Sunday, October 31, 2010

Orgulho Luso



Tenho recebido alguns e-mails sobre o facto de não ter falado deste ou daquele feito português no mundo do automobilismo. Este espaço tem uma política editorial muito própria, basicamente escrevo aquilo que me apetece, mas hoje tive um acumular de orgulho luso.

Filipe Campos, o mais recente campeão nacional, novamente um dos mais merecidos de sempre. Não é por agora andar com um X3 que tenho um prazer especial em ver este piloto vencer, este regozijo vem de há muito, desde a primeira vez que o vi correr. O Filipe Campos é, muito provavelmente, o melhor piloto de TT que até hoje tivemos, por pouco não passou ao lado de uma grande carreira e hoje recolhe os louros de alguém que é especialmente dotado para aquilo que faz. Não faço ideia o que será a YSER, mas abençoada hora que decidiu colocar alguém que sabia o que fazer com a "argola" dentro do BMW X3. Pena é, se esta senda vitoriosa não tiver hipótese de vingar também lá fora.

PS-TT: hoje também foi coroado em Portalegre, numa prova à antiga, o polaco Holowczyc, já anteriormente agraciado com o título de campeão europeu de ralis, assim como o Filipe, um dos pilotos que me ficou na memória depois de o ter visto andar. Pilotaço.

Pedro Lamy e João Barbosa. O primeiro é o melhor piloto de circuitos que já formámos neste pequeno país. O segundo é um daqueles exemplos dos quais nos devemos orgulhar, orgulho luso. João Barbosa é um grande piloto, mas como muitos outros, que incrivelmente ainda criamos no nosso paupérrimo panorama motorizado, viu-se sozinho e sem apoios, tendo que fazer pela vida, mesmo que isso significasse abandonar a tradicional carreira automobilística no velho continente. Arregaçou mangas, fez-se à estrada e passados para aí uns dez anos, é piloto conceituado não só nos EUA como por esse mundo fora onde houver uma corrida de GTs. Nas terras do tio Sam, estes dois pilotos nacionais são conhecidos como a nata da arte da condução, são portugueses e devem encher-nos de orgulho por isso.

Miguel Oliveira. Custa-me até falar do nosso Rossi, de já tantas vezes ter aqui louvado os seus dotes. Parece que para o ano terá um contrato para correr no mundial de 125cc. Não me surpreende. A quase todos os pilotos nacionais é exigido algo a mais que aos outros para poderem competir contra os melhores do mundo. O Miguel Oliveira e o pai tiveram que fazer sacrifícios para estarem onde estão hoje, mas sempre soube que um talento daqueles acabaria por ser recompensado. Não estamos a falar de um piloto com jeito para a coisa, estamos a falar de um sobredotado. Se tiver sorte com a equipa e se conseguir ultrapassar as mudanças que a puberdade sempre trazem, que ninguém tenha dúvidas que estamos a olhar para um piloto com potencial para chegar ao MotoGP e fazer boa figura. Disse o mesmo do Parente e não me enganei muito.

Por falar em Álvaro Parente, nem vou falar muito dele. É o piloto que sempre prometeu ser, em todos os aspectos. Dá gosto vê-lo correr, seguro, sem peneiras, terra-a-terra, robusto e virtuoso. Provavelmente nunca chegará à F1, mas isso é só culpa de de todos os outros, porque ele fez e continua a fazer tudo o que humanamente poderia ser exigido.

Bernardo Sousa. Vi-o correr há duas semanas, em Mortágua e não gostei. Estava, muito provavelmente condicionado pela necessidade de conquistar o título nacional, mas mesmo assim já vi muito melhor ao madeirense. Senti falta da fogosidade, da loucura, da vertigem com que ele brindava o público a cada passagem. De qualquer das maneiras, os parabéns pelo título. Em especial a ti, Rodrigues da Silva, por mais uma conquista.

Achei piada ao Pascoal dizer que com o Ford Fiesta S2000 também teria sido campeão. Não que não haja ali um fundo de plausibilidade, mas se eu ou qualquer um de vocês tivesse a mesma afirmação, também não seria menos verdade.

Somos um país pequeno, com condições pouco mais que sofríveis, com uma federação ao nível de um país como a Libéria ou Burkina Faso. Somos pouco mais de dez milhões, sem dinheiro, formação, ou qualquer outro factor que pudesse justificar o que quer que fosse no panorama motorizado mundial e no entanto, lá estamos nós, a dar cartas, a exigir respeito pelos feitos conquistados. Não é só de José Mourinhos e de Cristiano Ronaldos que este país tem que se orgulhar, também temos Lamys, Barbosas, Araújos, Parentes, Felix da Costa e muitos mais que nos dizem com muitas letras que, somos capazes.

Sunday, October 24, 2010

A minha dava um anúncio automóvel - Almost Harley


Há quem nunca ouse concretizar um sonho que seja. Duvido muito de quem suspira por uma Harley, mas gostos não se discutem e a vida é muito curta para ser feita de suspiros. Vale sempre a pena, quando a alma não é pequena.

Prémio Zandinga - Vou ganhar o campeonato (Alonso, Julho 2010)


O que aconteceu hoje na Coreia não era expectável. A vitória era para o Vettel e era merecida, dominou até o motor ter rebentado, sem erros nem hesitações. Em condições normais, o alemão teria ficado com o primeiro lugar no campeonato, o que já não se pode dizer que tivesse sido assim tão merecido.

Quem ficou com a liderança foi o Alonso e se para mim o melhor piloto da temporada tem sido o Webber, também não posso dizer que o primeiro lugar fique mal ao espanhol. Independentemente de tudo de mal que o Alonso representa, há que relevar que em Julho estava a 47 pontos da liderança, quando faz esta afirmação: "Vou ganhar o campeonato!"

Ora, a duas corridas do final, encontra-se já à frente e com mais dois pódios acredito que possa levar o caneco. Não consigo deixar de ser vermelho quando escrevo estas linhas, mas não é por isso que deixa de ser verdade que a Ferrari tem feito um trabalho brutal nesta segunda metade do ano. O carro não tem sido o mais rápido, mas consistente o suficiente para estar sempre entre os primeiros.

PS: por mais que pense não consigo arranjar justificação para o circuito coreano. Enquanto na Europa o Bernie obriga as organizações a mover o mundo para melhorarem os circuitos, nomeadamente no aumento das escapatórias, no oriente constroi-se uma pista de raiz praticamente murada em todo o seu perímetro. A pista coreana, era estreita, lenta, com bossas inacreditáveis, sem capacidade de drenagem e ainda por cima murada, não permitindo nada aos pilotos. Acho que nem Valência será tão aberrante. É por estas e por outras que o "duende" inglês é o que é e todos os outros, ao pé dele, são o que são, uns burros.

Saturday, October 16, 2010

Afinal acho que vai deixar saudades



Nunca fui grande adepto do IRC - quem viu este campeonato há dois anos atrás não deixou de sentir alguma desilusão, por os carros terem tanto chassis para tão pouco motor - no entanto tenho que reconhecer que a minha opinião tem mudado muito, para melhor. Os carros estão muito melhores, principalmente com a nova geração de Skodas e Fords, as coberturas televisivas são de excelência, muito à frente do WRC e o plantel é assinalável. A ver vamos se a FIA não estraga tudo outra vez com as novas regras do WRC. De qualquer das maneiras, com o "novo" WRC, julgo que o IRC como o conhecemos hoje, está morto.



***

opinião:

Há algum tempo eu disse que receava do que iria acontecer se as duas classes convergissem para o mesmo - os S2000 e WRC. Ora aqui estamos...
O IRC pode ressentir-se, mas o pior neste caso acho que acaba por não ser essa aproximação regulamentar, já que os "motores globais" até são uma boa ideia, mas o facto da FIA não esclarecer o que são afinal os Super Produção, que condições terão e em que pé ficam os S2000 actuais e como podem estes ombrear com os Mitsubishis e Subarus que por aí andam. O (relativo) sucesso dos S2000 acho que se deveu, principalmente, à clareza na definição do seu "modelo". Falta isso agora.
Noutra vertente, acho que a FIA não está a apostar o suficiente em tornar o desporto verde. E acho que isso também irá, a prazo, matar os ralis. Compreendo que não quiseram fazer o gosto à Citroen que até já tinha um protótipo, porque iriam afastar a Ford, mas haveriam outras marcas que com certeza se aproximariam. E, dessa forma, também se poderiam destacar dos carros Super Produção. (sim, os custos iam disparar de novo, mas as marcas podiam capitalizar esse conhecimento nos carros de série, e a verdade é que caros estes WRC 1.6T vão ser na mesma...)

autoemocion

BMW no seu melhor

Wednesday, October 13, 2010

25 anos M3 - O mais belo da família



O E46 é para mim o mais belo membro da família M3. Para além do último grande motor seis em linha aspirado, aquela carroçaria como que parecendo esticada sobre um chassis musculado tornam-no num memorável ícone motorizado.

Sunday, October 10, 2010

Momentos de antologia - Kobayashi no GP do Japão 2010



Bastas vezes elogiei a condução do Kobayashi, mas hoje o piloto da Sauber excedeu tudo o que alguma vez possa ter escrito ou dito sobre ele. Foi simplesmente soberbo no seu GP do Japão. Ultrapassou meio mundo, por dentro e por fora, rápidos e lentos, sempre com a mesma mestria. Quem disse que não havia ultrapassagens na F1?

***

opinião:

Foi bom ter acordado às 6h45 da manhã, para ver a excelente transmissão da RTL (claro que não "pesco um boi" de alemão...) e ter-me empolgado com a fantástica exibição do Kobayashi. A cada ultrapassagem deste pilotaço, cerrava os punhos, levantava-os e dizia Yeaah! Baixinho, para não acordar a familória!!! E mais 5 voltitas houvesse, lá ia o Schummy, ai isso ia...
Desde o seu 2º GP, Abu Dhabi 2010 quando fez um impressionante 6º lugar, e a comer de cebolada o Trulli, seu companheiro da Toyota, que me tornei fã instantâneo do Kobayashi! Carreira a seguir com atenção. Parece-me que a Sauber não o vai aguentar muito mais tempo. Um lugar competitivo pode ser na Renault em 2011...
O Presidente

Essência desportiva



Já antes aqui postei este video do Patrick Snijers ao volante do seu M3. Volto a fazê-lo porque é o que melhor transmite a essência desportiva dos carros de Munique.

O E30, para além dos ralis, correu em tudo o que foi autódromo por esse mundo fora, ganhando tudo ano após ano, muito para além da natural vida útil de um automóvel de corridas. O E36 teve pouca expressão no automobilismo, somente alguns troféus nacionais e alguns curiosos que decidiram utiliza-lo onde os regulamentos permitiam um motor com 3.2 litros. Do E46 também pouco se viu nas pistas, apenas uma "extra-terrestre" versão GTR equipada com motor V8 - por estas alturas a BMW gastava todas as suas energias na Fórmula 1, esforço esse que trouxe apenas vergonha e desilusão.

É com gosto que hoje vejo o E92 GT2 a correr por tudo o que é corrida de GTs. A marca bávara volta a honrar a sua história e identidade.

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opinião:

As recordações dum certo Rali de Portugal em que o Marc Duez fez maravilhosas derrapagens controladas com o seu M3 E30 patrocinado pela "Fina". As minhas velhas gravações em VHS, feitas por uma JVC dos idos de 80's, um dia destes vão ser revisitadas...
O Presidente

made in Facebook



Vejo sempre com bastante curiosidade tudo o que sai do virtual da internet para se materializar na vida real. Impressionado fico quando observo o poder de coisas como o Facebook. Um grupo qualquer desse antro social, a que alguns chamam rede, decidiu votar para que a Audi construísse uma versão de corrida do TT-RS. Segundo as últimas notícias, a marca alemã vai mesmo lançar um destes TT na próxima corrida de endurance no Nurburgring.

Saturday, October 02, 2010

BMW M3 - 25 anos de glória



Celebram-se por estes dias 25 anos para duas icónicas marcas de automóveis. Há 25 anos atrás a Volvo lançou o 480 e a BMW lançou o primeiro M3. Estes acontecimentos marcaram indelevelmente ambas as marcas. A Volvo passou a produzir apenas viaturas de tracção dianteira, enquanto que a BMW redefiniu o conceito do carro desportivo derivado de uma berlina de grande produção.

Estes dois acontecimentos dizem muito das duas marcas. A Volvo cedeu a sua, até então, identidade de veículos seguros de tracção posterior por uma solução economicamente mais praticável, mas que levaria à sua própria banalização e consequente queda, sendo salva já à beira da extinção por uns novos-ricos orientais.

A BMW lançou o primeiro M3 por necessidade de homologação de uma versão competitiva para as corridas. Foi esta a génese do ícone primeiro da BMW Motorsport, a necessidade de ser mais competitivo, mais rápido. Em 25 anos, as sucessivas gerações do M3 mostraram serviço tanto nas pistas como nas estradas do dia-a-dia. Mesmo o mal amado E36, deu-nos fantásticas corridas no Autódromo do Estoril, no último grande troféu monomarca organizado em Portugal.

O M3 representou sempre o melhor de todos os mundos automóveis. Provavelmente os melhores motores atmosféricos do mundo, com o equilíbrio perfeito de um tracção posterior e motorização dianteira, associado à praticalidade e robustez de uma berlina de grande produção, tudo embrulhado num misto de descrição, agressividade e raça desportiva.

Foi bastas vezes intitulado como o anti-911, só que com uma bagageira e quatro verdadeiros lugares. Nunca partilhei desta opinião. Quem compra um M3 não o faz pela habitabilidade ou pela capacidade de carga, isso são argumentos para quem compra uma Renault Espace.

O M3 distancia-se em muito do 911, são incomparáveis. O 911 é um carro que nasceu mal, com o motor montado no sítio errado. Se hoje é o carro que é, tal deve-se ao incessante trabalho dos engenheiros de Estugarda, ao longo de mais de quarenta anos, conseguindo disfarçar o indisfarçável. Mais ou menos como a Luciana Abreu ou como a Ana Malhoa, não nasceram propriamente bem feitas, mas depois de uns valentes retoques até dá para aparecerem na capa da Playboy. O M3 é diferente, em qualquer uma das suas gerações, nasceu sempre bem, com tudo no sítio certo, como a Giselle.

Passados 25 anos o E30 ainda faz suspirar muita gente, assim como todas as subsequentes gerações. Dizem que no futuro já não terão os fabulosos motores aspirados, serão sobrealimentados. Quem está habituado utilizar o pé direito como um bisturi na forma de conduzir, estará certamente apreensivo com esta perspectiva. Os motores turbo não são propriamente conhecidos pela linearidade ou pela precisão de resposta ao acelerador, mas afinal se os magos da Motorsport conseguiram maravilhar-nos durante 25 anos a fio, não será agora que nos irão desapontar. Abençoado sejas M3.