Sunday, January 31, 2010

As 49 mais belas máquinas de quatro rodas - Alfa Romeo Brera (42)


Numa lista como esta encontramos verdadeiros ícones de beleza e elegância automóvel. Algumas das viaturas que aqui figuram, em determinados momentos, são simplesmente perfeitas. Há outras que não podendo concorrer com as anteriores pela pureza das linhas, aqui marcam presença pelo seu conjunto, pelo que significam e representam ou pelo que nos transmitem, todos os dias, numa qualquer estrada junto de nós.

Há por aqui muitos veículos de quatro rodas que são como a Nicole Kidman, que no sítio e no momento certo, numa passadeira vermelha quando da entrega dos Óscares, transmite aquele sentimento de perfeição divina.

Outros estão aqui por serem do mais terreno possível, que passam pelas trivialidades do dia-a-dia sem nunca deixarem de nos emocionar ou de nos suscitar o sentimento de desejo mais primário e selvagem. São como a Monica Bellucci, sempre estonteantes em qualquer ocasião, seja numa passadeira vermelha, numa cena de violação rodada num buraco qualquer ou num vão de escada de esfregona na mão. Para vincar a diferença, imaginem a cena piedosa que seria ter a Nicole a servir traçadinho e pasteis de bacalhau, atrás do balcão duma tasca em Aljustrel. Na mesma cena coloquem agora a Monica com o avental decotado e imaginem a experiência inesquecível que seria beber uma taça de tinto servido pela escultura italiana.

O Alfa Romeo Brera é a Monica Bellucci do mundo dos carros. A passar numa viela em Alfama, estacionado em cima de um passeio qualquer, a cruzar a marginal ou de mala aberta a carregar legumes no mercado do Bolhão, o Brera é sempre belo e sensual. Nunca li nada de especial relativamente às suas capacidades dinâmicas, mas o que é que isso interessa (?), este é um daqueles carros que se compram com o coração ou com qualquer outra parte do corpo que não a razão.

O Brera é um símbolo da arte e da criação do homem em qualquer momento, ocasião, estrada ou lugar. É daqueles carros que faz sempre sentido, cuja beleza não tem caprichos. Possui aquela presença que só se encontra em alguns super-carros e por menos de 50 mil euros não se compra nenhuma outra obra de arte. Seguramente uma das 49 mais belas máquinas de quatro rodas.

Sunday, January 24, 2010

AJP Xutos e Pontapés


Andamos numa onda de orgulho luso, depois das boas prestações no Dakar, do facto do Helder ter levado uma mota "feita" por cá, do Bruno ter estado muito bem no Monte Carlo, lembrei-me de realçar o lançamento da AJP versão Xutos e Pontapés.

Não que uma versão à volta da mítica banda portuguesa seja muito relevante, mas porque este lançamento nos lembra a todos que a AJP dá cartas, para aí há uns vinte anos, num sector em que normalmente só aparecemos por miragem. A AJP está no design, na concepção e na construção das motos.

Para além o "milagre" de colocar nos stands uma moto "made in Portugal", a marca lusa ainda o consegue fazer com muita genialidade, pois as suas criações têm muito de inovação e soluções inteligentes.

Caso único na inexistente industria motociclística nacional e muito raro na pasmaceira empresarial portuguesa. Merece destaque por tudo o que é e também pelos Xutos e Pontapés.

Saturday, January 23, 2010

Os ralis nunca mais serão o mesmo


Ainda estamos no início do ano e a fasquia do espectáculo automóvel já está a um nível muito difícil de ultrapassar. O Rali de Monte Carlo sempre foi um dos pináculos do automobilismo, muito para além do glamour do principado, a prova monegasca sempre foi A verdadeira prova de ralis. Especiais por entre a neve, o gelo, com chuva ou piso seco, de dia ou de noite, fazem com que por aquelas paragens se encontre a essência das provas de estrada.

Este ano, para além das tradicionais características do percurso, tivemos ainda muita gente a lutar pelos primeiros lugares, tivemos carros em estreia e tivemos, pela primeira vez na história deste desporto, uma verdadeira cobertura mediática.

Há muito que se falava disto, também aqui neste espaço, de que a solução para os ralis passava por transportar para o sofá todo o desenrolar da prova. O canal Eurosport fez a cobertura praticamente integral da prova, quinze em dezasseis classificativas, com uma quantidade de meios tal que nos permitiu seguir todo o rali sentados no sofá.

A noite de Sexta-feira vai-me ficar para sempre na memória: não por ter estado no Turini aquecido por uma das muitas fogueiras à beira da estrada enquanto esperava por ver o Bruno passar, mas por ter estado no sofá a acompanhar em directo todo o desenrolar da mítica classificativa, por dentro do carro da Peugeot Portugal e a ouvir o Carlos Magalhães a dar notas e a controlar os tempos parciais dos adversários.

Não é a televisão que faz um desporto mas ajuda e complementa. Na Sexta à noite para além do cenário fantástico, dos carros e dos pilotos, assisti ao melhor desporto do mundo, também porque como muitos outros, o pude fazer a partir de minha casa.

Sunday, January 17, 2010

Vitória sem entusiasmo


A vitória do Sainz é inquestionável e mais do que merecida. No entanto, apesar da épica conquista, praticamente imaculada e isenta de erros, o espanhol pareceu-me um piloto apagado, sem chama.

A mesma sensação ficou-me ao ver as imagens do final da prova, em que o campeão do mundo mal esboçou um sorriso. É certo que se trata de uma pessoa reservada e pouco efusiva, mas o comportamento na vitória ficou muito aquém daquilo que lhe conhecemos, de um piloto simpático e atencioso. Pareceu-me apagado e distante.

Saturday, January 16, 2010

Euromotorsport


O Dakar chegou ao final e ao fim chegaram também aqueles quarenta e cinco minutos diários que nos permitiam acompanhar a prova sem perder pitada do que se passava à volta dos Andes. Três quartos de hora que nos maravilhavam com as imagens dos bólides a cruzarem paisagens absolutamente incríveis. Nós devemos esses minutos de emoção diária ao canal Eurosport e a organização do Dakar deve-lhe tão só a existência. Se não fosse o canal desportivo ninguém iria para o outro lado do Atlântico correr numa prova com o nome de uma terra que está noutro continente. Da mesma forma, também ninguém foi correr numa prova que até se realizou no continente africano, a Africa Race, porque o Eurosport não estava lá.

Não é só a organização do Dakar que deve muito ao Eurosport, de forma geral todo o automobilismo e motociclismo deve muito a este canal, pois tem sido quem mais tem feito por estes desportos nos últimos vinte anos.

Se no TT se pode dizer que o Dakar existe, tal qual o conhecemos hoje, porque tem a cobertura do Eurosport, o mesmo se pode dizer nas motos relativamente às Superbikes - onde existem mais equipas oficiais que nas MotoGP - nos ralis relativamente ao IRC e nas pistas relativamente ao WTCC, entre outros como as 24H de Le Mans.

As entidades federativas têm que agradecer e muito a aprender com o serviço que o canal europeu tem feito em prol do desporto motorizado.

Sunday, January 10, 2010

Prémio Aquecimento Global



A Serra da Estrela deve ter a única estância de ski do mundo que fica inacessível sempre que neva.

Quando há por aqueles lados condições para esquiar desaparecem de imediato as condições para se lá chegar. Sabe-se lá porquê, mas o limpa-neves ainda é um animal estranho por estas terras.

Homenagem seja feita a quem quer que seja o responsável pelas condições das estradas em Portugal, que ano após ano consegue isolar pessoas, estâncias de ski, vilas e cidades com pouco mais do que uns singelos farrapos de neve.

Saturday, January 09, 2010

O Carlos Sousa já merece um prémio



Para mim, a participação deste ano do Sousa já merece um prémio, o de ter o carro mais bonito. O Lancer já era um caso de invulgar sentido estético no mundo da competição, mas a decoração do carro do piloto de Almada veio realçar em muito os belos traços da viatura japonesa.

Para além da elegante viatura, o português levou também muita condução até à América Latina e não fosse um regulamento feito especialmente para o penalizar, em conjunto com os já mais do que recorrentes problemas de navegação (ou deveria dizer navegador?), estaríamos em face a um concorrente sério a um lugar no pódio.

PS: não quero aqui abordar a inconstância dos habitantes do banco direito nos carros do Carlos Sousa, apenas queria realçar a ideia de que no dia em que ele "atinar", em que se "entrosar", em que dê continuidade a um navegador, então será um caso sério de competitividade em qualquer Dakar que participe com o mínimo de condições.

Saturday, January 02, 2010

A Saab e o Telemark Ski



Sempre pensei que apareceria alguém à última da hora para salvar a Saab. Parece que não, a marca sueca vai mesmo desaparecer. Mais uma vítima da incompetência americana - a GM comprou a companhia escandinava há uns anos atrás e transformou algo que era rentável então em algo sacrificável hoje em dia.

Só conduzi um Saab uma vez e a única coisa que me ficou na memória foi o facto do canhão de ignição ser junto ao selector de velocidades, entre os bancos, mesmo ao lado do travão de mão. No entanto, mesmo fazendo carros que estiveram sempre tão desajustados para os entusiastas da condução como a Manuela Ferreira Leite estaria num anúncio de produtos de beleza, é com pesar que vejo a extinção desta marca.

Podiam não ser os mais rápidos, nem os mais bonitos, certamente que não eram os mais baratos, mas tinham muitas particularidades que justificavam as quase cem mil unidades que vendiam todos os anos. Eram diferentes, para pessoas que acima de tudo valorizavam essa diferença.

Um Saab lembrava-nos que podemos ter a nossa individualidade, o direito à diferença, de uma forma acessível, prática, racional, sem extravagâncias, numa era em que quase tudo parece feito para ser igual, formatado, standard.

Optar por um Saab é como optar for fazer "Telemark Ski". Não é a modalidade mais prática, nem a mais rápida, nem sequer percebo bem porque é que alguém há-de andar na neve de forma tão idiota, mas sempre que me cruzo com algum destes esquiadores "desviados", não deixo de parar e ficar a admirar o gozo, a satisfação com que ele desliza, orgulhoso também por ser diferente.

Como será quando toda a gente fizer apenas "carving ski"? Quando os lenços papel substituírem os de pano e as gravatas acabarem com os laços. Como será quando já não pudermos escolher um Apple ou uma Leica? Que mundo a preto e branco será esse em que já não vemos homens de pochette, onde já ninguém masca tabaco ou usa relógio de bolso?

Por mais que as marcas generalistas nos tentem convencer do contrário, a verdade é que gostamos de celebrar a nossa individualidade também naquilo que usamos ou consumimos. Com a extinção da Saab essa individualidade ficou um um pouco mais limitada.