F1 2014

2014 foi o ano do Hamilton. Porque ganhou o campeonato, mas mais pela forma como ganhou. Contra um Nico no topo da sua forma, contra um alemão numa equipa alemã. Um Hamilton maduro, capaz de se manter calmo durante grande parte das adversidades, como se viu na última corrida do ano, a corrida do título, quando mesmo perdendo a pole para o colega e rival, manteve-se no topo "do seu jogo" para arrancar de forma fulminante e acabar logo ali, no arranque, com as esperanças vitoriosas do filho do Keke.
Se o Nico não desiludiu - muito pelo contrário, não tivesse ele que partilhar a "garagem" com o Hamilton e seria um justo campeão do mundo - quem surpreendeu mesmo muito foi o Ricciardo. Que surpresa e que confirmação de pilotaço. Abafou o Vettel e tudo o resto. Não fosse um Red Bull muito abaixo dos Mercedes e teria lutado pelo título. Novamente, que piloto!
Referências positivas para o Bottas e Hulkenberg. Negativas para o Magnussen, que apesar da velocidade não mostrou classe para ali estar e para o Grosjean, que quando teve carro nunca esteve lá. Depois foi quase tudo mediano, com alguns louvores para os Williams e para o Alonso. Digo quase, porque Red Bull e o Vettel estiveram mal e a Ferrari esteve péssima, medíocre mesmo. O Kimi desapareceu, ou melhor, a certa altura retrocedeu. No entanto, no seu caso como no do Vettel, acho que o problema não está todo no piloto, uma vez que estes não desaprendem e estamos a falar de campeões do mundo. A Red Bull ainda foi capaz de entregar um carro amiúde competitivo, já a Ferrari nunca conseguiu ter um carro de Top5 e não fosse o génio do Alonso coisa poderia estar muito pior, o que não é algo fácil de imaginar - como é que aquilo poderia acabar pior?
Este presidente do grupo FIAT é completamente lunático, com tiradas a roçar a incompetência. Apesar da esperança de ver os carros vermelhos novamente no topo, na verdade não espero nada de muito bom nos próximos tempos. O pior é que já nem sequer falo da equipa de F1, pois as jogadas de venda de parte da empresa do Cavalino para pagar a dívida comprada à Chrysler e entretanto acumulada na FIAT, não traz nada de optimista. Grande parte do segredo dos últimos vinte anos na marca dos carros vermelhos tinha sido a estabilidade accionista, directiva e a independência do resto dos devaneios do grupo FIAT. Infelizmente, nos próximos anos não se espera nada de bom pelos lados de Maranello. Volta Luca, estás perdoado.
Por falar em excessos directivos, acho que já está mais que na hora do Bernie pedir a reforma. Ainda que tenha sido ilibado do processo que corria na Alemanha, a verdade é que o duende está para lá do prazo. Não sou ingrato e como fã da F1 reconheço a tarefa épica que este teve durante anos e que colocou o desporto num nível absolutamente inimaginável. Mas já chega, acho que está cansado ou então é o resto do mundo que está cansado das tiradas de burgesso, de ditadorzinho, de retrógrado prepotente. Ele não faz tudo bem, como ninguém faz, mas não aceita esse facto, a culpa é sempre dos outros e já são mais as vezes que falha do que as que acerta. Veja-se o campeonato deste ano, comparado com os últimos três. OK, ele vai dizer que quem faz o regulamento técnico é a FIA e que ele nada tem a ver com esta coisa destes carros que nem barulho fazem, mas isso é a resposta habitual da sua soberba. Se ele é quem manda no campeonato deveria ser mais competente antes de deixar os engenheiros da FIA espiarem as suas frustrações nas regras da F1 sempre que esta está a ter algum tipo de corridas bem disputadas. Depois houve a vergonha de ter equipas sem conseguirem participar em todas as rondas do campeonato, pura e simplesmente porque as exigências deste estão a anos luz da realidade das equipas de uma forma geral - a bem dizer o campeonato que o duende organizou este ano só serve quatro equipas, Red Bull, McLaren, Mercedes e Ferrari.
No global, 2014 foi um mau ano para a F1. Ficarão para a história as boas disputas do Hamilton com o Rosberg e o título do primeiro. O segundo perdeu a sua hipótese de ser campeão do mundo e acho que não terá outra.
Parte do mundo Cafe Racer está de luto. Pelo menos a parte mais recente desta comunidade, a da moda das calças dobradas e dos Belstaff, a parte mais estilística, que é tão válida como qualquer outra, mas que se presta mais a ser jocosamente comentada.
A empresa que produzia os capacetes Ruby abriu falência e com ela muito provavelmente nunca mais veremos os famosos capacetes de mil euros.
Era uma espécie de Louboutin dos capacetes, que eu até gostava. Nunca tive nenhum, provavelmente nunca terei, mas gostava de ver.
Enfim, apenas mais um ícone recente que irá desaparecer.
O Rali de Portugal de volta ao norte, ainda que a Guimarães e não a Fafe, como muito se cogitou. Para mim, um erro. Um erro duplo.
O Norte do País é demasiado acanhado, apertado, exíguo para uma prova desta dimensão se realizar com a serenidade com que se realizou nos últimos anos no Algarve.
Como país a aposta faz sempre mais sentido no Algarve, para tentar compensar alguma da sasonalidade do turismo balnear. Há sempre o argumento do público, que está em maioria no Norte. Os verdadeiros fãs farão sempre 500 ou 600 kms para ver o seu desporto de eleição. Os outros, os simpatizantes, são aqueles que acabarão por estragar o rali a norte. São demasiados, pouco respeitadores, pouco conhecedores e com motivações que vão muito para lá dos carros.
Da mesma forma que sempre rumei a Sul, agora rumarei também a Norte, onde reencontrarei os mesmos amigos de sempre, aqueles que seguem o rali para onde ele for. Reencontrarei também muitos outros, aqueles que quanto a mim acabarão por tirar ao Rali de Portugal aquela dimensão que encontrou no Algarve, aquela dimensão de Mundial, ainda que com menos gente junto à estrada, apenas a gente suficiente. 


Custa muito ver pessoas que tiveram contribuições inestimáveis para a sociedade perderem, com o passar da idade, a noção de quando devem estar calados, veja-se o caso do nosso ex-presidente Mário Soares.
O problema com Helmut Marko é que este nunca teve nenhuma contribuição para o bem comum que deva ser mencionado, no entanto, o nível de idiotice das suas afirmações continua a aumentar, de forma quase exponencial à sua idade.
Por mais que me digam que os acidentes acontecem, neste caso acho que não deveria ter acontecido.
Porquê? Porque uma grua, outro qualquer veículo, ou mesmo um comissário de pista, nunca poderão entrar para lá das barreiras de protecção enquanto os carros estiverem em ritmo de corrida. Aceitaria apenas a entrada da grua para retirar o Sauber, caso o safety car estivesse já com os carros agrupados atrás de si.
O que ocorreu foi facilitismo. Foi acreditar na sorte. Aceito que a profissão de piloto de F1 é das mais arriscadas do mundo, mas isso só deverá ser aceitável quando o risco que os pilotos correm se deve às velocidades que alcançam e nunca devido à negligência dos comissários ou outro qualquer interveniente intempestivo.
Uma coisa é perder a vida porque se estava a dar o seu melhor, no limite da velocidade. Outra coisa é perder a vida porque um tipo entrou com um Caterpillar em pista.
Bem aventurado sejas, Bianchi.















