Friday, October 12, 2007

Carros, só de corridas


O desaparecimento do Colin McRae a bordo do seu helicóptero seguido do acidente do David Richards (felizmente sem consequências) também a bordo deste tipo de máquinas voadoras, deixou-me a pensar na quantidade de pilotos que detém este tipo de veículos e o porquê de tal ocorrência.

O Senna só se deslocava de helicóptero, o Nanini ficou sem as pontas dos dedos a bordo de um, o Schumi delicia-se a bordo do seu Falcon, o Lauda até criou a sua companhia aérea e por aí fora...

Podemos dizer que têm estes meios de transporte caríssimos simplesmente porque podem tê-los. Ou então porque permitem-lhes deslocarem-se com mais rapidez. Não creio no entanto que essas sejam as principais razões, há por aí um senfim de gente endinheirada que quando se quer deslocar, alivia os bolsos em Ferraris, Lamborghinis e Bugattis.

Para mim os pilotos procuram os meios de transporte aéreos pelo simples facto de que em quatro rodas já não há nada que os seduza.

Um Range Rover comparado com um VW Race Touareg a saltar dunas é uma caixa de sapatos, um Veyron a arrancar ao lado de um F1 parece que engrenou a marcha-atrás, o RS4 ao lado do Xsara WRC é um colchão de molas, os travões em cerâmica da Porsche ao lado dos do Audi RS8 parecem-se com gesso e mesmo o melhor dos melhores pneus de estrada quando colocado ao lado do pior dos slicks, parece que foi construído em contraplacado.

Pensar que mesmo carros como o M3 CSL ou o 911 GT3RS, podem dar ao condutor a noção do que é um carro de corrida é como servir patê de sardinha para dar ideia do que é uma caldeirada.

Os carros de corrida são feitos para a eficácia máxima durante o curto período das corridas, sem compromissos, numa lógica em que se sacrifica tudo em função do resultado. A habituação a tal excelência mecânica proporciona episódios como o do Senna a bordo do NSX - com carro para além do que seria fisicamente possível ele mantinha aquele ar enfadado como o de quem procura lugar no parque do hipermercado - ou o do Schumacher a sair de dentro do 575M e suspirar que era um carro engraçado.

É por isso que os pilotos não se interessam pelos veículos de quatro rodas do dia-a-dia, porque simplesmente estes não lhes despertam qualquer emoção.

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