Friday, October 31, 2008

Momentos de antologia - Corser vs Fogarty


Este é o último grande fim-de-semana motorizado, com a decisão da F1 Brasil, o TT em Portalegre, ralis no Japão e SBK em Portimão. É no entanto este último evento que merece o destaque, pois é um grande campeonato na estreia de um autódromo em território nacional e isso não acontece todos os dias.

Hoje em dia o rei das SBK é o Bayliss, mas o maior piloto que até hoje correu nesta categoria, dá pelo nome de Carl Fogarty.

No video vêmo-lo a conquistar mais uma das suas infinitas vitórias, a bordo da moto de corrida mais bonita de sempre, num dos mais espectaculares circuitos do mundo, frente ao Troy Corser, que se não tem desperdiçado tantos anos a fumar erva, podia ter ganho o título mundial por mais que uma vez.

Thursday, October 30, 2008

Momentos de antologia - Honda RC30


O video é uma pérola do mundo motorizado, o retrato romântico de uma verdadeira Superbike. No caso da RC30, foi também a primeira a poder ostentar com propriedade a designação.

Para além de tudo, goste-se ou não de motos, aprecie-se ou não a construção mecânica, vale a pena quanto mais não seja pela pianada que constitui a banda sonora.

SBK - vinte anos de sucesso


Julgo que é difícil imaginar uma melhor inauguração para o novo autódromo de Portimão, do que uma prova do Mundial de Superbikes.

Desde que vi, em 88, uma Bimota a discutir os primeiros lugares com a toda-poderosa Honda RC30, fiquei um acérrimo adepto deste campeonato de motos quase, quase iguais às que saíam dos stands.

Nos últimos 20 anos temos vindo a ver os principais campeonatos do desporto motorizado a decrescerem em termos de espectáculo e competitividade, enquanto que o "parente pobre" do motociclismo mundial ganhou espectadores, participantes e forneceu corridas de antologia, numa forma absolutamente meteórica. A única razão para não ser já o principal campeonato de motos a nível mundial, é o facto do Rossi ainda correr nas MotoGP.

Para além do equilíbrio regulamentar que permite corridas sempre renhidas, um dos principais factores para o sucesso das SBK, é o número de equipas privadas presentes. Estas equipas não aparecem aos magotes puramente por se tratar de um campeonato acessível do ponto de vista financeiro, é também acessível do ponto de vista técnico. As motos ao derivarem de série, têm uma preparação bastante limitada, que não dá aso a grandes manóbras técnicas, principalmente de electrónica, o que evita que através de grandes orçamentos se encontrem soluções que diferenciem os ricos dos lentos.

Um exemplo de como isto sucede da pior forma encontra-se no WRC, onde por mais privados que andem com Fords ou Citroens, ganham sempre as equipas oficiais. Ainda que o carro oficial tenha sempre uma especificação acima do carro privado, as diferenças reflectidas no cronómetro são sempre muito maiores do que isso poderia supor, essencialmente devido ao facto de que não conseguem explorar na totalidade as capacidades da viatura. Não que sejam mais burros que os outros, mas porque não têm possibilidade de fazer testes infinitos para afinarem diferenciais electrónicos dignos da NASA, por forma a que estes "casem" com a miríade de misturas de borracha que se ensaiaram durante milhares de milhões de kms. Nas SBK se uma tecnologia não pode ser dominada por todos ou se tal só pode acontecer à custa de um maior orçamento, então essa tecnologia é abandonada.

Para além de priveligiar o equilíbrio entre motos e equipas, a regulamentação técnica também tem grande influência no espectáculo proporcionado pela condução. Por exemplo, na questão dos travões, os discos de carbono estão completamente banidos, sendo usados materiais idênticos aos que vêmos todos os dias e as evoluções quando aparecem nos autódromos são imediatamente reflectidas nas motos de série. Porque razão é que os F1 e as MotoGP continuam a usar travões de carbono, que nunca terão qualquer aplicação prática e para além disso ainda reduzem significativamente o espectáculo, pois transformam as travagens num acto curriqueiro ao alcance de todos os pilotos, sejam eles bons, maus ou sofríveis.

Mesmo estando o título já definido, mais um a favor do Bayliss na sua eterna Ducati, certamente que no Algarve haverá duas grandes corridas, com toda a gente de faca nos dentes a disputar cada curva como se fosse a última.


Tuesday, October 28, 2008

Uma salva de palmas para o Adruzilo


Depois de uns dias valentes "afastado" do mundo, estava ávido por saber dos resultados do fim-de-semana. Vi quem ganhou as MotoGP, o WTCC ou o DTM, mas o realce vai todo para o Adruzilo Lopes e a conquista do título nacional de grupo N.

Com o carro dos "Flinstones", preparado de uma forma séria e honesta, por uma equipa que parece muito profissional, o piloto de Vizela lutou contra adversários muito melhor apetrechados, levando a melhor não só pela velocidade, mas também por uma regularidade que a idade lhe trouxe.

Mostrou também que a idade não é um factor determinante e que pilotos como ele, o Fernando Peres, o Pedro Leal, o Rui Madeira, o Miguel Campos ou o Pedro Dias da Silva, ainda têm muito para dar aos Ralis Nacionais e pena é que só alguns estejam no activo.

Adruzilo, parabéns e obrigado.

Tuesday, October 21, 2008

Massa "bigorna", Kimi "normal"


No tempo do Schumacher muito se falou acerca da eventual diferença de tratamento entre os dois pilotos da Ferrari, com natural favorecimento do alemão. Tais comentários nunca passaram de especulação, mas no GP da China ficou provado que, de facto, a scuderia fornece material diferente aos seus pilotos.

Como podemos ver nas fotos, havia duas configurações aerodinâmicas, o Massa correu com o carro versão "bigorna", enquanto que o Kimi correu com a versão "corcunda normal". E daí? Será que houve algum favorecimento? Não acredito agora, como não acreditei no passado.

Muito provavelmente a moda "bigorna" que agora é tão popular, não passa de mais uma "mariquice" dos engenheiros dos túneis de vento, sem evidentes efeitos práticos. Pelo menos na China terá sido assim, pois o carro do Massa não pareceu em nada mais rápido que o do Kimi.

A minha vida dava um anúncio automóvel - RUF Turbo


O anúncio anterior, do sapo TSI, foi feito para um público generalista, desde o quarentão na crise de meia idade, passando pelo recém-encartado, até à dona de casa que precisa de trocar o utilitário e que o tempo que tem para escolher uma nova viatura, é enquanto distrai o bebé em frente a televisão para lhe conseguir enfiar a papa pela boca abaixo.

Este anúncio, do Ruf turbo, é uma reedição do famoso filme do Yellow Bird dos anos oitenta. Foi feito pela RUF para apresentar a sua última criação aos clientes, que por norma são condutores com aspirações mais hardcore.

Não sei quem é o piloto, mas abençoado seja por estes oito minutos de condução pura e estonteante, no mais louco circuito do mundo.

A minha vida dava um anúncio automóvel - VW TSI


Mais uma genialidade da VW. Simplesmente magnífico.

Monday, October 20, 2008

A carroça americana


Fizeram história as carroças de outrora, com cobertas brancas, puxadas por dois burros, transportavam os pioneiros, ficando como um dos símbolos da colonização da América do Norte.

Hoje em dia ainda se fazem carroças, no caso da foto a diferença é que os burros agora vão atrás do volante.

Assistindo ao saque


Estava a ler a crónica do MST no Expresso e a cada linha que lia mais incrédulo ficava, com uma situação de vandalismo puro do bem público, como é a entrega de uma parte da frente ribeirinha de Lisboa a um cais de contentores. Manóbras perfeitamente obscuras (para não dizer nada pior) entre governantes e interesses privados, com o objectivo absurdo de colocar o transporte de contentores no centro de uma cidade já de si caótica como Lisboa, leva-me a concluir que alguém ali está a lucrar e muito, sendo que não é certamente o cidadão, pois esse até vai ter que pagar 200 milhões de euros para que a Mota-Engil e o seu presidente Jorge Coelho tenham algum sucesso com a operação. A história é toda tão manhosa e surreal, mas tão bem aceite pelo poder local, que só me leva a concluir que se tamanha anormalidade se passa em Lisboa, a capital do país para onde todos os holofotes estão apontados, então o resto do país estará completamente a saque.

Mas o que é que isto tudo tem a ver com motores ou gasolina queimada?

A forma como assistimos calados a estes “pilha-galinhas” da margem do Tejo é em tudo semelhante ao que se passa na realidade do automobilista nacional.

O petróleo está abaixo dos oitenta dólares há mais de uma semana, mas as gasolineiras, aproveitando a atenção dada pela televisão aos jogos da selecção e à crise internacional, vão passando mais uns tempos a extorquir uns euros a mais a quem não tem alternativa senão abastecer sempre nos mesmos.

Enquanto isso governo apresenta um orçamento que continua a aumentar os impostos sobre quem tem carro e atira para as câmaras umas medidas para favorecer quem compre um carro eléctrico, que ainda não existe no mercado, logo não favorecendo ninguém.

No resto está tudo na mesma, compramos carros e pagamos imposto sobre imposto (IVA sobre IA), entramos nas auto-estradas sem informação de que estão em obras, levamos com os condicionamentos, reduzimos a velocidade, mas continuamos a pagar o preço por inteiro – dizem que esta situação está regulamentada por lei, mas para reclamar o reembolso da portagem o processo é tão complexo que devem para estar a abrir um curso de direito para formar advogados para este desiderato. Nas estradas nacionais temos a recém-criada empresa Estradas de Portugal, que o que fez no primeiro ano foi apresentar prejuízos, porque melhorias na rede viária alternativa às auto-estradas, nem vê-las. Para ajudar à festa temos os artistas da BT, que foram pioneiros a nível mundial ao adaptar as técnicas avançadas de guerrilha e operações especiais, ao serviço da caça à multa.

A tudo isto assistimos igualmente em silêncio, resignados, porque somos assim e deixamo-nos ir com o resto da carneirada ou então porque somos uns líricos e ainda acreditamos que instituições como a democracia funcionam por si só.

Sunday, October 19, 2008

A aldeia do 46


No dia em que ganhou mais uma corrida, Valentino Rossi foi homenageado pela sua aldeia natal, de uma forma no mínimo original.

A pequena aldeia italiana de Tavullia, com pouco mais de sete mil habitantes, decidiu homenagear o maior piloto de MotoGP de todos os tempos, baixando o limite de velocidade de 50 para 46 Km/h, em alusão ao número de sempre do italiano.

Pena é que ele corra com o 46, certamente se corresse com o 150 ou com o 200, as coisas lá na aldeia ganhavam outra piada, pelo menos andavam mais depressa.

Barba, cabelo e unhas.


O GP da China deixou a Ferrari de olhos em bico, muito por causa do domínio avassalador do Hamilton, que hoje levou o primeiro lugar e a melhor volta, para juntar à pole de ontem.

Não só os carros vermelhos estiveram fraquinhos, como o inglês da Mclaren esteve imperial, irreconhecível para melhor, em comparação com a vaca-louca do Japão. Mesmo com tantos erros ao longo da temporada, a verdade é que no global tem sido o melhor piloto do pelotão. Se for para ele, o caneco fica bem entregue.

Com sete pontos de vantagem, só mesmo um milagre é que tirava o título ao inglês na última corrida do ano, mas como o outro candidato é paulista e a corrida é na terra do samba, tudo é possível, afinal de contas há muita gente que afirma que Deus é brasileiro.

Thursday, October 16, 2008

Adruzilo 100Volta


Desde sempre que se comenta, em tom jocoso, a suposta inabilidade do Adruzilo Lopes em lidar com os media. Sempre achei um exagero, pois por mais atrapalhadas que fossem as suas declarações em frente a uma câmara, estavam sempre anos-luz à frente do que normalmente é proferido pelos artistas da bola, como ainda ontem vimos aos jogadores da selecção, depois de andarem a brincar com a bola durante hora e meia, frente à equipa de um país em que a "Kalashnikov" é tão popular como o telemóvel.

Voltando aos carros e ao Adruzilo, podemos ver que o anúncio do 306 Maxi foi só um aperitivo para uma veia cinematográfica que se viria a revelar agora.

Ontem recebi um e-mail a chamar a atenção para a participação do antigo campeão nacional numa longa metragem e nem por coincidência li no blog do Quim, o descritivo da narrativa.

Independentemente de se tratar de uma daquelas produções de tempo de crise (no cinema Português a crise é eterna), provavelmente do género "Tino Navarro Produções", tem tudo para chamar gente ao cinema. Tem Ferraris e outras máquinas, tem "drifts", gajas nuas e um artista a fazer malabarismos num Alfa 33, sob o nome de código de Zé Galinha. Ah, para além disto tudo ainda tem o Adruzilo no papel de vilão, mas com muito estilo num diálogo que irá ficar para a história:

"Zé estás baum? ... estou aqui no teu barraco e não está aqui ninguém..."

http://www.100volta.com/

A minha vida dava um anúncio automóvel - Peugeot 306 Maxi


Houve tempos em que no mercado automóvel nacional e por consequência no automobilismo, se vivia uma situação de notória evolução e crescimento. Exemplo dessa pujança do sector é este anúncio da Peugeot Portugal.

Há quantos anos não se vê um spot na TV que tenha alguma equipa nacional como protagonista?

Como resolver incidentes de prova


Houve tempos em que os incidentes de corrida se resolviam assim. Esteja correcta ou não a atitude do Piquet, a verdade é que os únicos protagonistas foram os pilotos e não a FIA. Foi para ver os verdadeiros artistas que o público foi ao autódromo e são eles que hoje figuram nos videos do Youtube e/ou na nossa memória. Duvido que daqui a uns anos alguém se lembre ou queira lembrar dos comissários que inventaram sanções na última corrida no Japão.

Wednesday, October 15, 2008

Aprilia, exemplo de coragem


Notícias destas são sempre bem vindas. A Aprilia decidiu arregaçar as mangas e bater-se de igual para igual com a omnipotente KTM, na próxima edição do Dakar - continuo a achar estranho chamar Dakar a uma prova disputada na América do Sul.

Durante anos reinou a monotonia nas provas TT, onde a KTM era a única força existente, muito devido à falta de coragem dos japoneses em baterem-se com uma marca pouco mais que artesanal. Assim durante anos a marca austríaca quase que se viu obrigada a fazer motos para que a modalidade continuasse a existir, sem que disso tirasse especial proveito - pior do que não estar na competição, é estar e não competir com ninguém.

Agora o pequeno e irreverente construtor transalpino, que ainda há meia dúzia de anos estava na falência, decidiu enveredar numa competição onde nunca antes tinha estado. Para início, não vão nada mal e na primeira prova em que participaram, o Rali dos Faraós, ganharam a classe 450.

Este tipo de ousadia não é inédita na marca de Noale, já antes tinham feito frente aos japoneses nas classes de 250cc e 125cc do mundial de velocidade, sendo que este ano estreiam-se também no mundial de SBK, logo com o super-favorito Max Biaggi aos comandos da belíssima RSV4.

Conselho de arbitragem



Bem lembrado pelo “Ponto morto”, de facto o colégio de comissários da FIA parece que andou a estagiar no Conselho de Arbitragem do nosso campeonato de futebol. Por qualquer coisa apita-se ou sanciona-se.

Independentemente de ser o Hamilton ou o Raikkonen, a penalização por causa do incidente da partida é completamente despropositada e está em linha com esta nova política da FIA de querer também ser protagonista nas corridas. Digo que a política é nova porque se algo do género estivesse em vigor há uns anos atrás, então o Schumacher nem sequer tinha conseguido entrar na F1, quanto mais ganhar campeonatos mundiais.

No incidente entre o Hamilton e o Massa, é evidente que o brasileiro se atira ostensivamente, à “má-fila” para cima do inglês. No resto, não passaram de situações normais de corrida, que na maioria das vezes são salutares para o desporto.

Já agora, porque fica sempre bem o toque de “teoria da conspiração”, dá imenso jeito que o campeonato se decida só na última corrida, pelo que é natural que se especule sobre a acção da FIA para que tal aconteça, seja a favor ou contra a Mclaren e Ferrari.

Tuesday, October 14, 2008

Momentos de antologia - Alonso, Spa 2008


Já aqui apupei o Alonso bastas vezes este ano, nomeadamente após o GP do Mónaco e GP de Valência. Não são, no entanto, essas más exibições que me coíbem de enaltecer as boas prestações do asturiano. Para além das vitórias em Singapura e no Japão, a última volta do GP da Bélgica mostra que um bom piloto não vale só pelo "kit de unhas" que encerra em si, vale muito pela massa encefálica e pela forma como esta é utilizada para conseguir o melhor resultado, mesmo que este não seja sempre a vitória.

Quando começou a chover, percebeu que indo às boxes "calçar" pneus adequados, mesmo estando na última volta, conseguia ainda ganhar algumas posições. Fez quatro ultrapassagens e as últimas duas, na paragem do autocarro, dá uma daquelas situações que só aconteciam quando jogava F1 do computador. Verdadeiro momento de antologia.

Se jogar sai-lhe o euromilhões


Quando digo que o Hamilton por vezes,quando sob pressão, se comporta como uma vaca louca, faço-o com imagens como estas na lembrança.

A sequência é absolutamente estapafúrdia, começando com um mau arranque, depois queima a travagem, falha completamente a curva empurrando o Kimi com ele para fora de pista, reentra em pista completamente a fundo, obrigando toda a gente a desviar-se (outra vez) e quando já se pensava que a partir daqui seguiria com normalidade, na curva logo a seguir (a segunda da corrida) falha novamente o ponto de travagem, voltando a seguir em frente, para logo a seguir reentrar em pista, novamente a fundo (e os outros que se desviem se quiserem).

Se os campeões necessitam da estrelinha da sorte, o Hamilton já a tem e é certamente uma estrela enorme. Só ele é que consegue causar o caos na travagem para a primeira curva, sair duas vezes de pista e entrar outras duas de forma alucinada, sem que nada se danifique no carro, ou que alguém lhe toque. Foi como lançar um elefante tresloucado pelo meio da loja de vidro da Marinha Grande, sem que um único caco caísse ao chão ou que o animal sofresse um simples arranhão.

Monday, October 13, 2008

O discurso mantém-se


Não tenho problema nenhum em emendar a mão quando vejo que tal se justifica. Já o fiz aqui várias vezes este ano, muito por causa das excelentes exibições do Alonso, das fraquíssimas do Kimi e o inevitável candidato ao título, Felipe Massa, que no início do ano eu dava como acabado devido à abolição do controlo de tracção.

O que não faz sentido é dizer que eu estou a mudar o discurso após o último GP. Não que não haja aqui suficiente arcaboiço moral para o fazer, a questão é que pura e simplesmente não estou.


Como escrevi aqui há mais de um mês atrás, a patetice dos dois candidatos ao título há muito que não é segredo e a falta de consistência do Hamilton nos momentos de pressão era algo que já então se adivinhava.

A única coisa que é diferente hoje do que o que escrevi então, é o facto do inglês ir à frente da classificação - tal não aconteceu pelo facto do piloto da Mclaren ter sido o melhor de lá para cá, o brasileiro é que teve menos sorte.

Sunday, October 12, 2008

Entre o Hamilton e o Massa, venha o diabo e escolha


Há dias em que deve valer a pena ser espanhol e hoje deve ser um deles. Não só o Alonso ganha o segundo GP consecutivo com um carro que mal dá para os cinco primeiros, como o inimigo de estimação, Lewis Hamilton, fez uma daquelas figurinhas dignas dos malucos do riso.

Por mais que custe há que dizê-lo, o Alonso está feito um pilotaço. Se no ano passado tinha deixado dúvidas em relação às suas qualidades de campeão do mundo, este ano com aquela chaleira amarela, tem feito autênticos milagres da condução.

Em contraponto, os candidatos ao título têm feito autênticas demonstrações de imbecilidade e acefalia. Já nem falo do Kimi, que anda com o cérebro desligado desde a Páscoa, mas olhando para o Hamilton e para o Massa, só me vem à cabeça que até ao Damon Hill o título mundial ficou melhor entregue.

Mesmo conseguindo hoje marcar dois pontos, com apenas dois GPs ainda por disputar é pouco provável que o Massa consiga recuperar a diferença para o Hamilton e este deve mesmo levar o caneco no final do ano. Com exibições como a que vimos na primeira curva do GP de hoje, entregar o mais alto título do desporto automóvel ao jovem inglês ou ao Cláudio Ramos é praticamente a mesma coisa.

Se não fosse o Loeb


Depois da Catalunha e da Córsega não se pode dizer que o Mundial não seja renhido. Se exceptuarmos o Loeb, os três primeiros acabam no mesmo minuto, sendo que se verificam várias trocas de posição ao longo da prova, numa pelotão com mais de 15 WRCs.

O problema está mesmo no Loeb que anda muito, mas muito mais do que os outros todos. Se o francês não corresse, o rali espanhol tinha sido disputado metro a metro entre o Sordo, o Hirvonen e o Duval e agora em França, tinhamos os três pilotos da Ford no pódio.

Por mais que se goste do fabuloso campeão francês, o que é facto é que o seu domínio é também um dos factores que está a arrasar o mundial de ralis. Estes monopólios, por mais meritórios que sejam, arrefecem o entusiasmo por qualquer disciplina, veja-se a F1 dos anos em que o Schumi corria sem concorência, as MotoGP nos tempos do Doohan, ou mesmo o nacional de ralis dos últimos dois anos com o Bruno e com a Peugeot.

Wednesday, October 08, 2008

Marketing


Ao contrário do que dizem aqueles que ainda acreditam que a política de mercado funciona, grande parte das coisas que consumimos hoje em dia não passaram a existir por necessidade ou desejo do consumidor. Muito do que consumimos hoje, provém de uma falsa necessidade que nos foi enxertada subconscientemente pelos magos do marketing.

Bons exemplos disso temos por toda a parte, desde a Super Bock com sabor a pêssego até à Fanta, passando pela sangria em pacote Tetra Pack. São tudo coisas que as marcas decidiram que se iam vender e depois trataram, pelas mais variadas maneiras, de nos fazer acreditar que era algo que sempre procurámos e que daí em diante nada mais seria o mesmo.

Nos carros passa-se exactamente a mesma coisa e a última ambiguidade saída para a rua é o BMW X6, que surgiu depois de alguns tipos ressacados da noite anterior na festa da cerveja em Munique, onde não conseguiram sacar miúdas nenhumas, terem passado o dia a matar a dor de cabeça trancados numa sala da empresa, a beber chá e comer pretzels com manteiga, supostamente num “brainstorming” cuja conclusão foi que o motorista do século XXI precisava de um “Sports Activity Coupé”.

No outro dia dei-me ao trabalho de olhar para o produto de tão tenebrosa conjugação de ideias de génios da Baviera. O que vi foi a mistura de um SUV com um coupé, mas em que só o pior de cada um foi considerado para a nova criação. Pegaram na fraca habitabilidade e espaço para os ocupantes traseiros de um coupe e juntaram-na às inabilidades dinâmicas de um SUV. Mais ou menos como colocar o cérebro da Elsa Raposo no corpo do Mário Soares.

Gostava de ver o resultado inverso, i.e., aliar a dinâmica e excelência da condução, à versatilidade, habitabilidade e conforto a bordo.

Ah perdão, acho que isso já existe, chama-se M5 Touring.

A minha vida dava un anúncio automóvel - Audi multitronic


Sempre que vejo a imagem de um carro europeu numa estrada norte-americana, não deixo de pensar que algo ali não bate certo. É claro que a primeira coisa que se verifica é que algo está fora de escala, neste caso o carro, parece pequeno, naqueles tapetes de alcatrão construídos para receber os enormes Buicks e Chevrolets do pós-guerra. Depois surge de imediato a singularidade da situação, pela forma como tudo aquilo que tomamos por adquirido aqui no velho continente, começando pela qualidade dos materiais e da condução, acabando na própria "inteligência" da viatura, ridicularizarem o típico motorista americano, com as suas "pick-ups" de aspecto mastodôntico ou cadillacs que parecem assentes num colchão de água, tais as oscilações de carroçaria verificadas, sempre que se vira o volante.

Monday, October 06, 2008

O verdadeiro artista


Ainda não tinha abordado a oitava vitória, no campeonato do mundo de pilotos, do Valentino Rossi. Não foi por esquecimento, foi mais por falta de incerteza nesta vitória, há muito anunciada.

O piloto italiano é o melhor piloto do pelotão e como a Ducati do Stoner não colaborou, era mais que certa a vitória transalpina.

Rossi é hoje cobiçado, não só por tudo o que equipa de motos, como também por quase todas as outras categorias do desporto motorizado, desde o WRC, passando pelo A1GP, até à Fórmula 1.


É cobiçado por tudo e por todos, porque é simplesmente o melhor, dentro das pistas e fora delas, facto que lhe granjeou uma legião de fãs que não tem paralelo em nenhum outro piloto da actualidade, das duas ou das quatro rodas. Estamos em presença do paradigma do piloto do século XXI.

Sunday, October 05, 2008

A minha vida dava um anúncio automóvel - Audi Allroad


Este é o típico anúncio estilo VW, só que protagonizado por um Audi.

A minha vida dava um anúncio automóvel - Audi Evolution


Se a VW faz anúncios perfeitamente geniais, a Audi é de todas as outras marcas alemãs a que aposta mais neste tipo de publicidade.

Saturday, October 04, 2008

Fait-divers



A Porsche acusou a Nissan de ter "viciado" o tempo feito no Nurburgring com o GT-R, através da utilização de pneus "semi-slicks". Afirmaram também que compraram um dos carros japoneses e nunca conseguiram chegar sequer perto do tempo anunciado pela Nissan.

A marca Japonesa retorquiu que o tempo feito na pista alemã foi feito com carro igual aos que saem dos stands e que se regozijava com o facto da Porsche ter comprado um carro deles.

Estes "fait-divers" não passam disso, de polémica sem importância pois os tempos conseguidos pelas marcas têm o valor que têm. Não sei se o tempo do GT-R é "verdadeiro" ou não, mas eu só acredito em registos feitos por entidades neutras como é o caso do ensaio que a revista EVO publica este mês, com o Enzo, o MC12, o Zonda, CCX e o Carrera GT, todos à volta do inferno verde.

Não é líquido que tenhamos que ser mais feios


Para mim, não é líquido que os clássicos do antigamente tenham necessáriamente que ser mais belos que as viaturas contemporâneas. É claro que as décadas de 60 e 70 foram douradas, em termos de design automóvel, mas isso não quer dizer que não se tenham feito também verdadeiras aberrações, assim como hoje em dia se fazem autênticas maravilhas. Como exemplo dou o Aston Martin V8 de 1970 e o V8 Vantage de hoje em dia.

Momentos de Antologia - Gilles Panizzi, Catalunha 2002


Hoje o Loeb corre praticamente sozinho, na Catalunha e em qualquer outro rali do mundial, mas houveram tempos em que os ralis de asfalto eram disputados por dois magos da condução nesta superfície, Bugalski e Panizzi.

O momento que vêmos no video só é possível a alguém que se está nas "tintas" para o "desportivamente correcto" e que no fundo só está mesmo ali para se diverir com os milhares que estavam à beira da estrada para o ver passar.

Thursday, October 02, 2008

Valorização automóvel


Talvez em resposta ao comentário do Albano, enviaram-me um anúncio do "Stand Virtual" sobre um Ferarri FXX à venda em Felgueiras. Até aqui nada de especial, se houver um FXX em Portugal é mais que provável que seja em Felgueiras.

O que é interessante no anúncio é o preço de 2,5 milhões de euros que estão a pedir por uma viatura que há dois anos, à saída da fábrica custava 1,5 milhões de euros. O eventual vendedor está à espera de uma valorização no mínimo extraordinária.

Há muita gente que já há um tempo que diz que quem queira colocar uns cobres de lado, que o faça em ouro, obras de arte ou ... automóveis. Julgo que não se referem a Clios, Focus, Passats e afins, referem-se antes aquelas raridades que fazem sonhar os cada vez mais abundantes multimilionários que não sabem o que fazer ao dinheiro.

Carrera GT Motorfestival


Perguntaram no outro dia de quem seria o Carrera GT que esteve no Caramulo Motorfestival. Parece que é do António Coimbra, mas só para ouvir aquele barulho não me importava que fosse meu.

Wednesday, October 01, 2008

As 49 mais belas máquinas de quatro rodas - Ferrari 250 GT SWB California Spyder


No outro dia ao observar o volante de um Ferrari 430 veio-me à cabeça um brinquedo da Chicco com uma forma alusiva a um volante automóvel, que o filho de um amigo meu tem. Tal como o “guiador” do carro vermelho, o brinquedo para crianças com idades compreendidas entre 1 e 3 anos, também tem luzinhas, e manetezinhas e botõezinhos. Eventualmente fico a pensar se alguns dos donos dos Ferraris modernos não ficarão maravilhados com o volante da sua máquina, justamente por terem alguma coisa por resolver na sua meninice.

Independentemente de quem se senta ao volante e dos recalcamentos que levará para o interior da viatura, a verdade é que os Ferraris de hoje em dia não são bonitos, excepção feita ao 599. Hoje em dia veneramos estas máquinas pelas maravilhas técnicas que são em si, em conjunto com o facto de transportarem o mesmo símbolo que as máquinas que na última década mais corridas de F1 ganharam. O nome Ferrari é hoje muito mais sinónimo de excelência e velocidade automóvel do que de beleza.

Sei que muita gente vai discordar deste meu ponto de vista, principalmente os mais novos, mas mesmo esses podem colocar lado a lado o novo Ferrari California com o 250 GT SWB California Spyder de 61 e verificar que é como comparar a Jenna Jameson com a Brigitte Bardot dos anos 60.

É claro que o California de 2008 é mais rápido, mais fiável, mais seguro, mais económico e há mesmo quem diga que concorre com o VW Golf em praticalidade e facilidade de utilização. Também nunca conduzi o California de 61, dizem que o motor tem sérios problemas com a bebida, que quando se pressiona o pedal do meio, os travões dão a sensação de serem feitos de lombo de porco e a suspensão é famosa por ser constituída por tijolos de alvenaria.

Seja isto tudo verdade ou apenas exagero de alguns invejosos, o que posso afirmar é que o California Spyder de 61 é um dos carros mais estonteantes que já vi e certamente uma das 49 mais belas máquinas de quatro rodas.