A FIA não quer amadores

Comentou-se aqui no outro dia que era de louvar voltar a ver pilotos
ganharem corridas mesmo quando não têm as melhores montadas.
Isso levou-me a pensar, o quão raro é hoje em dia ganhar alguma coisa sem
que se tenha uma equipa oficial por trás. Para mim isso reflete unicamente o
loby que as marcas fazem sobre a entidade federativa, no sentido de
penalizar quaisquer ousadias privadas.

Na F1 é por demais evidente que a forma como os regulamentos evoluíram nunca
permitirá a uma equipa sem apoio oficial, ganhar o que quer que seja, pura e
tão simplesmente porque se trata de uma questão de quantidade de dinheiro e
mesmo que se tenha muito dinheiro e o Adrian Newey, como a Red Bull, nunca
ninguém venderá material que permita ganhar o que quer que seja (segundo se
diz é até proibido vender chassis, de umas equipas a outras).

Nos ralis, sem falar no Mundial, basta ver o caso Português para se ver que
agora que as coisas estavam mais ou menos niveladas entre privados e
oficiais, lá vem a Federação introduzir os S2000, ao que parece sem qualquer
penalização em relação aos grupo N, eliminando novamente qualquer hipótese
de ver uma equipa como a do Peres ou a do Campos ganhar o Nacional.

É assim por esse desporto fora, com situações mesmo vergonhosas como a
proibição dos Caterham em todas as corridas de turismos sem nenhuma razão
aparente, pois cumpriam todos os requisitos necessários, a não ser o facto
de que eram um carro derivado de série competitivo demais que podia
envergonhar os grandes e dispendiosos GTs.

A excepção está em meias categorias como o TT, onde sem os privados não
haveria dez carros a competir e até é simpático dar a ideia que aquilo é de
facto uma aventura onde tudo pode acontecer, desde que tipos como o
Schlesser ou o Gordon não chateiem muito. Depois disso existem os triais, os
autocrosses e os ralicrosses, mas isso não é bem automobilismo, está na
mesma categoria de circo automóvel em que estão as corridas americanas.