Thursday, April 30, 2009

Mercedes Classe C


Esta semana andei num Classe C, alugado, claro.
Engano-me sempre que tenho um Mercedes para conduzir, dirigindo-me normalmente para a porta do passageiro, ao invés de ir para a do condutor. Deve ser por causa daquela sensação de estar a entrar para um Táxi.

Não é, no entanto, isso que vem ao caso nesta postagem. O que há a ressalvar desta experiência ao volante do fogareiro alemão, é que começando a chover, dei por mim a ter que parar na berma para encontrar o comando do limpa-vidros. É que este carro não tem os habituais manípulos na coluna de direcção, encontrando-se o interruptor do limpa-vidros escondido no lado esquerdo, por detrás do volante. Neste carro é mais fácil desligar o ESP (botão bem à vista no meio da consola) do que comandar o limpa-vidros. Sintomático da ergonomia da marca.

Sunday, April 26, 2009

A F1 interessante


Para além do óbvio, de que a F1 está mais interessante porque há caras novas a ganhar ou a disputar corridas, este ano a categoria também viu o interesse subir porque os carros, apesar de feios, permitem manobras espectaculares, como não se viam há muito. Ultrapassagens como a do Alonso ao Trulli, ou do Barrichelo ao Piquet, representam autênticos momentos de antologia, impossíveis de realizar antes da mudança de regulamentos.
Para além das ultrapassagens, não me lembrava de ver um carro escorregar de traseira de forma propositada, praticamente desde os anos setenta. Quem veja, por exemplo, o Vettel ou o Webber a conduzir, presencia a um festival de "slides" de traseira, que na maioria das vezes são intencionais, por forma a colocar a frente na trajectória ideal. Um regalo para a vista.

Para além do facto de ter sido uma corrida com momentos espectaculares, em termos de condução, foi também emocionante pela incerteza que causou até ao segundo reabastecimento-

A vitória do Button foi provavelmente a mais difícil deste ano, mas plena de mérito, pois mais uma vez não cometeu erros, aplicou uma estratégia perfeita e tirou a melhor dos adversários quando foi necessário - o Hamilton ainda deve estar com aquela ultrapassagem atravessada na garganta.

A Toyota mostrou mais uma vez que apesar de ter carro e pilotos capazes de ganhar, falta-lhe aquele bocadinho extra para serem realmente vitoriosos. De qualquer das maneiras, mais uma boa prova do Trulli, que continua a calar muitos dos que o tinham vindo a arrasar nos últimos anos. Para além do pódio, ainda apagou o colega de equipa, o Glock, que desapareceu completamente do mapa.

Vettel esteve bem, mas não tão bem como na corrida passada. Não que o segundo lugar não seja bom, mas podia ter lutado pelo primeiro lugar se não tivesse perdido tanto tempo atrás do Hamiilton.

Figuras tristes para a BMW e para Nakajima. A marca de Munique teve, muito provavelmente, a pior exibição de sempre. Os seus carros são do mais robusto e fiável que já apareceu na F1, mas isso são características que só servem de argumento nos campeonatos de resistência. Velocidade que é bom, nem vê-la.

Ao mesmo nível da BMW, esteve, mais uma vez, Nakajima, ora perdido na tabela de tempos, ora a abalroar quem com ele se cruzava. É sabido que o japonês tem as costas bem largas, por conta da Toyota, mas em tempo de crise não se podem desperdiçar recursos assim, como acontece com o segundo piloto da Williams. Às vezes tenho que dar razão ao Briatore. Por mais simpático que o "japa" seja, por mim já estava a ver corridas do muro das boxes.

Menção honrosa para o Raikkonen, que hoje fez uma boa corrida, dentro das possibilidades. O Ferrari não dava para mais, mas o finlandês mostrou-se aguerrido todo o fim-de-semana e na corrida também não desiludiu, acabando mesmo na frente do Alonso e a milhas de distância do Massa.

Friday, April 24, 2009

Pérolas


O artigo veiculado pela Agência Lusa no passado dia 22, sob o título de “Bahrain promete restabelecer”, continha verdadeiras pérolas de ignorância sobre a Fórmula Um.

Atente-se nos parágrafos deliciosos como este, em que se descobre um novo “colosso” da F1 actual, a Williams:

“Num campeonato atípico, os "colossos" McLaren, Williams e Ferrari têm sido relegados para posições secundárias e a actual campeã do Mundo de equipas está mesmo em "branco" após as três primeiras provas, o que não acontecia desde 1981.”

Ou como este:

“Além de conhecer protagonistas pouco habituais, o campeonato de 2009 está também a decorrer de forma atribulada, pois apenas a etapa chinesa terminou em situação de corrida, mas também foi muito perturbada pela chuva.”

Este texto confuso e enganador, assinado por um tal de Eurico Botas, é um bom exemplo do (mau) serviço que o “jornalismo” nacional presta ao desporto motorizado. Os media em Portugal só sabem falar de futebol, ou melhor, só sabem falar de arbitragens. Abordar qualquer outro desporto é prestar um mau serviço de informação e espantar os poucos interessados em outras coisas que não futebol.

Quem tem o desporto motorizado como interesse primordial tinha, até há um tempo atrás, como Pièce de Resistance o jornal Autosport. Escrevo o verbo no passado porque este jornal tem vindo com o tempo a derivar para uma vertente mais generalista, para não dizer básica, eventualmente para servir outros públicos, sendo que actualmente parece-se mais com uma versão Autohoje com menos anúncios do que com um verdadeiro jornal de automobilismo (compare-se por exemplo com a versão inglesa do Autosport).

Julgo mesmo que a maioria já só segue este desporto, exclusivamente através da net, quer por sites de informação ou pela blogosfera. Senão, digam-me vocês quantos compram o Autosport à Terça-feira para perceber o que se passou no Domingo.

***

Opinião:

Aplaudo veementemente esta tua observação. Não podia estar mais de acordo. Quem realmente gosta de um desporto motorizado (F1, ralis, GT's, monolugares) não pode mostrar indiferença à maneira como são descritas as provas ou eventos. São autênticas nódoas, cheias de imperfeições que desiludem os adeptos e enganam os distraídos.Felizmente existem aqueles poucos, mas bons, aficionados que melhor que ninguém partilham as informações correctas, e opiniões válidas.

(Quim)


***

Essa é a gtrande chatice. Falar de "jornalismo desporto" hoje em dia é dificil pronunciar sem que tu rias um bocado. Porque este é um país macrocéfalo, que fala de "futebol" (e ponho entre aspas porque é só os três grandes)Quando se lê automobilismo em Portugal, fora da informação especializada, só se lê este tipo de nódoas que tu deste como exemplo. Até na Sport TV, que é onde estava, é um desporto menorizado!No final, parece que só terá algum destaque quando tivermos portugueses na Formula 1, e duvido que mesmo nessa altura, as coisas sejam tratadas com aquilo no qual merecemos ler. Por exemplo: tirando o Luis Vasconcelos, conheces alguém que vá, como enviado especial, aos GP's de Formula 1, de forma regular? Não pois não? E isso faz com que tenha a liberdade de escrever o que quiser, roçando por vezes o disparate... e a revista também. Tenho comprado ultimamente, e até nem tenho muitos motivos de queixa, mas tem semanas onde as capas são aberrantes!

(Speeder_76)

Sunday, April 19, 2009

Red Bull dá-te barbatanas


Também acredito que o Vettel é dos melhores pilotos a andar à chuva, mas isso não tira nenhum mérito a ele ou à equipa na vitória de hoje. Os ingleses dizem que em condições normais o Button ganharia novamente, mas isso é novamente o facciosismo inglês a falar, porque as condições de hoje foram perfeitamente normais. É claro que choveu, mas a imprevisibilidade do tempo faz parte da F1, para além do mais choveu para toda a gente e começou bem antes da partida, pelo que toda a gente teve tempo para se preparar para mais um GP debaixo de um dilúvio.

O Vettel esteve magistral assim como a Red Bull, que tem no momento o melhor carro do pelotão dos que não têm o famigerado difusor milagroso. É um piloto muito rápido mas também simpático numa equipa que já é mais o que só simpática, pois coloca todos os GPs quatro carros muito competitivos em prova, mostrando que não estão ali só para vender bebidas taurinas, vieram para ganhar. Palavra para o Webber que não estando isento de um erro que temporariamente lhe custou o segundo lugar, colocou a faca nos dentes e numa grande ultrapasagem ao Button conquistou de novo a segunda posição. É a garra e a forma correcta e elegante como o australiano disputa as suas provas que fazem com que para mim seja um dos melhores do campeonato.

Sem garra novamente a Ferrari, que voltou a arrastar-se pela sarjeta. Mau demais para estar aqui a falar novamente.

Button fez uma corrida certinha, cometendo apenas um erro, mas conquistando pontos que lhe serão úteis mais lá para a frente do campeonato, quando os ouros começarem a ganhar terreno na desvantagem técnica.

Barrichelo irreconhecível em corrida. Foi o piloto mais rápido na qualificação, se fizermos o ajuste de pesos. Quando vi a chuva pensei que fosse uma corrida para o brasileiro, que se costuma superar quando há água em pista. Aconteceu tudo ao contrário, desaparecendo completamente, talvez devido a um mau acerto no carro ou algum imprevisto técnico.

Palhaçada do Hamilton que em conjunto com o Nakajima e com Piquet, conheceram todas as escapatórias do circuito chinês. O inglês é rápido que nem uma bala, mas novamente foi apanhado pelo sindrome de vaca louca, perdendo-se a conta às vezes que saiu de pista, acabando a prova atrás do seu companheiro de equipa, Kovalainen. O que impressiona é a sorte do inglês que conseguiu sempre voltar à pista com o carro intacto, há quem diga que é sorte de campeão.

Há muito que se criticam os "novos" circuitos da F1, por serem enfadonhos e não permitirem grandes espectáculos, mas hoje há que louvar o circuito da China. Numa corrida disputada debaixo de um dilúvio, com pilotos a saírem de pista a toda a hora, só abandonaram três carros e dois foram por avaria mecânica. A drenagem do circuito e as escapatórias bem desenhadas e em asfalto permitiram que os pilotos se mantivessem em prova sob condições que levariam a imaginar uma hecatombe. Uma prova disputada nas condições atmosféricas de hoje, num dos circuitos tradicionais, como por exemplo Silverstone, acabaria certamente com menos de dez carros classificados.

Mais uma vez Carlos Sousa


É a terceira vez este ano que estou para aqui a dizer que o Sousa está a mostrar a toda a gente como é que ganham provas de TT. Vejo-me brigado a isso depois de no início do ano ter dito que o Felipe Campos o iria zupar a torto e a direito. Tem sido exactamente ao contrário, o piloto de Almada tem ganho sem apelo nem agravo, pressionando os seus adversários até que estes cometam algum erro ou que a mecânica dos seus carros se recinta. O Barbosa tem ganho os prólogos e o Campos as contagens intermédias, mas no final é sempre o bom do Carlos Sousa a levantar o caneco no primeiro lugar do pódio.

Desmosedici destapada


Houve alguém na garagem da Ducati que se esqueceu de fechar a porta e aí está a primeira foto Desmosedici de GP9 sem carenagem, deixando ver a solução revolucionária que a marca italiana arranjou para a ciclística, utilizando o motor como elemento esforçado e ancorando a coluna de direcção numa estrutura em carbono que também faz as funções de caixa de ar.

Tuesday, April 14, 2009

À beira do fim


Houve uma ideia que não me largou durante toda a transmissão da corrida de ontem do MotoGP, de que estava a assistir ao princípio do fim.

Certamente que o campeonato não acabará, mas muitas mudanças terão que ser feitas para que volte a gerar o interesse de outros tempos, pelo que tal qual como o conhecemos, o campeonato do Mundo de MotoGP acabará por desaparecer.

Uma das poucas coisas que mantém este campeonato vivo é o Valentino Rossi, mas depois da tareia que levou ontem do Stoner, é muito provável que o penta-campeão do mundo e melhor piloto de sempre, não consiga nenhuma vitória este ano, a não ser que o Australiano decida desatar a cair como no ano passado. Em termos de velocidade pura, ninguém se chega à dupla Stoner/Ducati, que de forma perfeitamente tranquila deu um segundo por volta a toda a gente, durante todo o fim-de-semana.

É impressionante o fenómeno existente entre o piloto australiano e a moto italiana, pois ninguém é capaz de andar naquela moto a não ser ele. Depois do Capirossi e do Melandri, agora é o Hayden a ser ridicularizado pela moto vermelha, uma verdadeira incineradora de pilotos. O ex-campeão do mundo, ontem, lutou para fugir aos últimos lugares, também eles ocupados por outras Ducatis, sendo que uma delas era conduzida pelo Gibernau, que ainda há uns anos discutia campeonatos com o Rossi e que deve estar mais do que arrependido por ter voltado a correr.

As motos vermelhas vão do oito ao oitenta, fazendo maravilhas com o Stoner e enterrando todos os outros que nelas se atravem a sentar. Apesar disto a marca italiana foi a única a trazer uma verdadeira evolução para este ano, apresentando uma moto que não tem literalmente quadro, servindo o motor como elemento esforçado para suportar uma caixa de ar (!) que por sua vez serve de ponto de ancoragem para a coluna de direcção!!!!

A juntar à revolução técnica, a Ducati é com a Honda o maior fornecedor de motos deste ano. Tendo em conta que só o departamento de competição dos japoneses é maior que toda a marca italiana, incluindo a rapaziada das linhas de produção, dá para ver o estado do campeonato, que tem assim 30% das motos da grelha dependentes de um construtor quase artesanal.

Para além da pouca emoção existente no autódromo do Qatar, também em casa quase não houve ninguém a vibrar, pois poucos foram os que conseguiram ver a transmissão, já que este ano a Eurosport deixou de ter os direitos de imagem desta competição e muito dos canais que os detinham preferiram transmitir outras coisas.

Com somente 18 motos a participar no campeonato e com um domínio tão avassalador do Stoner, não se pode esperar grande coisa até ao final do ano, a não ser ver o Rossi e todos os outros a desaparecer paulatinamente numa onda geral de frustração.

Saturday, April 11, 2009

Foi há 1000 posts atrás


Começou há 1000 postagens atrás, este espaço de opinião facciosa, tendenciosa e parcial. Postagens de desabafo, de escárnio e maldizer, quase sempre desinteressadas, livres e independentes.

Nesses mil momentos de verborreia virtual, vimos o Rossi ganhar campeonatos contra tudo e contra todos, vimos morrer o Dakar e renascer outra vez, assustámo-nos com a ascenção dos ecomentais, despedimo-nos do Burns, dissemos até já ao Marko Martin, chorámos pelo Colin, aplaudimos o Parente e surprendemo-nos com o Tiago, no mais improvável pódio da F1.

Rimo-nos com o Jeremy, respeitámos o Sainz, sentimos o planeta aquecer, deixámos os ralis, vimos anúncios de automóveis, a McLaren a roubar, arrasámos a Porsche, louvámos o 911, vibrámos com a Ducati, chamámos pelo Colin, detestámos o Alonso campeão, chamámos pelo Ayrton, gostámos do Alonso a tentar ser campeão, envergonhámo-nos com a Ferrari, despedimo-nos do Bayliss, vimos algumas das 49 mais belas máquinas de quatro rodas, adorámos o Loeb, aborrecemo-nos com o Loeb e adormecemos com o Loeb.

Roubados, fomos muito roubados ou enganados, pela Brisa, pela Galp, pelos impostos, pelos BPNs, Bancos de Portugal e afins. Vimos a McLaren a roubar, o Bernardo a falar, o Kimi a dormir, o Peres a furar, o Schumacher a cair, os Porsche a engordar, o Adruzilo a ganhar, o Colin a voar, o Massa a chorar , o Coulthard com as gajas, o Brawn a sonhar e o Hamilton a mentir.

Tirámos retratos ao automóvel, relembrámos o Ayrton, demos os parabéns à Ford, fomos às corridas, apoiámos o Parente, continuámos a gostar do 911, vibrámos com o Stoner, gritámos pela Ferrari, puxámos pelo Mário, admirámos o Webber e surpreendemo-nos com o Miguel Oliveira. Deitámos abaixo o Pedrosa, gozámos com o Briatore, brincámos com o Campos, chamámos lento ao Sousa, escarnecemos o Dennis, apupámos a Porsche, vomitámos a McLaren e enxovalhámos a FIA.

Engolimos sapos, muitos sapos, baixámos as orelhas ao Hamilton, enquanto alguém baixava as calças ao Mosley, encaixámos dois campeonatos do Alonso e um do Hayden. Tivemos saudades do Ayrton, do Toivonen, do Villeneuve e do Vatanen. Escorraçámos o Ralf Schumacher, o Schlesser e a McLaren.

Alimentámos boatos, fofocas e mentiras. Também houveram coisas que eram verdade, mas tudo isso interessa pouco, porque o que importa é que este espaço existiu sempre por algo que tivesse rodas, queimasse gasolina e/ou derretesse borracha.

Wednesday, April 08, 2009

As Catedrais dos ralis


O editorial do Ralis.Online apesar de louvar a última edição do Rali de Portugal, expressa algum saudosismo pelos chamados troços míticos de outrora, como Arganil ou Fafe, que não existem no actual figurino do rali disputado no Algarve.

Não podia estar em maior desacordo com essa ideia de mistificação de troços, pois isso representa o que de pior há no desenho das provas nacionais e um dos maiores entraves à renovação dos participantes.

O traçado dos ralis em Portugal são, na sua maioria, repetições de ano para ano fazendo com que os pilotos mais experientes entrem para alguns troços como quem entra para uma prova de circuito. De tantas vezes lá passarem, decoraram curva após curva, pedra após pedra, ponto de travagem após ponto de travagem, tal qual numa prova de circuito. Coloquem o Peres em Luilhas ou o Pascoal em Santa Quitéria, tirem-lhes os navegadores e verão que sem o peso destes, muito provavelmente até serão mais rápidos.

Isto desvirtua completamente o espírito dos ralis, tornando os navegadores redundantes e impossibilitando a quem se esteja a iniciar ser minimamente competitivo, pois por mais rápido que seja terá sempre a infinita desvantagem de ter conhecido o troço apenas nas duas ou três passagens de reconhecimento, ao mesmo tempo que enfrenta adversários que, só em prova, já lá passaram mais de vinte ou trinta vezes.

Só quem já lá andou é que sabe que quem quiser fazer alguma coisa de interessante, em termos competitivos, tem que lá andar dois ou três anos só para ter uns cadernos de notas minimamente comparáveis com os de quem já lá anda desde o século passado. Ora isso, num desporto que custa fortunas, é logo à partida um esforço imenso só para colmatar uma situação de desigualdade.

Para além da vantagem que traz aos mais antigos, a sistemática repetição de troços ainda origina problemas colaterais como os reconhecimentos ilegais, pois se toda a gente sabe o traçado que será utilizado, é certo e sabido que lá vai passar “à paisana” com um carro de aluguer, algum tempo antes da prova. Quem quiser assistir a um a situação destas, que passe pela zona da Lameirinha, uns tempos antes de se realizar por ali uma prova.

Existe o argumento inevitável de que as estradas elegíveis para se realizar um rali não são infinitas, mas certamente que serão suficientes para que se possa fazer um esquema de rotação, com pelo menos dois ou três anos de intervalo entre utilização.

Concordo que é bonito ver as imagens daquele mar de gente no Confurco, mas certamente que o público que lá costuma acorrer, preferiria antes mudar de ares do que estar no mesmo sítio a ver passar sempre os mesmos do costume.

***

Opinião:

É certo que o facto dos troços serem sistematicamente os mesmos nos ralis disputados em Portugal só favorece quem lá anda há mais tempo. Concordo também que em certos lugares se alguns pilotos estiverem chateados com o navegador podem desligar a centralina dos capacetes e fazer o mesmo ou melhor do com notas tal é o conhecimento adquirido ao longo do tempo.
Mas não posso deixar de sublinhar que são os troços "míticos" que tornam este desporto tão excitante: o que seria do Monte-Carlo sem o Col du Turini ou os Mil Lagos sem Ouninpohja. São locais onde os pilotos se excederam e ultrapassaram todos os limites e atingiram o estatuto de deuses do volante. São os locais onde os adeptos se deslocam religiosamente todos os anos para verem a História escrever-se ao vivo e a cores.
Em Portugal tínhamos a Peninha, a Lameirinha ou Arganil onde se escreveram as mais belas páginas da história não só do nosso rali como do mundial e, saber que o nosso rali não voltará a ser disputado nesses locais entristece-me profundamente.
Por outro lado é bom que o Rali de Portugal esteja de regresso ás lides do mundial e estou em crer que em breve aqules rapidíssimos troços do algarve irão criar a sua reputação.

(Pilotaço)

Monday, April 06, 2009

Grande fim-de-semana Lusitano


Estava a ler um post do Speeder, sobre a visita de Max Mosley para ver a evolução do Rali de Portugal e a forma como ficou boquiaberto com o Autódromo do Algarve. Pois é, normalmente é assim, quem nos visita fica surpreendido com o jeito que temos para receber e organizar eventos.

Não é só o sol e o clima que fazem com que as coisas corram normalmente tão bem, há muitos outros sítios com condições climáticas tão boas ou melhores que nós, que não se podem orgulhar de uma prova com o nível do Rali de Portugal, por exemplo.

Não é só dizer mal, há no panorama do desporto motorizado nacional coisas das quais nos podemos e devemos orgulhar, coisas como a prova deste fim-de-semana ou a vitória do Armindo e consequente liderança do campeonato mundial de produção.

Parabéns Pascoal/Castro


Ontem foi bonito ver chegar à última especial, no Estádio do Algarve, Vítor Pascoal e Ricardo Teodósio separados por menos de três segundos. Há muito que uma prova do nacional de ralis não era tão disputada.

É claro que todos estarão a pensar que tal só sucedeu porque o Bruno abandonou, mas isso interessa pouco, porque se ele abandonou foi porque o motor que a equipa lhe disponibilizou não aguentou até ao final. Todos sabemos que o Pascoal não é o piloto mais rápido do campeonato, para além disso corre com uma equipa “privada”, mas é certamente um dos mais regulares e como tal, o Bruno vai ter que se aplicar nas restantes provas, pois mais um deslize como este pode-lhe custar o título.

Parabéns à dupla Vítor Pascoal/Mário Castro.

Sunday, April 05, 2009

Anedota


O GP da Malásia foi uma anedota completa!

Alguns séculos antes de Cristo, já o homem conseguia determinar com precisão o ciclo solar ou prever o a época das monções. Parece que esses conhecimentos ancestrais, que muito foram desenvolvidos até hoje, ainda não chegaram à organização da F1, que hoje decidiu organizar uma corrida ao fim da tarde quando, já restavam poucas horas de sol e a chuva era tão certa quanto a vitória de hoje do Loeb no Rali de Portugal. Como resultado tivemos uma meia-corrida interrompida pelo dilúvio e que não podia ser recomeçada pela manifesta falta de luz natural. Simplesmente brilhante esta organização do evento desportivo mais televisionado do mundo.

Na mesma toada circense esteve a Ferrari, com uma prestação que deve ter ressuscitado de ira o Comendador Enzo. Começando nos treinos com o erro infantil, que deixou Massa pelo caminho, acabando na escolha de pneus para chuva forte no carro do Kimi, quando a pista estava absolutamente seca - nessa altura água só mesmo na boxe da equipa italiana e devia haver muita, por aqueles lados, pois desde o início do ano que não fizeram outra coisa senão meter água - tudo foi mau demais. Toda a equipa, incluindo o Montezemolo, que amanhã deve aparecer nos jornais em mais uma das suas habituais e inócuas entrevistas a seguir à asneirada, que tenham vergonha por arrastarem assim o nome da Scuderia.

Num tom mais ligeiro, mas igualmente patético, esteve mais uma vez o Kovalainen, outra vez a não conseguir terminar a primeira volta de uma corrida. A sorte do finlandês é que o Hamilton é uma estrela tão grande - pelo menos o nariz cresceu-lhe bastante ultimamente - que ninguém se apercebe que por ali anda outro piloto a fazer ninguém sabe bem o quê.

Fora disto, tivemos mais uma vez um super-Button, novamente perfeito ao longo de todo fim-de-semana, sem qualquer erro que se lhe possa apontar. Simplesmente soberbo.

O Glock arrumou tudo e todos, à excepção do Button, mostrando que se está a tornar num grande piloto. Também em bom nível, mais uma vez, esteve o Rosberg e o Trulli, assim como as respectivas equipas, Williams e Toyota.

Uma palavra para um piloto que gosto bastante de ver conduzir, Mark Webber, que depois da desgraça na sua corrida natal, há uma semana atrás, conseguiu redimir-se e fazer uma exibição bastante respeitável, na Malásia.

***

Opinião:

A história da Ferrari nestes últimos anos resume-se deste modo:

Ascenção: Luca di Montezemolo junta Jean Todt, Michael Schumacher e Rossa Brawn numa mesma equipa. A estes ainda se junta o brilhante Rory Byrne, conseguindo esta "divina trindade" feitos absolutamente históricos na F1 e na Ferrari.


Queda: Michael Schumacher reforma-se, Ross Brawn sai da Ferrari, Rory Byrne (após muita insistência) torna-se consultor da Ferrari e, já este ano, Jean Todt também deixa a Ferrari.

Os resultados estão aí.

O que a Ferrari tem que fazer rapidamente é contratar um piloto com provas dadas. A Ferrari não é equipa para experiências. Lá só devem estar os melhores, sem que haja dúvidas. O que hoje não acontece - Massa e Kimmi não são pilotos para a Ferrari. O único piloto digno de conduzir e capaz de levar a Ferrari a títulos ganhos de uma forma inequívoca/consistente é o Alonso (por muito que me custe).
De seguida deve rever a estrutura técnica, escolhendo bons lideres e bons técnicos.

Enquanto isso não acontecer vamos ver a Ferrari a degradar-se e a fazer figurinhas tristes fim-de-semana após fim-de-semana, seguidas às segundas-feiras dos mesmos comentários, das mesmas desculpas e do mesmo discurso não ganhador.

(Gonçalo)

Friday, April 03, 2009

O Bernardo não foi o único a amarrotar a lata




Os mecânicos da Ford estão habituados a reparar a este tipo de "azares" desde o tempo do McRae, a diferença é que este era muito melhor piloto que o Latvala.

Foi uma fruta e tanto

Thursday, April 02, 2009

Bernardo Sousa, assim é difícil.



Nas últimas declarações que li do jovem piloto Madeirense, este dizia que era criticado por tudo e por nada, quando as pessoas deviam era investir a energia a apoiar os pilotos portugueses.

Para dar o benefício de dúvida à esperança lusa, não vou estar para aqui a criticar a segunda saída de estrada durante um shake-down de um rali, em apenas dois disputados este ano. No entanto, com um registo destes, de acidentes antes da prova sequer começar, também se torna particularmente difícil estar a apoiar seja quem for.

O pupilo de Dennis


Impressionante a agressividade com que as pessoas reagem a mais este episódio burlesco da desqualificação do Hamilton no último GP da Austrália. Comentários do tipo “isto mostra bem como é que ele foi campeão” ou “só com jogadas destas é que consegue ganhar”, demonstram o quão controverso continua a ser o Campeão do Mundo.

Apesar da acusação da FIA ser bastante grave – a punição deve-se ao facto de ele ter deliberadamente induzido os comissários em erro e não por se ter “deixado” ultrapassar pelo Trulli - na minha opinião, isto tem mais a ver com a McLaren do que com o Hamilton. A McLaren é reincidente neste tipo de jogadas e segundo li, as instruções vieram das boxes. Pode-se dizer que ele poderia ter contestado as indicações das boxes e agido pela sua própria cabeça, mas ele é só um miúdo a quem saiu a lotaria há pouco tempo. Há quem diga que o Paulinho Santos era um menino de coro até ter conhecido o Pinto da Costa e na F1 o Ron Dennis é o equivalente ao presidente portista, pelo que o comportamento do Hamilton certamente que é muito influenciado pela equipa onde se encontra.

Wednesday, April 01, 2009

Momentos de Antologia - Fenomenal Colin no RAC 2001


Para abrir o apetite para o Rali de Portugal aqui fica um dos mais impressionantes videos onboard de sempre. Provavelmente a melhor demonstração de um fenómeno da condução alguma vez filmada.

Se alguém já viu algo melhor que isto, então que diga.