Anda tudo aos arrufos e aos amassos por causa do suposto estado a que chegou a Fórmula 1. Entre os “entendidos” das federações e dos clubes, ninguém hesita em soar o alarme e vaticinar cenários de catástrofe, caso não se faça nada urgentemente. Hipocrisias.
O mundo permanece em alerta, com constantes avisos e ameaças ao governo iraniano por causa das supostas irregularidades nas últimas eleições. O que se passou no Irão passa-se todos os dias em praticamente todos os países africanos e nem por isso se viu alguém do mundo ocidental fazer alguma coisa contra os ditadores do costume, seja no Zimbabué, Sudão ou Serra Leoa. Fazem vista grossa, agora como sempre, pois o problema africano dá trabalho e exige intervenção séria e não umas reprovações de “beatas de igreja” ao passarem pelo Intendente. As declarações de reprovação à eleição de Ahmadinejad, foram patéticas de tão inócuas.
No desporto automóvel a situação é igualzinha, os senhores do costume estão todos em sobressalto com a F1, que nem umas virgens na festa do quartel de bombeiros, mas o que de mal se possa passar ali já se passou há muito nas outras categorias, sem que alguém tenha feito algo para o contrariar. Quando a F1 espirrar então é porque tudo o resto que tenha rodas já morreu, sejam ralis, karting, resistência, turismos ou rallycross. Onde é que está o estado de alarme quando se vê um campeonato nacional de karting desaparecer, como aconteceu entre nós. Onde é que estão os paladinos do desporto quando se vê um campeonato do mundo de ralis com apenas quatro carros oficiais?
Para os fãs do desporto motorizado é certo e sabido que as corridas de carros não se fazem só com monolugares. Tão certo é também dizer que não se sairá deste marasmo com os mesmos de sempre, que na FIA ou nos clubes e federações que a suportam, continuam há mais de 20 anos, a gerir os destinos do automobilismo unicamente preocupados em multiplicar os milhões gerados pelo Campeonato do Mundo de F1.
Dificilmente Ari Vatanen conseguirá levar de vencida esta sua (nossa) cruzada, porque para tal teria que conseguir convencer os muitos, que há muito comem da mesma gamela em que comeram Mosley e Balestre, que continuam confortavelmente sentados no trono das suas (nossas) federações nacionais e que assim pouco ou nada farão para mudar o “status quo” actual, i. e., a eleição de Jean Todt.