Calendário suicida
Fiquei todo contente por ver o Rali de Portugal no calendário do campeonato do mundo de 2009, mas fiquei triste por ver que esse mesmo calendário contempla 12 de 24 provas em sistema de rotação. Isto quer dizer que a cada dois anos vamos ter um campeonato sem o Monte Carlo, os Mil Lagos ou RAC.
Um campeonato de ralis sem Monte Carlo é como a F1 sem Mónaco, o chouriço sem pão, a Pamela sem silicone, os tremoços sem cerveja, o fado sem Amália, o São Martinho sem castanhas, o Pedro Abrunhosa sem óculos, a SIC notícias sem Mário Crespo, a Serra da Estrela sem neve, o cozido sem couves, a Carla Matadinho sem fotos íntimas, o cachorro-quente sem salsicha, o Pinto da Costa sem árbitros, a Carolina sem o livro, o São João sem sardinhas, as touradas em forcados, o iPod sem auscultadores, a Playboy sem poster nas páginas centrais, o Lisboa-Dakar sem dunas e por aí fora.
Não faz qualquer sentido e só leva a desorientação do público em geral, que deixa de ter aquelas provas talismã que asseguravam sempre algum espaço no imaginário de todos nós. Concordo com a rotatividade do calendário mas com critérios que salvaguardem as melhores e mais carismáticas provas. Com a rotatividade geral também se elimina à partida o factor competição entre os organizadores, não havendo qualquer motivação para se evoluir, visto que se sabe que no ano a seguir está-se outra vez no calendário.
Mais uma vez se está a desbaratar o pouco património que este desporto tinha conseguido, em classificativas míticas, percorridas desde o início da modalidade e que traziam um elemento de identificação à generalidade do público.
A seguir só falta abolirem os WRC e colocarem uns carrinhos todos certinhos a andarem tipo combóios, sem atravessadelas ou derrapagens, para matarem de vez aquela que é a única modalidade com potencial para ombrear com qualquer outra em termos de popularidade.
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