Se eu fosse o Hirvonen também chorava de tristeza, mas se fosse o Malcolm Wilson então chorava de raiva e era bem possível que arracasse a cabeça à dentada aos dois pilotos da equipa, principalmente ao Latvala.
Como é que é possível perder um rali, que estava completamente controlado com primeiro e segundo lugar, na penúltima classificativa?
Não me venham falar de azar outra vez, porque essa palavra parece existir para toda a gente menos para o Loeb.
Não foi o Loeb que ganhou o rali, foi a Ford que o perdeu.
Há um tempo perguntaram-me sobre o trial 4x4 e durante estas férias lembrei-me bastante desta modalidade, enquanto tentava encontrar, a passo de caracol por entre caminhos tortuosos, algumas praias mais escondidas .
O trial 4x4 não é um desporto que me desperte muito interesse, talvez pelo facto das poucas incursões que tive com um 4x4 numa suposta trialeira, tenham sido bastante aborrecidas, pois não tenho grande paciência para andar ali ao "ralenti" e quando entrava numa velocidade que me parecia mais "aceitável", ou atascava, ou enfiava o jipe num buraco qualquer. Para além disso aquilo das redutoras e de andar a trancar e destrancar diferenciais sempre me fez um pouco de "espécie". Houve também quem me dissesse que podia ser falta de jeito.
Talvez fosse mais isso, jeito, porque quando deixava o volante aos "artistas" então aquelas máquinas, quase completamente derivadas de série, passavam por cima de qualquer coisa.
As máquinas foram uma das coisas que me despertaram interesse, porque partiam de veículos que até então tinham passado grande parte da vida na 2ª Circular, nos hipermercados a serem esmurradas pelos carrinhos de compras, ou estacionadas em cima do passeio, para de repente serem ressuscitadas por uma data de malucos que as começou a descascar, a montar uns "Santo-Antónios", uns guinchos, pneus de "Big-foot", suspensões com cursos de avião, rádios CB com antenas flexíveis de 3 metros de comprimento e sem que eu percebesse porquê, umas chapas de alumínio rebitadas a cobrir a carroçaria original, que ficou toda amarrotada logo na primeira "picada". Este último ponto foi o que eu gostei mais, o facto da lata já estar toda encarquilhada. Assim sempre que eu mandava uma fruta, nem eu me chateava e nem o dono notava.
Se atrás do volante a coisa não era fácil, ao lado nem sequer me atrevi, porque ali é que se sofre. Aquilo do navegador de ralis ser a peça fundamental e do Dakar não existir sem a navegação do tipo do banco direito é tudo uma mariquice quando comparado com os tipos to trial. Estes co-pilotos é que sofrem a sério, tudo o resto é frescura. É vê-los enterrados em lama até aos cabelos à procura do cabo do guincho que ficou debaixo do Patrol GR, ou então a correr que nem uns tolos atrás do Land Cruiser, só porque o piloto não podia parar para o apanhar, já para não falar das inúmeras vezes que os vê-mos a entrar por rio a dentro, molhados até aos ossos, para indicar o melhor lugar de passagem ao Defender.
O co-piloto de trial 4x4 é seguramente o mártir do desporto automóvel e é quase com toda a certeza o único caso, em todas as modalidades motorizadas, em que um participante faz mais kms fora do veículo do que dentro dele.
Tirando isto tudo é um desporto muito talhado para o espectador. É fácil de seguir, quer ao vivo, quer na TV - pergunto-me porque não terá mais expressão mediática - não importa muito quem é o condutor porque nós queremos é ver lata amolgada, capotanços com fartura, transmissões partidas, e o co-piloto à beira da morte por esgotamento, estilo prisioneiro político após três meses de trabalhos forçados num Gulag estalinista.
Basicamente é um espectáculo de sofrimento até que alguém, depois de estar debaixo de lama barrenta deixando apenas de fora a ponta do "snorkel", com redutoras e diferenciais ligados, acelera em primeira a fundo saindo triunfante do buraco, parando logo a seguir, antes de meter segunda, para ouvir o clamar do público e deixar entrar o pendura que vinha agarrado ao escape. O trial 4x4 é para mim mais ou menos como o boxe, é um espectáculo que gosto de ver mas detestava estar dentro do ringue entre as cordas, quer seja como piloto ou como "pendura".
A foto é dos pedais do Renault Twingo RS e são no mínimo originais. Podem mesmo desencadear uma nova linguagem no mundo automóvel das novas gerações, do género "carrega no pause" ou "play a fundo".
Consigo já imaginar como serão os pedais do Twingo a gasóleo, em vez do acelerador com o símbolo de "Play", terá o símbolo de "Slow Motion".
As corridas de GTs vão ganhar certamente um novo interesse, pois a Porsche e a Ferrari não vão querer começar a levar na cabeça de uma marca recém chegada ao mundo dos super-carros.
Pode ser que a BMW morda o isco e decida colocar o novo M3 GTR a correr na Europa.
O Massa surpreendeu novamente com a pole, pois parecia que este GP era para o Kimi. O brasileiro almoçou novamente o campeão do mundo que andou a dormir durante toda a qualificação, começa a ser demais.
Apesar de aventado por alguns sítios, não acredito que o Massa tenha menos gasolina que os outros. Era ingénuo apostar numa estratégia de andar com pouco combustível, numa prova que vai ter várias entradas do "safety car".
Incrível qualificação do Vettel, com o Toro Rosso, em sétimo lugar. É bom piloto mas não é nenhum super-homem, o carro satélite da Red Bull é que está muito bom em Valência, veja-se o décimo lugar do Bourdais.
O Alonso já começou a engulir em seco, depois de ter andado a semana toda a dizer que iria andar lá na frente, acabou em décimo segundo.
Amanhã, dá Massa outra vez, com Hamilton a seguir e o Raikkonen em terceiro, a ganhar nas boxes o lugar ao Kubica.
O TT é das modalidades que mais liberdades dá aos projectistas de máquinas de competição, daí que é sempre com interesse que vejo a a chegada de novos modelos, como é o caso do novo Mitsubishi Racing Lancer, que até se vai estrear na mítica prova de Portalegre, lá por meados de Novembro (correcção, erradamente tinha escrito Outubro).
Nicky Hayden aleijou-se durante o intervalo do campeonato, numa brincadeira com uma CRF450 nos X-Games e vai falhar a próxima prova de MotoGP em Brno.
A isto é que se chama uma idiotice, arriscar uma lesão a meio da época para fazer um agrado a uma multidão de miúdos de skate e patins em linha. Juízo teve o Pedrosa, que aproveitou a pausa de verão para desfrutar dos prazeres do mar e não só...
Quando falo do Hayden lembro-me logo do Solberg, talvez por ambos serem dos mais improváveis campeões do mundo da história do desporto motorizado.
Nunca escrevi aqui sobre aviões, até porque não sei se os aviões têm lugar num espaço que se propõe ao debate do desporto motorizado. Por outro lado, os aviões têm motor e queimam gasolina e esses são os pré-requisitos para qualquer coisa aparecer por aqui. Pode até haver discórdia sobre o facto de estar a escrever sobre algo que só utiliza as rodas na sua velocidade mais baixa, mas se tal tiver como nome “Concorde”, julgo que ninguém levará a mal.
Já há bastante tempo que ando para escrever acerca deste pássaro alado de criação humana, mais precisamente desde 2003, quando numa das mais cobardes decisões da história da civilização, se decidiu deixar em terra o mais belo e avançado avião de passageiros de todos os tempos. Digo que a decisão foi cobarde, porque não honrou a coragem, o vanguardismo, a ousadia e a genialidade, que estiveram sempre associados a esta máquina voadora, durante os seus quarenta anos de vida.
Há quem relate que quando questionado, um dos engenheiros da NASA responsável pelas missões Apollo, afirmou que colocar um avião como o Concorde no ar era mais complicado que colocar um homem na Lua.
Foi assim um passo gigante para a humanidade, que mostrou outrora que a Europa também era capaz de executar algumas das maravilhas modernas. Voou quase quarenta anos, mas ainda hoje o seu design parece só agora ter saído do estirador.
Nunca voei no Concorde, mas um dia poderei dizer que no meu tempo existiu algo que nos permitia ver, no mesmo dia, o pôr-do-sol em dois continentes diferentes. Algo que permitia a qualquer um voar a MACH 2 e ver a curvatura da Terra, com um copo de champanhe na mão. Uma máquina que voava tão alto e a uma velocidade tal que o peso dos seus passageiros variava durante a viagem. Eu sou desse tempo, os meus filhos, a não ser que sejam pilotos da Força Aérea, mesmo que queiram e possam pagar o bilhete nunca terão a possibilidade de experienciar algo semelhante.
Desistir assim de uma das maiores conquistas do homem, sem que exista algo que a substitua é andar para trás, é assumir que não somos capaz de fazer melhor que os que nos antecederam. É como se após a descoberta do fogo, tivéssemos apagado a fogueira só porque alguém se tinha queimado.
A lembrança do M3 em "drift" não me saiu da cabeça, pelo que não resisti ao alcatrão liso e quente de um parque de estacionamento do Lidl, para tornar uma simples ida às compras um momento de diversão com cheiro a borracha queimada. Não foi como neste filme mas já deu para matar o "bicho".
As novas tecnologias não param de me impressionar, hoje em dia encontra-se uma ligação estável e rápida nos sítios mais improváveis, por isso aqui fica um post de férias.
Bem lembradas, pelo Albano, as prestações do Marc Duez no M3 E30, que juntamente com o Snijers, tornaram o carro da marca alemã no meu sonho de miúdo.
Quando escrevi acerca do Lemes, não foi de forma alguma de modo depreciativo. Cada um está nos ralis como quer, seja para lutar pelos primeiros lugares, para dar espectáculo ou apenas para participar. Quantos mais participarem melhor, se para além dos primeiros, aparecerem também uns quantos a brindar o público, como é o caso do espanhol, então muito melhor.
Fica o video para mostrar que na Madeira também houve muito "drifting" daqueles que queriam andar para a frente o mais depressa possível.
Já agora, fica aqui um até breve, que nas próximas duas semanas há férias por estes lados.
Jean-Michel Bayle foi um dos maiores pilotos de Motocross e Supercross de sempre, no entanto, teve sempre como sonho as corridas de circuito, tendo abandonado as corridas em terra, onde dominava de forma avassaladora, para correr sobre o asfalto das pistas do mundial de velocidade, onde foi sempre um piloto pouco mais que suficiente. O francês nunca conseguiu abandonar o estilo de condução das motos de cross, onde se anda muito tempo de lado e quando isso acontece, então anda-se pouco para a frente.
Julgo que o que se passou com o Bayle está também a acontecer ao espanhol Lemes, que parece que é um bom piloto nos ralis de terra, mas que na Madeira passou mais tempo a andar para o lado do que para a frente.
Os finlandeses inventaram o "Scandinaviam flick" que os espanhóis chamam "truco nórdico", certamente a manobra favorita do Lemes.
Terminar com o motor partido, a três voltas do final, quando era líder é um daqueles azares que devasta qualquer um, mas mesmo não ganhando o Massa não tem que ficar assim tão triste, pois a figura do GP da Húngria foi definitivamente ele. Contra tudo o que aqui já escrevi, com esta ultrapassagem o brasileiro mostrou uma audacidade hoje em dia bastante rara entre o amorfo pelotão da F1. Se ganhar o título com exibições destas, então o caneco não fica nada mal entregue.