Ron Dennis no Stepneygate – o comportamento do inglês foi simplesmente vergonhoso, atirando areia para os olhos de toda a gente (até do Max Mosley), numa tentativa de ridicularizar todos os que apontavam para o que era evidente. A forma como tentou manipular tudo e todos foi ao mais baixo nível que alguma vez vi na F1, só comparável às figuras invertebradas que pululam no mundo do futebol.
Alonso no Stepneygate – o espanhol esteve à altura do Dennis no meio do lodaçal que foi este episódio. Para mim correr num desporto automóvel com o nível de informação que o espanhol tinha acerca dos adversários é o mesmo que correr com doping no atletismo. Mas ele não ficou por aí com o seu escudeiro De La Rosa, buscou activamente essas informações ilícitas, pediu mais ao tal do Stepney, geriu a sua estratégia com base no trabalho dos outros (Ferrari), na mais pura trapaça, na mais descarada batota sem pruridos e isso para mim dá irradiação, ou pelo menos devia dar.
Alonso em geral – primeiro foram aquelas tangentes às boxes no GP dos EUA, pelo facto da equipa não ter dito ao Hamilton para o deixar passar, depois foi o episódio em que bloqueou o colega de equipa nas boxes para que este perdesse uma volta na qualificação, juntando as trocas de e-mails com informação da Ferrari à chantagem que fez com a própria equipa para que fosse preferido como o número um, acabando no triste espectáculo de forçar a FIA a colocar um fiscal para aferir da igualdade de oportunidades que a McLaren dava aos seus pilotos, tudo mostra o comportamento muito pouco digno de um bi-campeão do mundo. Mais uma vez lembro que muitas vezes o Schumacher foi vaiado porque a sua supremacia em pista não tinha reflexo no seu carácter, pois digo que nunca o Schumacher desceu tão baixo como o Alonso.
Spyker – livrou-se de boa, o Tiago Monteiro. Sinceramente pensava que os tempos miseráveis em que havia equipas que tinham que prostituir os lugares nos seus seus carros para continuarem a subsistir já tinham acabado. Enganei-me, qual Enzo Coloni, lá se viu mais uma participação no mais elitista desporto do mundo, a troco de alguns (muitos) milhões. Yamamoto pode ser um óptimo rapaz, mas não pertence ali, simplesmente porque ao pé dos outros é um lento, pé-de-chumbo, um empata, ao nível de uma Giovanna Amati.
Fiabilidade Red Bull – um tipo cansado quando bebe Red Bull fica com uma pujança imediata, mas após o efeito fica ainda mais cansado, a bebida é mais fogo de palha do que outra coisa. Os carros da equipa de F1 foram um espelho da bebida que lhes dá nome, a começarem sempre as corridas em grande para acabarem prematuramente com algum problema mecânico. Numa altura em que a fiabilidade na F1 é algo tão certo como a subida do preço dos combustíveis, é incompreensível como é que os carros do touro vermelho falharam tantas vezes. O Webber e o Coulthard mereciam muito mais.
Toyota – os carros japoneses deveriam ter um autocolante na traseira a dizer “Perca dinheiro, pergunte-me como”. Como é que uma empresa que dá lucro consecutivamente desde o ano da sua fundação, se permite gerir tão mal o maior investimento desportivo da sua história?
Honda - toda a gente comete erros e não é invulgar um F1 começar o ano com problemas de concepção. O que é difícil de entender é como é que durante um ano inteiro não se é capaz de reverter a situação. A Honda mais parece a equipa de futebol do Benfica, começa sempre com o plantel errado e depois é um sofrimento e um queimar de treinadores e jogadores até ao final do ano. O Button não merecia ver a sua carreira esfumar-se assim por causa de uma equipa incompetente. Já agora, se a Honda for como o Benfica, o Barrichello é o Mantorras.
FIA – mais um ano passou e continuamos a lançar um foguete quando dois pilotos chegam lado a lado à entrada de uma curva.
Acredito que uma grande parte dos fãs da F1 gosta de saber que o seu desporto favorito é o expoente máximo da tecnologia automóvel. Também é inegável que existem muitos outros que se estão nas tintas se o carro tem oito cilindros ou se anda a pedais. O que todos têm em comum é o facto de gostarem de boas corridas de automóveis. Ano após ano, a FIA continua a não conseguir acertar com um regulamento que ponha a tecnologia ao serviço do desporto e não o inverso, como acontece agora e nos últimos quinze anos.