Orgulho Luso
Filipe Campos, o mais recente campeão nacional, novamente um dos mais merecidos de sempre. Não é por agora andar com um X3 que tenho um prazer especial em ver este piloto vencer, este regozijo vem de há muito, desde a primeira vez que o vi correr. O Filipe Campos é, muito provavelmente, o melhor piloto de TT que até hoje tivemos, por pouco não passou ao lado de uma grande carreira e hoje recolhe os louros de alguém que é especialmente dotado para aquilo que faz. Não faço ideia o que será a YSER, mas abençoada hora que decidiu colocar alguém que sabia o que fazer com a "argola" dentro do BMW X3. Pena é, se esta senda vitoriosa não tiver hipótese de vingar também lá fora.
PS-TT: hoje também foi coroado em Portalegre, numa prova à antiga, o polaco Holowczyc, já anteriormente agraciado com o título de campeão europeu de ralis, assim como o Filipe, um dos pilotos que me ficou na memória depois de o ter visto andar. Pilotaço.
Pedro Lamy e João Barbosa. O primeiro é o melhor piloto de circuitos que já formámos neste pequeno país. O segundo é um daqueles exemplos dos quais nos devemos orgulhar, orgulho luso. João Barbosa é um grande piloto, mas como muitos outros, que incrivelmente ainda criamos no nosso paupérrimo panorama motorizado, viu-se sozinho e sem apoios, tendo que fazer pela vida, mesmo que isso significasse abandonar a tradicional carreira automobilística no velho continente. Arregaçou mangas, fez-se à estrada e passados para aí uns dez anos, é piloto conceituado não só nos EUA como por esse mundo fora onde houver uma corrida de GTs. Nas terras do tio Sam, estes dois pilotos nacionais são conhecidos como a nata da arte da condução, são portugueses e devem encher-nos de orgulho por isso.
Miguel Oliveira. Custa-me até falar do nosso Rossi, de já tantas vezes ter aqui louvado os seus dotes. Parece que para o ano terá um contrato para correr no mundial de 125cc. Não me surpreende. A quase todos os pilotos nacionais é exigido algo a mais que aos outros para poderem competir contra os melhores do mundo. O Miguel Oliveira e o pai tiveram que fazer sacrifícios para estarem onde estão hoje, mas sempre soube que um talento daqueles acabaria por ser recompensado. Não estamos a falar de um piloto com jeito para a coisa, estamos a falar de um sobredotado. Se tiver sorte com a equipa e se conseguir ultrapassar as mudanças que a puberdade sempre trazem, que ninguém tenha dúvidas que estamos a olhar para um piloto com potencial para chegar ao MotoGP e fazer boa figura. Disse o mesmo do Parente e não me enganei muito.
Por falar em Álvaro Parente, nem vou falar muito dele. É o piloto que sempre prometeu ser, em todos os aspectos. Dá gosto vê-lo correr, seguro, sem peneiras, terra-a-terra, robusto e virtuoso. Provavelmente nunca chegará à F1, mas isso é só culpa de de todos os outros, porque ele fez e continua a fazer tudo o que humanamente poderia ser exigido.
Bernardo Sousa. Vi-o correr há duas semanas, em Mortágua e não gostei. Estava, muito provavelmente condicionado pela necessidade de conquistar o título nacional, mas mesmo assim já vi muito melhor ao madeirense. Senti falta da fogosidade, da loucura, da vertigem com que ele brindava o público a cada passagem. De qualquer das maneiras, os parabéns pelo título. Em especial a ti, Rodrigues da Silva, por mais uma conquista.
Achei piada ao Pascoal dizer que com o Ford Fiesta S2000 também teria sido campeão. Não que não haja ali um fundo de plausibilidade, mas se eu ou qualquer um de vocês tivesse a mesma afirmação, também não seria menos verdade.
Somos um país pequeno, com condições pouco mais que sofríveis, com uma federação ao nível de um país como a Libéria ou Burkina Faso. Somos pouco mais de dez milhões, sem dinheiro, formação, ou qualquer outro factor que pudesse justificar o que quer que fosse no panorama motorizado mundial e no entanto, lá estamos nós, a dar cartas, a exigir respeito pelos feitos conquistados. Não é só de José Mourinhos e de Cristiano Ronaldos que este país tem que se orgulhar, também temos Lamys, Barbosas, Araújos, Parentes, Felix da Costa e muitos mais que nos dizem com muitas letras que, somos capazes.