lá como for valeu bem a pena a deslocação, a molha monumental, a lama e as varetas dos guarda-chuvas espetadas nos olhos quando me esticava para ver um carro passar.

Já agora, um bem haja para a D. Maria e para o Ti Abel que a cabidela estava divinal.

Até para a semana, que no Sábado há rali

Novas postagens só para a semana, no Sábado há rali em Fafe e tenho pela frente quase 3000 kms. Só espero que o rali seja renhido e que o "pica-no-chão" do Tio Abel esteja na mesa à hora de almoço.

Por falar em GTs...

Por falar em GTs aqui fica um video de um Nissan GT-R a "zupar" quase tudo o que é super-carro europeu. Para quem pensava que o novo desportivo da Nissan só andava no GT5 da Playstation, bem que se enganou.

Estoril Race Photos

Bela dica esta do Estoril Race Photos, com fotos de excelente qualidade dos carros, tanto em prova como nas boxes. Muito bom mesmo.

Tomei a liberdade de postar aqui uma das fotos da última prova do Le Mans Series, de um Lamborghini Murciélago. Ver um carro destes em prova é sempre um acontecimento, pois normalmente só são vistos a transportar estrelas do "hip-hop" nos "clips" da MTV ou então jogadores de futebol a caminho do treino.

Muito para além dos protótipos, o meu principal interesse neste tipo de corridas é mesmo ver os GTs com slicks e roll-bar a competirem entre si.

Mais uma vez, excelente site, Estoril Race Photos.

A minha vida dava um anúncio automóvel - Subaru Impreza WRX STI

Tirando a Ferrari não há mais ninguém a capitalizar tanto o investimento no desporto automóvel como a Subaru. Veja-se o último anúncio da marca japonesa.

Emil Triner

Já aqui escrevi antes acerca do Emil Triner e das loucas participações dos Skoda Felicia no Campeonato do Mundo de Ralis, há quase quinze anos atrás. Encontrei novamente o já veterano piloto, desta vez aos comandos de um Subaru, sempre espectacular.

Às vezes o Zandinga aparece por estes lados

No ano passado foi assim que invariavelmente o Stoner foi visto pelos outros pilotos. Este ano as coisas começam a complicar-se e o australiano vai mesmo passar por dificuldades na qualificação de amanhã, a menos que chova.

O Rossi não faz a pole-position mas é o candidato à vitória na corrida de Domingo. A roer-lhe os calcanhares vão andar o Pedrosa e o Lorenzo.

Quem também vai andar bem é o Toseland, que com a estreia do motor de válvulas pneumáticas fica nos cinco primeiros.

Depois vêm o Doviziozo, Hayden e o Capirossi. A partir daqui é paisagem, com as restantes três Ducatis a discutirem o último lugar.

PS: o Edwards faz uma qualificação entre os cinco primeiros e na corrida cai ou fica atrás de todas as outras Yamaha, lá para o décimo lugar.

Ó Pedrosa, põe-te em pé

Se não soubesse que o Pedrosa era anão, poderia muito bem pensar que estava de joelhos.

Foi como ver o Mário Crespo a apresentar o TV Shop

No fim-de-semana passado, de entre as várias provas de apoio do Grande Grémio de F1 do Bahrein, vi uma bela corrida da Porsche Supercup e vi uma anedota intitulada Speedcar Series.

Esta coisa da Speedcar Series conseguiu algo que muitos há muito tentavam mas nunca tinha sido conseguido, reunir um grande número de carismáticos pilotos veteranos numa competição de carros iguais, estilo troféu monomarca, proporcionando-nos a possibilidade de assistir ao confronto entre várias gerações que já tanto deram ao desporto. Foi possível ver na mesma pista pilotos como Johnny Herbert, Jean Alesi, Stefan Johansson, Heinz Harald Frentzen, Jacques Villeneuve, Uwe Alzen ou Klaus Ludwig, tudo pilotos que certamenente já não são rápidos como antes, mas que têm algo que nenhum jovem extremamente veloz tem: carisma, experiência e palmarés.

Até aqui tudo bem, parece tudo um paraíso, o melhor de dois mundos, pilotos consagrados em carros iguais, com transmissão em directo no fim-de-semana da F1, como que a servir de aperitivo à corrida principal. Pois é, no melhor pano cai a nódoa, a mesma mente brilhante que conseguiu reunir um plantel como nunca antes, decidiu colocar esses mesmos ilustres pilotos nos mais anedóticos e ridículos carros do desporto automóvel.

Na realidade nem sei se se pode chamar veículo de desporto a um carro originário da NASCAR, tão primitiva e arcaica é a sua construção. A caixa de quatro velocidades num circuito daqueles era uma dor de alma, a juntar a quase 1500 Kg apoiados numa suspensão tipo "Hummer-do-Robby-Gordon-no-Dakar" que não conseguia fazer uma única curva com as quatro rodas a tocar o asfalto simultaneamente, mais uma aparência estilo "corridas-com-carros-de-rolamentos-esquisitos-patrocinadas-pela-Red-Bull", tudo num conjunto capaz de transformar o bom do JJ Lehto numa personagem d'Os Marretas.

Corridas destas deviam pura e simplesmente ser proibidas, se querem colocar estes pilotos a correr com um pouco de dignidade então levem-nos para a Porsche Supercup.

Coisas sem nexo

Já na anterior prova do WTCC fiquei sem perceber quem teria sido o iluminado que escolheu o circuito de Curitiba para a jornada brasileira da competição. Depois da jornada mexicana continuo sem saber quem foi tal visionário, mas pelo menos já sei que deve ter sido a mesma pessoa que escolheu as duas localizações, pois não é provável que existam dois idiotas deste calibre.

Se Curitiba é dos circuitos mais desinteressantes que já vi, a pista de Puebla é desprovida de qualquer emoção ou virtuosismo, de uma pobreza constrangedora, só ao nível de uma pista de "dragsters". O circuito da Boavista ao pé de Puebla é como comparar a Disneylândia e a feira de Niza.

Como também já disse após a primeira prova, reafirmo que se fosse a BMW nunca tinha embarcado os carros para o continente americano. Os regulamentos estão de tal forma desajustados em favor da SEAT que até o Ralf Schumacher ganhava corridas com os carros amarelos.

Parabéns Tiago Monteiro

Não é todos os dias que se podem dar os parabéns a um piloto português por ganhar uma prova de nível mundial. Parabéns Tiago Monteiro.

O português ganhou a segunda corrida deste fim-de-semana do WTCC e ganhou bem, de forma quase imperial. É certo que o carro também tem que ser bom para se ganhar com aquele à vontade, mas sem falsas modéstias há que dizer que havia lá mais meia dúzia de carros como o dele que nem de perto nem de longe o incomodaram durante toda a corrida.

De besta a bestial

Que grande corrida para o Massa, não só porque ganhou mas também pelo golpe de luva branca que deu em todos os que nas últimas duas semanas o tentaram enterrar vivo. Ganhou com autoridade, não dando hipóteses a ninguém (principalmente ao Kimi) e sacudiu a pressão de cima, ressuscitando para o campeonato. Afinal o brasileiro tem mais fibra do que se poderia imaginar e quando a aderência não for um problema pode uma palavra a dizer na disputa dos primeiros lugares. Muito Bom.

Muito bem também o Kubica, que sendo feio que nem um mocho é rápido que nem uma bala. Está feito um pilotaço.

O Kimi andou adormecido durante todo o fim-de-semana e mesmo assim ainda deu para o segundo lugar. Já está na frente de um campeonato, que muito dificilmente lhe escapará.

A McLaren sofreu hoje a primeira vergonha de muitas que a BMW lhe vai pregar no resto da temporada. O Kovalainen fez o que o carro permitia e o Hamilton começa a cair na banalidade, demonstrando que não há milagres e que é humano como os outros, sendo que hoje errou mais do que os outros todos.

Outros ases do volante, Trulli, Webber e Rosberg a fazerem uma boa prova, à frente do Alonso que espremeu ao máximo tudo o que o Renault tinha para dar, só para conseguir um penoso décimo lugar. O espanhol merecia mais e quem perde somos nós.

Erros primários só na F1

As diferenças técnicas entre os ralis e a F1 são imensas, mas ainda mais gritante é o que separa as duas categorias em termos humanos. Se na F1 todos os gestos dos participantes são escalpelizados até ao mais ínfimo pormenor, na busca de uma hipotética falha, nos ralis tudo é mais ligeiro e mesmo quando um erro é mais evidente, logo é desculpado com a habitual "falta de sorte" ou com "só quem anda a fundo é que bate".

O melhor exemplo desta diferença de tratamento é o que recentemente aconteceu com o Felipe Massa, em que o erro do último GP ainda hoje, quase duas samanas depois, serve para traçar cenários de substituição imediata do brasileiro ou para o comparar com o pior que já apareceu no circo da F1.

Ao invés do desgraçado do Massa temos o Hirvonen, que quando seguia na frente do rali da Argentina com um minuto de avanço sobre o Loeb, tendo apenas que controlar o andamento, dá mais uma fruta com o Ford, levando ao abandono e limitando desde já as pretensões da marca à conquista do título de pilotos. Não se ouviu uma palavra acerca do erro do finlandês, nada a não ser que teve azar. De igual modo aconteceu com o outro piloto da Ford, Latvala, que capotou logo na segunda PEC e no final limitou-se a dizer que são coisas que acontecem, sem que viesse alguém da normalmente tão sensível imprensa automobilística, questionar estes erros primários da dupla de pilotos da Ford. Parece que uns são filhos e os outros são enteados.

Nos dois últimos anos foram muitas as provas em que não foi o Loeb que ganhou o rali, foi a Ford que o perdeu, manifestamente por erros ou falta de habilidade dos seus pilotos, mas isso qualquer adepto está disposto a perdoar em troca de uma valente atravessadela ou de um salto mais ousado.