Friday, November 10, 2006

Nurburgring - socialismo automóvel


As corridas deste ano estão a acabar mas existem sempre sítios onde podemos matar saudades do cheiro a gasolina. A meca desses sítios onde o piloto pode ser qualquer um de nós e onde o fórmula um pode ser o monovolume ainda com a cadeirinha de bebé instalada, é um circuito que data dos anos vinte e dá pelo nome de Nurburgring.
No tempo de todos os riscos calculados, só o desenho da pista e as dimensões das quase inexistentes escapatórias já são de deixar qualquer regulador rodoviário de cabelos em pé, mas imaginar então de que não se trata de um circuito fechado onde só em condições muito limitadas andam carros de competição altamente preparados para todos os imponderáveis de segurança, isso é algo que já nem se acredita que possa existir nos dias de hoje, dias em que até os sabonetes têm instruções de segurança.
Na prática o Nurburgring é quase uma estrada pública (legalmente é assim considerada) onde qualquer um pode andar desde que tenha carta e o carro esteja conforme a lei, somente durante muito poucas ocasiões por ano está fechado para provas de competição.
Já li muita coisa acerca deste circuito, desde grandes pilotos a dizerem que é a pista mais incrível e desafiante do mundo, até banais condutores a gabarem-se das aviadelas que deram a Porsches e Ferraris, ao volante de Corsas, Polos ou Clios, mas numa coisa todos concordam, é das poucas onde o piloto vale muito mais do que o carro que conduz. Também dizem que é só para condutores de barba rija, que conhecem os seus limites e que ao entrarem em pista assumem os riscos e as consequências da decisão que tomaram - onde é que eles enontram este tipo de condutores?
Mais do que o jeito para conduzir a responsabilidade é fundamental, pois muitas seguradoras excluem especificamente esta estrada das suas apólices e as multas para o caso de o carro ficar a obstruir a via são pagas ao minuto, a preços tão loucos como o gajo que desenhou esta pista com mais de vinte Kms e 73 curvas oficiais.
É bonito de ver, mesmo para quem não está ao volante, tudo o que tenha rodas a rodar de forma indiferenciada, M5s e Twingos, 911s e Lupos, Enzos e Puntos, sem lutas nem classificações, só pelo prazer de conduzir, o verdadeiro socialismo automóvel.

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