Tuesday, August 24, 2010

Trapaça



Não tenho grandes pruridos em assumir que o Senna não era o protótipo do fair-play, não era um "gentleman driver". Não há grandes dúvidas em afirmar que ele ceifou o Prost na primeira curva para garantir desde logo o título mundial. Poderá dizer-se que foi com trapaça. Não foi nesse sentido que disse que o Schumi era trapaceiro.

O Ayrton nunca evitou confrontar-se com os seus actos mais desleais. Sempre assumiu friamente as suas acções, como mais um meio para atingir o objectivo final, a vitória. O Schumacher é sonso, dissimulado, cínico. Provavelmente a diferença não é grande, ambos davam tudo para ganhar, mas a forma como o praticavam era diferente.

Temos, hoje na F1, outros pilotos que fazem quase qualquer coisa para ganhar, casos do Alonso ou do Hamilton, mas analise-se a época até agora e compare-se a conduta de cada um. Nenhum deles teve acessos de "chico-espertice", estilo o Schumi no Mónaco, no Canadá ou agora na Hungria. Sendo que o alemão não admitiu nenhum tipo de desvio à sua conduta em nenhuma das situações. O habitual.

Certo é que pilotos daqueles que se possam considerar exemplos do "fair-play", modelos da ética ao volante, há muito poucos a ganhar e nunca o conseguem fazer de forma continuada. Nos últimos vinte anos, lembro-me de um Button, Villeneuve, Hakkinen, Damon Hill e Nigel Mansell. Nada mais.

Há para mim um desvio de carácter entre o Schumi e o Senna. O mesmo que existe entre o espertalhão e o audaz.


***

Opinião:

De uma forma geral concordo com tudo o que escreves excepto:

1. Mais uma vez misturas tudo: que o Schumacher foi “Chico-esperto” no Canadá e na Hungria tudo bem. Comparar estas duas situações com o que se passou no Mónaco é incorrecto e impreciso.
2. Realmente o Schumacher nunca assumiu as “trapaças” que fez. Mas devias conhecer um pouco melhor a cultura germânica. Sabes bem que para estes indivíduos admitir erros, pedir desculpa,… não são coisas banais como acontece com os latinos. Ainda hoje lhes custa admitir o erro que foi a II Guerra Mundial.
3. Não poder comparar a conduta do Alonso e do Hamilton com a do Schumacher só mesmo este ano. Mais uma vez, memória não é uma coisa uma apreciada por estas bandas. Já te esqueceste do que o Hamilton fez em Melbourne no ano passado (com o Trulli e o Safety Car).

Para concluir, penso que escolheste muito bem a fotografia. Tinha-te ficado bem teres gasto duas linhitas com aquele que proporcionou ao Senna ser tão admirado por tanta gente.

Gonçalo

1 comment:

Gonçalo said...

De uma forma geral concordo com tudo o que escreves excepto:

1. Mais uma vez misturas tudo: que o Schumacher foi “Chico-esperto” no Canadá e na Hungria tudo bem. Comparar estas duas situações com o que se passou no Mónaco é incorrecto e impreciso.
2. Realmente o Schumacher nunca assumiu as “trapaças” que fez. Mas devias conhecer um pouco melhor a cultura germânica. Sabes bem que para estes indivíduos admitir erros, pedir desculpa,… não são coisas banais como acontece com os latinos. Ainda hoje lhes custa admitir o erro que foi a II Guerra Mundial.
3. Não poder comparar a conduta do Alonso e do Hamilton com a do Schumacher só mesmo este ano. Mais uma vez, memória não é uma coisa uma apreciada por estas bandas. Já te esqueceste do que o Hamilton fez em Melbourne no ano passado (com o Trulli e o Safety Car).

Para concluir, penso que escolheste muito bem a fotografia. Tinha-te ficado bem teres gasto duas linhitas com aquele que proporcionou ao Senna ser tão admirado por tanta gente.