Wednesday, June 20, 2012

F1 vs BTT

A sala era imaculada, como se de uma morgue do CSI se tratasse. Tudo estava impecávelmente arrumado, entre metaplans, quadros brancos, flip-charts e fotografias tiradas de momentos edílicos do "BBC Vida Selvagem". Lá dentro estava a equipa de gestão de produto da BMW. Uns tipos com o corte de cabelo em dia, com aspecto de quem calça umas luvas cirúrgicas antes de iniciar o acto do amor. Camisa salmão, gravata lilás, camisa bege, gravata jasmim, camisa amarela, gravata laranja...

Neste universo de eternos "pendants" do "pret-a-porter", alguém exclama: "BTT! - é isso, bicicletas de montanha. Vamos fazer um carro que tenha tantas velocidades quanto um bicicleta de montanha."

Experimentei a caixa de oito velocidades da BMW, num 320d, 525d, 640d e achei-a tão redundante que tenho a certeza que a sua génese aconteceu numa cena como a que atrás descrevi.

Oito velocidades, são velocidades a mais! As patilhas atrás do volante, então, não servem para nada. São tantos rapports, que passado um tempo já nem sabemos se havemos de premir a patilha esquerda ou a da direita; e mesmo quando imaginamos que somos o Alonso, durante uma travagem forte, são tantas mudanças que quando acabamos de reduzir, já falhámos a curva. Inútil. Como ter 250 canais por cabo, quando só queremos ouvir as notícias.

No outro dia experimentei um M6 e quando me disseram que a caixa era de sete velocidades, pensei de imediato "mais uma BTT". Enganei-me.

Formula Um - deve ter sido certamente daqui que veio a ideia da caixa de sete. Porquê? Porque de lá veio a ideia de criar aquele V10. Ou veio de lá ou então veio de Chernobyl, ou de outra qualquer central nuclear, porque aquilo tinha potência suficiente para alimentar toda a África subsariana.

É para traduzir o carácter, de um motor, que serve uma caixa de velocidades e não para funcionar como argumento de marketing. Aquele V10 é de tal forma assombroso nos altos regimes, que merece bem uma caixa que permita que o ponteiro ande sempre encostado ao redline. Um conjunto como deve ser, em que o motor é o artista principal e a caixa de velocidades é a partnaire, passando despercebida de forma natural, para não nos distraírmos do que realmente interessa, a condução.

4 comments:

Piolotaço said...

Apesar de não ser um brinquedo como o M3 é de salientar a condução dessa central nuclear: doses de coração elevadas que provocam doses de adrenalina equivalentes...ao mesmo nível do conjunto caixa/motor faz com que se distingam os Homens dos meninos quando se esmaga o acelerador em curva!
Velocidades estonteantes são atingidas num ápice e deixam a sua marca tanto no asfalto como na nossa memória, provocando aquele sorriso de criança quando recebe um rebuçado.
Outra sensação inesquecível foi a de ter batido pela primeira vez a barreira mítica dos 300, ficando a aguardar ansiosamente por mais momentos desses em que a estrada NÃO afunila como dizem alguns (pseudo)entendidos da nossa praça...
E por fim um recado aos gasoleiros: só quero saber se consigo chegar á próxima bomba para atestar com esse preciso néctar que me faz viver experiências incompatíveis com o calcular da média de consumo...

Taxi Driver said...

Depois de um post a tresandar a gasolina e um comment a condizer aguardo com expectativa o comentário do PLAKONA. Será que somos os únicos fogareiros por estas bandas?

PLAKONA said...

Bem, alem do xunnig que já é um vicio, o comentario assenta no facto de um mero 635 d daqui a pouco tempo dar para comprar 2 M6.....os tempos mudaram e como as joias, valem mais as MELHORES.....

Plakona

Pilotaço said...

O melhor é comprares a jóia mais cara e postares aqui a média de 7l/100km... E já agora aproveitares para dizer qual é o sabor do gasóleo qd andas com a capota para baixo!!!
Xuning é comprar um táxi e equipá-lo de forma a parecer aquilo que não é nem será nunca!!!!