Wednesday, October 17, 2007

A FIA tem onde aprender



O Rossi fez neste último GP, a terceira prova com o novo motor de distribuição de accionamento pneumático, que mostrou até agora ser uma boa aposta, não só porque não deu problemas de fiabilidade, como lhe trouxe alguma potência adicional permitindo-lhe pelo menos lutar com as Honda em termos de velocidade de ponta – as Ducati continuam inalcansáveis.

Esta tecnologia não é novidade, a Aprilia estreou-a nas MotoGP julgo que em 2003 e também não é sobre ela que escrevo, faço-o pelo facto de motores de válvulas pneumáticas já existirem na F1 há mais de dez anos e só agora terem chegado à categoria máxima do motociclismo.

Assim como muitas outras tecnologias utilizadas na F1, a distribuição penumática tão tem qualquer aplicação para além da competição, sendo de uma complexidade tal que pode custar quase tanto como o resto do motor.

De alguma forma a FIM tem sido mais sábia que a FIA, nunca tendo deixado evoluir as máquinas para níveis espaciais como os da F1, de uma complexidade tal que só os tipos que dormem no túnel de vento ou agarrados ao banco de ensaios é que conseguem tirar algum proveito, não se extraindo mais nada, nem em termos de espectáculo, nem em termos de aplicação no mundo automóvel do dia-a-dia.

Um bom exemplo da política da FIM foi o que se passou com os pneus. No ano passado o regulamento permitia que nos GP disputados perto de uma fábrica da Michelin, esta produzisse pneus de um dia para o outro, de acordo com as indicações que o Rossi desse durante as sessões de treinos da manhã, estando os pneus prontos e montados na moto na manhã seguinte. O piloto podia assim pedir para a próxima sessão de treinos ou mesmo para a corrida, o pneu que desejasse e que melhor se adaptasse às condições do asfalto.

Para além de injusta, pois a Bridgestone obviamente só podia fazer isso no GP do Japão, a regra só encarecia o desporto, não trazendo nada em termos competitivos. Se fosse na F1 o Max Mosley tinha decidido acabar com a competição entre fornecedores de borrachas e nomeava um fornecedor único. A FIM chamou a Bridgestone, a Michelin e a Dunlop e simplesmente pediu-lhes que redigissem entre eles um novo regulamento, acabando assim com queixas de uns contra os outros e trazendo igualdade de circunstâncias à modalidade.

Só para finalizar com mais um bom exemplo, os pneus de duplo composto desenvolvidos para a competição para aí há quatro anos, começam hoje a banalizar-se nas motos de estrada, revelando-se para o normal utilizador como um dos maiores avanços dos últimos tempos, não só em segurança como em durabilidade.

Há quanto tempo não vêmos nada da F1 a circular em algo com matrícula?

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