A fundo para o buraco
Passou uma semana sobre o Rali Centro de Portugal e nada li acerca do que me pareceu ser um péssimo sintoma do estado do mais importante campeonato do automobilismo nacional.
A vitória do Bruno parece que foi inquestionável, mesmo se também parece que o Zé Pedro Fontes está mais próximo do piloto do Peugeot. Daqui para trás é que as coisas começam a parecer que estão a andar para trás, ou seja um marasmo em evolução. Não é que o o Mex não tenha andado bem - parece que andou mesmo muito - nem que o Peres não mereça o quarto lugar, mas andarem os quatro primeiros todo um rali sem uma disputa de posição, sem o mínimo de incerteza, é sinal de que por ali há tudo menos competição. Mais ou menos como a F1 só que os carros nem sequer correm ao mesmo tempo.
Que os quatro primeiros andem em procissão até pode nem ser o mal maior, agora o que com estranheza não vi ninguém mencionar foi o facto dos dez primeiros estarem separados por dez minutos e pelo facto de termos um Ibiza a diesel e um C2 de troféu no "top ten". O Barros Leite e o Paulo Antunes não são nenhuns lentos mas para colocar um Ibiza TDI e um C2 de troféu em sétimo e oitavo respectivamente, não chega ter umas boas unhas, é preciso que o restante parque automóvel seja mesmo muito fraquinho.
Esta situação já se esperava, não por culpa das marcas - a Peugeot e a Fiat fazem o seu papel e até o fazem bem - mas por culpa do regulamento que a federação impôs aos pilotos. É compreensível que quem, nos tempos dos grupo N, mantinha a ilusão de poder chegar à vitória, desassombrou-se completamente com a superioridade dos recém chegados S2000. Se muitos dos que opinam estão contentes por termos dois destes carros a correr entre nós, quem tem que pagar para correr desmotivou-se completamente e repensou certamente o investimento numa batalha à partida perdida. Muito por causa disto se deu o resfriamento da competitividade no campeonato, que vinha em crescendo desde o desaparecimento dos WRC.
Não me custa imaginar um campeonato em que mesmo indo o Bruno e o Zé Pedro de S2000, mas com os outros nuns grupo N com menos duzentos quilos, em que certamente o Mex e o Peres não se acomodavam aos lugares secundários e tentariam disputar a vitória, sendo que atrás deles outros se seguiriam.
Se isto me parece evidente, não o é menos o facto de tão cedo a situação não se alterar, pelo que continuaremos a ver os dois primeiros passar muito provavelmente seguidos pelos fogareiros do Barros Leite e do Leal, com o Barroso Pereira e o Carlos Matos a suarem as estopinhas nos seus aviões, para os apanharem. Os outros vão lentamente desaparecer à medida que os patrocinadores se cansarem de meter dinheiro num desporto onde à partida só há dois que podem ganhar.
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