Há quase vinte anos atrás sonhava com uma Aprilia AF1 com aquela pintura replica das motos de corrida, que tinham como principal patrocinador a Alitalia. Desde então, foram poucas as motos com decorações tão brilhantes e não mais ansiei por nenhuma moto que se parecesse com as das corridas.
Não é que este ano a Aprilia é novamente patrocinada pela transportadora aérea e a já de si muito apetecível RSV4 ficou ainda mais tentadora.
Uma corrida do outro mundo foi o que vi hoje com o nascer do sol. Com corridas assim quem é que se importa de se levantar de madrugada?
Simplesmente do melhor que a F1 já produziu em toda a sua história.
Não haveria uma grande corrida sem um grande piloto e hoje houveram dois absolutamente gigantes em pista, Button e Kubica. O primeiro porque ganha a corrida com um golpe de génio - daqueles que nenhum computador consegue calcular e nenhum Ross Brawn consegue planear - quando decide, por ele próprio e muito antes de todos os outros, trocar para slicks. O segundo porque consegue colocar o Renault no segundo lugar do pódio, com uma corrida onde soube atacar, defender (muito) e gerir os pneus, sem fazer o mais pequeno erro.
Provavelmente Button não terá outra corrida assim este ano, mas só o facto de ter conseguido colocar o Hamilton a gritar com a sua própria equipa, porque esta tomou uma decisão - que ele não conseguiu tomar por ele próprio - menos acertada, já valeu muito para a reputação do inglês dentro da McLaren. No final Martin Withmarsh parecia até emocionado ao descrever a prestação do actual campeão do mundo.
Realce também Di Grassi e para Alguersuari que de forma valente banalizaram por completo Michael Schumacher e o seu Mercedes.
É difícil descrever mais alguma coisa na corrida de hoje, porque o o aconteceu em Melbourne é de difícil descrição, só mesmo vendo.
Estamos à porta de mais um GP e parece que afinal ninguém vai protestar o engenhoso sistema de neutralização da asa traseira da McLaren.
O sistema é uma daquelas tiradas de génio que vão rareando na F1. A razão pela qual ainda ninguém protestou prende-se com o facto de que o sistema só deverá fazer uma diferença relevante nos circuitos mais rápidos e quando lá chegarmos já toda a gente terá tido tempo para construir uma solução semelhante. Não será difícil copiar, afinal de contas, o sistema é tão simples que até parece idiota ninguém se ter lembrado disso antes.
Os parabéns à McLaren por ter pensado fora da caixa.
Um tipo passa o ano a trabalhar para tirar uns muito desejados dias de férias, no entanto, quando estas coincidem com o início da época de F1 e isso significa que não vou poder ver a primeira corrida, não consigo deixar de pensar que mais valia tirar as férias mais tarde.
Com as vendas desesperadas das mais tradicionais marcas do mundo automóvel, como a Saab, Jaguar, Volvo ou Aston Martin, têm sido comuns comentários do género: "Nunca irei comprar um Volvo chinês!"
Eu acho que isto é um comentário sem sentido. Quem compra um carro não o faz pela nacionalidade da companhia. Quem compra um carro fá-lo por aquilo que ele representa, pelo seu valor intrínseco. Alguém tem alguma coisa contra um laptop Lenovo ou um ar condicionado Haier?
Um Jaguar continuará sempre a ser vendido por ser um Jaguar, um Volvo pela ideia de segurança e um Saab ... Bem, ninguém sabe ao certo o segredo dos Saab, mas o que é certo é que estes não deixarão de sair dos stands pelo facto dos mais recentes donos da marca, a Spyker, nunca terem feito mais do que 100 carros por ano.Alguém desdenha de um Ferrari só por um dos accionistas da marca ser um Sheik qualquer?
Dei um salto a Vieira do Minho para ver o início do CPR e não me arrependi. O rali foi bem interessante, com uma disputa renhida entre o Bernardo Sousa e o Miguel Campos. O Fiesta do Bernardo é impressionante, principalmente de suspensão, parecia um WRC a pisar o asfalto. O madeirense também esteve bem, bastante mais maduro, sem arriscar em demasia e a levar a "lata" de forma imaculada até ao final. É uma mais valia para o campeonato, tanto o piloto como o carro.
Igualmente de louvar o regresso do Miguel Campos, com um andamento fortíssimo, colmatando a diferença de performance entre o Fiesta S2000 e o seu EVO X. O Miguel não desaprendeu nada, esteve naquele nível que, no passado, lhe deu inúmeros títulos nacionais. Espero que faça o resto do campeonato, mesmo se em muitas das provas a diferença entre o S2000 e o grupo N será muito maior do que se viu neste fim-de-semana.
Melhor o resultado do que a exibição para Vitor Pascoal, muito por fruto de um Peugeot muito cansado de motor. Equipas privadas têm destas coisas, infelizmente...
Gostei muito de ver o José Pedro Fontes no Porsche, não só por transmitir aquela sensação de surrealismo ao ver um GT a "gritar" nas estreitas estradas do Barroso, mas muito mais porque o carro alemão foi muito bem conduzido durante toda a prova, num misto quase impossível de velocidade e espectáculo. Conseguiu agradar ao público e ao cronómetro também.
Em bom plano também o Adruzilo num Renault cheio de saúde, Pedro Peres no carro do tio e o espanhol Senra, uma autentica bala ao volante do Peugeot S1600.
Menos bem só o baixo número de inscritos e o Paulo Antunes no Punto S1600. Se o piloto de Fafe tivesse levado o Citroen da época passada, não tenho dúvidas que tinha feito muito melhor figura.
Há males que vêm por bem, neste caso, o facto de não termos nenhuma equipa oficial presente deu novo interesse ao principal campeonato automóvel que temos entre nós.
Este deverá ser o único Mercedes que veremos à frente do pelotão da F1 nos tempos mais próximos. Os outros, incluindo o que é conduzido pelo Schumi, andarão lá para trás, bem longe dos três primeiros.
A curiosidade que existe no ar antes do Rali Torrié, prende-se com o facto do Zé Pedro Fontes ir com o habitual carro do Mex. Ainda gostava de saber como é que se despoletou tal troca...
Não sou um adepto do futebol, mas este ano já percebi que quem quer ver golos tem que ver o Benfica. Da mesma forma, quem queira ver grandes corridas tem que ver o campeonato mundial de Superbikes. A diferença é que nas SBK, grandes corridas não são só este ano, acontecem desde que o campeonato foi fundado, há mais de vinte anos.
O campeonato começou este ano na mais bela pista de motos do mundo, Phillip Island, a primeira corrida acabou como se pode ver na foto. Na segunda corrida tivemos, durante as últimas dez voltas, cinco pilotos a lutar pela vitória, como se de uma corrida de 125cc se tratasse, apenas com a diferença de ser feito com motas com mais de duzentos cavalos de potência.
Este protector torácico feminino é uma das invenções motociclísticas do ano. Não só por ninguém se ter lembrado dele ainda, mas também porque protege algo que nos é muito querido. Dainese sempre na vanguarda.
Quatro cilindros em linha, quadro dupla trave em alumínio e suspensões convencionais, é o que normalmente define qualquer desportiva japonesa e partir de agora também a RR da BMW.
Quando saíram as primeiras fotos diria-se que a marca bávara não trouxe nada de novo ao mercado das motos hiper-desportivas. Estávamos todos enganados, a moto alemã será a pedrada no charco em 2010. Praticamente 200cv de potência, materiais e ciclística de primeira como numa italiana, com a qualidade de construção germânica, ao preço de uma japonesa.
Esta moto não traz nada de radicalmente inovador, a revolução está no facto de fazer tudo como as outras só que de uma forma muito melhor. Trata-se do M3 E30 do mundo das motos.
O espírito da Motorsport vive, agora em duas rodas.
Infelizmente para o Loeb, sempre que outro piloto ganha uma prova do WRC isso dá a entender que o campeonato está em grande.
Infelizmente para todos nós isso não é verdade. O WRC não está em grande, está um pouquinho melhor. Está um pouco melhor porque pelo menos já há uma definição de como serão os regulamentos no ano que vem, porque o Sordo andou quase a incomodar os da frente, porque o Latvala não bateu, porque o Kimi arrastou uma multidão de jornalistas, porque tivemos o Solberg num carro competitivo, mais o Gronholm e uma data de jovens promessas que no S-WRC começaram a desenhar o futuro.
Infelizmente o Armindo não participou no S-WRC, numa categoria para onde todas as atenções estiveram viradas, com bons pilotos e muitos carros daqueles que nos dizem que serão os do futuro. Apesar de continuar na vetusta classe de Produção, nem por isso deixou de fazer uma boa prova, com a conquista do terceiro lugar num rali em que só os que são realmente bons conseguem resultados.
Talvez por ter ido com o Nuno ao lado, o Bernardo Sousa foi, para mim, a surpresa da prova. Não tanto pelo lugar final - ninguém podia pedir mais - mas pelo facto de ter chegado ao fim de uma prova em que esteve bastante regular, característica que não se lhe era conhecida antes.
Parabéns à Ford, ao Hirvonen, ao Armindo, ao Bernardo e especialmente ao Nuno Rodrigues da Silva.
Na cena contracenam Jeff Bridges e James Woods, mas não são estes astros da representação que aqui têm o papel principal. Os protagonistas aqui são o Porsche e o Ferrari.
Recentemente voltei a andar regularmente num carro a diesel e tenho andado a pensar como fazer o fogareiro andar um pouco mais. Esta é a maneira que o Jeremy encontrou para fazer um motor diesel andar um pouco mais depressa.
Numa altura em que o Instituto de Turismo de Portugal limpa o chão da rua com o pouco que resta da reputação do país e mancha a carreira do Álvaro Parente, só me lembro de escrever sobre a vitória épica e memorável do João Barbosa nas 24 horas de Daytona.
Como era de esperar, o feito inédito de um piloto luso passou completamente despercebido aos media nacionais, mas isso não apaga o mérito inquestionável de um piloto que venceu única e exclusivamente à sua custa, nunca beneficiando de qualquer tipo de apoios no Velho Continente, acabando por ver o seu valor reconhecido e confirmado nos States.
João Barbosa ostenta hoje um Rolex com a palavra WINNER gravada, daqueles que são oferecidos aos vencedores da clássica prova americana. Daqueles que não se compram e que são mais raros do que dirigentes honestos e competentes nos institutos do estado português. Parabéns João, pela vitória e por honrares o nome de Portugal.