Saturday, March 30, 2013

O mais triste pódio de sempre

Muito se escreveu acerca da fraca obediência de Seb Vettel no último GP da Malásia. Honestamente, como espectador prefiro a desobediência do Vettel e a azia do Webber, do que as injustas ordens de equipa da Mercedes.

É claro que se fosse fã do Hamilton, da Mercedes ou mesmo se tivesse responsabilidades na equipa, diria sempre que as ordens que o Ross Brawn deu ao Rosberg, para nem sequer ousar ultrapassar o Hamilton, foram o mais correcto a fazer. Como já aqui escrevi antes, se tivesse alguma responsabilidade numa equipa de F1, haveria sempre um primeiro piloto e o outro teria que preterir sempre em favor do primeiro. Pura e simplesmente porque essa é a melhor estratégia para se ganharem campeonatos; que se lixe o desporto, a F1 é uma competição e os patrocinadores pagam para ver resultados.

Como espectador, prefiro sempre ver dois colegas de equipa degladiarem-se em pista - excepção feita ao Alonso e ao Massa - mesmo que isso signifique o fim da corrida para ambos.

Quanto à fraca obediência de Vettel, quanto à deslealdade para com um Webber que de repente ficou muito certinho, também observei tal desvio de carácter com agrado. O desporto automóvel tem essa particularidade fantástica, trazer ao de cima o melhor, mas muito mais, o pior de cada um.

Agora sabemos que o Vettel fará qualquer coisa para ganhar, passará por cima do colega, do chefe de equipa, da própria equipa se necessário... E depois? O mundo aclamou o Schumi durante uma década e ao pé dele o Vettel é um menino.

Também sabemos que o Webber consegue bancar a vítima, o sonso, a virgem ofendida; que o Rosberg será sempre um manso, e mansos não ganham campeonatos; que a Mercedes tem gente, a gerir a sua equipa, capaz de lhe dar um campeonato - com excepção do idiota do Lauda.

Mas para mim, mais importante que tudo, foi ficarmos todos a saber que, apesar de ser muitas vezes a "vaca louca" da corrida, de entrar nas boxes de outras equipas que não a sua, que apesar de ser dos mais fortes pilotos em corrida de sempre, o Hamilton é um tipo cheio de carácter, um tipo bem formado, o mais parecido com os pilotos da F1 do antigamente, daqueles que gostavam de ganhar, só mesmo com mérito próprio.

 

 

(***)

O que a mim me faz confusão é a ordem de equipa da RedBull. O Vettel estava claramente mais rápido do que o Webber e ainda faltavam algumas voltas para o final. O mais correcto teria sido: "deixa passar o Vettel" - é que no final do ano a diferença entre 25 e 18 pontos pode ser decisiva (recorde-se o que aconteceu no ano passado). O Vettel demonstrou que é um campeão e um verdadeiro corredor.

O que mais me surpreende em todos os comentários acerca deste episódio é a mudança de ponto de vista: no tempo do schumacher quando havia indicações para o Barrichelo deixar passar, o cabrão era o schumacher - nem sequer se falava da equipa; agora ninguém (e bem) personaliza estes acontecimentos. Estranho, ou talvez não?

Finalmente gostaria só de corrigir uma afirmação que revela alguma falta de memória: o mundo (excepto alemanha) nunca aclamou Schumacher. Foi sempre o mais detestado de todos os campeões...

Também uma coisa é certa. Não conheço verdadeiros campeões que não sejam/tenham sido polémicos.

Gonçalo

 

Saturday, March 23, 2013

Deixem lá as comparações

 

Ontem à noite, já só se ouvia dizer que Kubica era o novo Loeb, tal a sua forma de guiar e a maneira avassaladora como dominava o primeiro rali do europeu.

Que ele seja bom piloto, até acredito, mas para chegar a Loeb falta ainda muito. Para começar, diga-se que o Loeb não ficou conhecido por dar "frutas" como a que o Polaco deu hoje com o Citroen. As comparações de talento são sempre ingratas e quando se compara um extra-terrestre como o Sebastien Loeb, com um comum mortal, então a comparação passa a idiotice. Neste caso é como comparar um fósforo com o fogo de artifício da Madeira.

 

Sunday, March 17, 2013

Com esta vitória ninguém ficou triste

 

Toda a gente gosta de uma boa história de David e Golias, como tal, ninguém deverá estar triste com a vitória de hoje de Kimi Raikkonen, nem mesmo os tiffosi da Ferrari, os ferrenhos espanhóis do Alonso, ou seja lá quem for que torce pelo Vettel. Hoje ganhou uma equipa improvável, dizem que tecnicamente falida, com um piloto que há dois anos por esta altura, estava de calções no Algarve a preparar-se para correr no Rali de Portugal.

Por aqui, para além do David e do Golias, gosta-se especialmente do piloto vencedor. O Kimi é o piloto mais rápido que já vi correr. É certo que também já vi ao vivo o Ayrton, o Schumi, o Hakkinen e o Vettel, mas o que mais velocidade natural tinha é, sem dúvida o Kimi.

Para os que não gostam de Davide nem de Golias, que não gostam do kimi, nem da Lotus, mas que gostam de desporto automóvel, também estão certamente contentes, pois para além de todos os factores emocionais já enumerados atrás, o que assistimos hoje foi a uma tremenda corrida por parte do finlandês da Lotus. Corrida absolutamente perfeita.

Saturday, March 16, 2013

Pneus italianos

Toda a gente diz que o que a Pirelli fez é imoral, já que parece que os pneus para este ano serão novamente uma lotaria, de tão imprevisíveis. Acho que está toda a gente a exagerar e se há culpa não é da Pirelli, mas sim da FIA, que decidiu fazer um contrato com a marca italiana.

Toda a gente pensa que a Pirelli está a fazer de propósito, mas eu acho que estão enganados. Eles não conseguem é entregar pneus que funcionem normalmente. É só isso, incompetência para fazer algo durável e previsível, como estávamos habituados nos tempos da Bridgestone.

Mas poderia esperar-se outra coisa? Estamos a falar de Itália, a antítese do durável e do previsível. É gente que gosta de viver a vida, isso dos pneus, é uma coisa paralela. Senão vejam o video

Teoria da conspiração

É sempre difícil avaliar seja o que for através da televisão, mas já vi corridas em condições piores do que aquelas que levaram ao cancelamento dos treinos qualificativos no GP da Austrália. Todos já sabemos que a F1 se está a transformar num desporto para meninos, mas cancelar uma sessão de treinos só porque estava a chover, havendo pneus de chuva com fartura, é um pouco patético.

A FIA diz que estava a ficar sem luz natural e parece que a cadeia de televisão SKY, ficou sem electricidade para poder fazer a transmissão. Em primeiro, a escassês de luz natural deveu-se apenas aos sucessivos atrasos e adiamentos no começo da sessão classificativa e em segundo, estavam cadeias televisivas de todo o mundo a transmitir sem problemas.

Continuo sem ver uma razão plausível para a anulação da qualificação, a não ser devido à loucura que estes acontecimentos, intempestivos e incontroláveis, causam nas casas de apostas.

Os recentes escândalos no mundo do futebol, com resultados combinados e jogadores envolvidos numa teia mundial relacionada com as apostas desportivas, deram-nos a ideia de que essa coisa da vedade desportiva é uma piada. Com a possiblidade de termos hoje um outsider qualquer, a qualificar na frente dos habituais tubarões, devido à incerteza climatérica, estava instalada a loucura nas casas de apostas, já que,por exemplo, uma pole do Grosjean pagava uma autêntica barbaridade.

Isto tudo pode não passar de mais uma teoria da conspiração, mas uma coisa é certa, se houve alguém que benificiou com a restituição do status quo, foram as casas de apostas desportivas.

 

Monday, March 11, 2013

Síndrome de Sporting





Neste momento espero que já não haja dúvidas da incompetência de Malcolm Wilson, que durante anos acobertou, como chefe de fila, um piloto pouco mais do que aceitável.

O que assistimos hoje na VW, é mais do mesmo que assistimos durante anos na Ford. Um piloto que desperdiça todas as oportunidades, que queima tudo o que lhe dão para as mãos, um piloto que tem uma incapacidade tal para ser bem sucedido, que só se pode dizer que padece do "Síndrome Sporting Clube de Portugal".


Se fosse tudo assim, por cá no burgo




AJP de novo na frente. Depois da KTM Freeride ter inaugurado um novo segmento de motos TT, numa espécie de cruzamento entre uma moto de trial e outra de enduro, aí está a marca protuguesa, sem perder tempo, a dizer "presente", na sua filosofia habitual, de máquinas fiáveis a baixo custo.

Só o nome me parece pouco feliz, "AJP Ultrapassar", mas pode ser que além fronteiras funcione.

Esta moto mereceu destaque novamente na imprensa internacional. Nós por cá, para além de desgraças, só damos mesmo destaque ao futebol.

Tuesday, March 05, 2013

MV no Mundial





Este é o ano do regresso da MV Agusta ao mundial, concretamente ao Mundial de Supersport. A equipa ParkinGo tem credenciais e parece que o projecto tem potencial. O primeiro título já ganhou, com larga distância, o da moto mais bela do pelotão.

Sunday, March 03, 2013

Por favor, não estraguem

Já lá vai uma semana, mas com um início tão auspicioso, nunca é tarde para falar do Campeonato Português de Ralis.

Há muito que não via tanta gente na estrada, ou melhor, à beira dela. O dia estava bonito, havia mesmo muito público, apesar do frio e havia muitos carros para ver passar - quase que dava para esquecer a total falta de acolhimento do público, por parte da organização; não havia uma indicação, uma zona marcada para os espectadores, ou um parque de estacionamento, enfim, não fossem os carros de última geração e as torres eólicas na Lameirinha e parecia uma prova dos anos oitenta.

Gostei de ver passar o Bernardo, o Moura e o Meireles. Não gostei de ver o Campos, nem o Fontes.

O Bernardo vê-se que andou no Mundial. O Moura vê-se que tem muitos kms com o Mitsubishi e o Meireles, apesar de ter montado uns pneus de madeira que transformaram o Skoda num carro de drift, estava cheio de moral e de confiança.

O Campos nunca se encontrou com o carro, sabe-se lá porquê, mas há quem diga de o Mitsubishi espanhol pouco mais era que um carro do troféu que se pratica por aqueles lados - já agora, há que dizer a todos os fanáticos do piloto, que ele afinal não faz milagres e quando não tem um carro à altura, leva na cabeça como todos os outros.

O Fontes andou toda a manhã a pensar que estava num circuito aos comandos do Mercedes SLR e só lá para a tarde mostrou, neste caso ao Miguel, que ainda tem o kit de unhas para ralis.

Como disse, o começo foi auspicioso. Esperemos então que seja o primeiro de muitos e que a federação e os clubes não estraguem o que os pilotos conseguiram, seguramente a muito custo. Neste caso, já caiu a primeira nódoa num pano que se quer imaculado. Aliás, não sei se caiu a nódoa ou se esta já lá estava, pois há muito sabemos que o FCP não apresenta qualquer competência para organizar provas do Nacional de Ralis. Se juntarmos este clube, incapaz de fazer sequer um regulamento condigno, a uma federação que não é capaz de fazer cumprir o regulamento geral dos ralis, temos tudo para acabar com mais um campeonato de ralis em desgraça.