A gente gosta é de altos e baixos, terreno lavrado...
Nos dois últimos fins-de-semana tivemos dois importantes eventos automóveis, o início do campeonato de velocidade (PTCC) e o rali de Portugal.
Mesmo se é injusto comparar uma prova do mundial com uma prova do nacional é pelo menos possível dizer que o público Português não está virado para as provas de circuito. Comparando só o shake-down (que era a feijões) do Rali de Portugal com as duas corridas de domingo do PTCC, viu-se que eram mais jornalistas a atirarem-se para cima do carro do Armindo do que espectadores nas bancadas da recta da meta do circuito do Estoril.
Que a velocidade nacional é só espectacular para quem vai a conduzir, não é novidade, já vem de há muito, mas num ano em que temos entre nós viaturas ao nível do melhor que se faz por esse mundo fora e ainda por cima em quantidade assinalável, não se percebe como é que mesmo com promoção da prova, não aparece ninguém no autódromo.
Também não é uma questão financeira, porque nas super-especiais do estádio do Algarve os bilhetes não eram baratos e mesmo assim deu para casa cheia.
A questão é que as corridas de circuito de hoje em dia são enfadonhas, os carros não se atravessam, os pilotos só se ultrapassam quando as viaturas são nitidamente superiores, é tudo muito certinho, é para quem dobra o pijaminha todos os dias e isso não é para nós.
O que nós gostamos é de ver as máquinas em derrapagens desgovernadas, saltos épicos, sentir cheiro a borracha queimada e pilotos cujos adjectivos são comuns aos hóspedes dos sanatórios ou das alas de prisão onde só estão os serial killers americanos.
Mesmo a Fórmula 1 já não é o que era, das poucas coisas que ainda prendiam o Tuga ao ecrã era a esperança de ver uma valente molhada na partida e isso já é cada vez mais raro. Temos até a insuportável situação em que todos os carros acabam a prova, ou então os que abandonam é por avaria mecânica.
Quem é que delira em Português quando se ouve dizer de um piloto que é muito regular, que poupa o material, ou que vai sempre a andar para a frente?
O que a gente gosta é de ver o Robby Gordon com o Hummer às cangochas que nem uma vaca louca, a varrer os corta-fogos Alentejanos de um lado para o outro com a mesma precisão de quem vai a guiar um hoovercraft.
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