O tractor mais rápido do mundo
Às vezes até me custa pensar o quanto é verdade a afirmação de que o motor presente no M550d está no top5 de todos os motores que já experimentei.
Em cerca de 1500kms não encontrei o que apontar a esta soberba obra de engenharia. O melhor elogio que lhe posso fazer é de que parece um motor a gasolina.
Para acabar com os elogios, afirmo aqui que a caixa de oito velocidades que faz conjunto com aquela central nuclear a gasóleo, é a melhor caixa automática de sempre - mesmo se não percebi para que servia a oitava velocidade.
Há quem diga que existe um fosso em baixas, antes da entrada em funcionamento o segundo dos três turbos. Não faço ideia. Se alguém deu por esse defeito é porque não sabe conduzir um carro destes, com o pé no fundo, a fazer bastante rotação e com os turbos todos "com a língua de fora", sem tempo para hesitações.
A caixa não tem falhas, o motor sobe de rotação como nunca antes vi nada que queimasse um combustível para aquecimento de casas, o barulho foi trabalhado por forma a soar como um V8 - mesmo se se trata de um seis cilindros - o binário só tem comparação numa co-incineradora de uma cimenteira e depois daquele arranque de fazer enrrugar o asfalto, ainda temos quase até às seis mil rotações para ultrapassar em muito o dobro do limite legal de velocidade. Sem dúvida o fogareiro mais rápido do mundo.
Ao fim de cada metro percorrido, ficava mais incrédulo, estava ao volante de um marco do automóvel. Ao fim de mais de um século de evolução, finalmente o primeiro motor a gasóleo que não parecia ter evoluído a partir da reforma agrária.
Tanto elogio, tanta coisa surpreendente e quando me perguntaram se comprava, respondi que não. Claro que não.
Um veículo que custa mais de cem mil euros tem que ser muito mais que uma obra de engenharia. Tem que nos fazer sentir mais novos, aí com uns 12 anos. O M550d não me fez ficar nem um segundo mais novo, pelo contrário, envelheci. É preciso ser muito mais velho do que eu, mais pachorrento e desinteressado pela condução, para apreciar um veículo destes.
Sim, o motor é fantástico e a caixa ainda melhor, mas tudo isso quase que fica despercebido pelo facto do carro pesar mais de duas toneladas e de ter um nível de tracção superior ao daquelas osgas com ventosas nos dedos.
Consegue-se perceber o porquê daquela obesidade mórbida, não é um mal da BMW, é um sinal dos tempos, tempos em que um carro tem mais potência acumulada em pesados motores eléctricos que movimentam tudo no habitáculo, do que um utilitário de há vinte anos tinha debaixo do capô. Motores para tudo, bancos, massagens, portas, portões, tejadilhos e por aí fora. Tudo somado, nota-se na balança e ainda mais em andamento - como tentar fazer patinagem artística com o corpo do Manuel Serrão.
Em relação à tracção, ou excesso dela, era também inevitável Porquê? Porque o motor tem tanto binário que a BMW não teve hipótese senão dotá-lo de tracção integral, com tudo o que isso tem de nocivo a quem gosta de fazer umas rotundas com cheiro a borracha queimada pelas rodas traseiras.
Este será porventura o facto pelo qual este motor nunca poderá estar associado a um veículo desportivo, a obrigatoriedade de distrinbuir binário por quatro rodas motrizes.
Em resumo, estilo Paulo Portas:
O motor é do outro mundo? É.
Anda como nunca outro diesel? Sem dúvida.
Serve para alguma coisa? Não.
Só porque não dá para fazer uns burn-outs? Claro, mas alguém quer comprar um desportivo que não consiga fazer aquelas coisas que vemos no Top Gear?
Então qual é a alternativa? Exceptuando aqueles que querem mostrar as letras que estão coladas na traseira, o condutor alvo deste carro fica igualmente bem servido com o 540d ou com o 640d.
Qual é a conclusão? Se querem rejuvenescer cada vez que esmagam o acelerador de um carro, mas têm uma família para transportar, na vossa garagem não cabe um desportivo à séria e estão a nadar em dinheiro, então experimentem o 550d para terem a certeza que o M5 é o carro certo.
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