Até agora não tem dado mais nada a não ser Colin, mas como já foi aqui sugerido, há que não deixar passar em branco o lamentável episódio protagonizado pela McLaren, pelo Alonso e pela FIA.
Há muita boa gente a escrever que não foi reunida nenhuma prova que pudesse condenar a McLaren de forma cabal e inequívoca, pois nada prova que o carro inglês tenha alguma peça copiada da Ferrari.
Quem já trabalhou em investigação, seja lá do que for, sabe que um pequeno avanço se faz depois de grandes recuos, sendo que quando o caminho não é claro tem que se seguir através da experimentação num dispendioso processo de tentativa/erro.
Sendo os sucessos conseguidos com a aprendizagem adquirida em inúmeros fracassos, mesmo quem só tenha acesso aos resultados dos ensaios falhados tira grande vantagem pois estes são hipóteses que se eliminam e consequentemente tempo e recursos que se poupam. Isto é tão válido no desenho do carro como na busca de compromissos de aerodinãmica, afinações de suspensão, distribuição de pesos ou utilização dos pneus.
Ainda assim, admitindo que a McLaren não teve qualquer acesso à informação da Ferrari durante a fase de desenvolvimento do carro, há a questão da posse dessa informação. Sendo o engenheiro chefe, Mike Coughlan, membro integrante da equipa McLaren, ter na sua posse documentos ilícitos ligados ao desempenho da sua profissão, implica de igual forma a sua entidade patronal. Não se trata de documentos secretos sobre a plantação de buganvílias no Burkina Faso. Trata-se de documentação relativa à sua actividade profissional, pelo que porque razão estariam na posse do inglês se não fosse por algo relacionado com o cargo que exerce profissionalmente na McLaren?
Há também quem diga que a posse não deve ser motivo de penalização, sendo que para mim esse argumento é algo de perfeitamente idiota. É a mesma coisa que apanhar um ladrão depois de ter assaltado um banco mas deixá-lo seguir porque ele não utilizou o dinheiro, apenas o tinha com ele sabe-se lá para quê.
Como tal, a perda dos pontos e os cem milhões de euros de multa são mais do que adequados para a equipa.
O que é completamente ultrajante é o branqueamento feito a uma conduta absolutamente anti-desportiva por parte do Alonso. A ligeireza com que o espanhol passou por isto tudo está muito acima do que um Pinto da Costa, ou um Valentim Loureiro poderiam alguma vez sonhar conseguir.
O espanhol e o seu compincha Pedro de la Rosa, davam-se ao luxo de traficar informações da Ferrari em pleno fim-de-semana de corridas, chegando ao ponto de saberem até quando é que os pilotos da Scuderia fariam as suas paragens nas boxes. Isso não é só receptação de informação ilegal, é corrupção activa, incentivo a esta e um sem fim de prevaricações abomináveis a um piloto da categoria máxima do desporto automóvel.
Um comportamento destes está para lá do dopping e como tal nada menos que a suspensão imediata do piloto poderia ser considerado como justiça.
Se o queriam amnistiar por, com a maior cara-de-pau ter chantageado a sua equipa e ter entregue informação comprometedora à FIA, então que o deixassem correr sem marcar pontos até ao final do ano, por forma a cumprir os contratos com os patrocinadores, que são os verdadeiros penalizados nesta novela toda.
Poderá este ser um campeão do mundo? Vergonha, nem mesmo os detratores do Schumacher alguma vez puderam acusar o alemão de alguma jogada tão baixa como esta do Alonso.