Tuesday, September 23, 2008

Volta GT Turbo, estás perdoado.


Ainda sou do tempo em que o 5 GT Turbo, só não era considerado um "serial killer" porque normalmente ficava irrecuperável após o primeiro acidente, não conseguindo reclamar a vitalidade a mais nenhum jovem condutor afoito e de origens endinheiradas. O silêncio era sepulcral à sua passagem, num misto de respeito e admiração, já que o condutor seguramente se dirigia para algum acidente trágico.

Carros como o GT-ti, o G40, o Turbo i.e., ou Swift GTI, eram todos aprendizes do GT Turbo, mas nem por isso menos fatais. É claro que na altura as histórias eram bestialmente empoladas e certamente que morria mais rapaziada devido à falta de travões, suspensão, pneus e qualquer outro elemento de segurança dinâmica, nas Casal Boss e XF17, artilhadas com os talheres lá de casa, do que propriamente em acidentes com os pequenos desportivos dos anos 80.

Havia no entanto uma regra velada pela sabedoria popular, que dizia que qualquer coisa daquele tamanho com mais de 100 cavalos, devia ter como equipamento de origem a extrema-unção.

Ao longo dos anos, fiz uns kms no GT Turbo, no Turbo i.e. e no G40 - todos já com o "charriot" desempenado por bastas vezes - não tendo verificado em nenhum deles o tal efeito de "morte súbita", era mais um sindrome tipo "roleta russa" que estava sempre presente. Curiosamente o que tinha pior fama, o francês, era o mais benevolente (talvez misericordioso seja o melhor adjectivo) de todos, mas mesmo assim só deveria ser vendido a quem tinha genes com apelidos como Vatanen, Kankkunen, Sainz, Loeb e por aí fora.

Hoje em dia os motores eléctricos de um dos "nossos" populares SUVs, que dão vida aos bancos, retrovisores, caixa de velocidades, travão de mão, faróis, à porta da mala, vidros, tecto de abrir, lava-faróis, etc, têm quase a mesma potência destes heróis da geração "rasca".

A escalada de potência só encontra paralelo no preço dos combustíveis e se há vinte anos atrás nos despedíamos da família sempre que entrávamos dentro de uma daquelas pequenas "bombas", hoje assistimos impávidos ao aparecimento de carros como este 500 Abarth SS, com 160cvs.

Longe de mim criticar o excesso de potência, é quase uma blasfémia por estes lados, mas há que ter sentido do ridículo e como tal, colocar 160cvs numa "lata" deste tamanho é como chamar alguém lá a casa para ligar a corrente trifásica à BIMBI.

6 comments:

Anonymous said...

Bem, a potência nunca é demais, e já vi "latas" bem piores....
Quanto à prosa, parece uma nostalgía "fafense".....
Abraço

Plakona

Anonymous said...

Genial...

Lembro-me quando até o renault 19 16s era uma bomba e tinha... 137 cv.

No entanto, as capacidades técnicas dos chassis de hoje em dia, tanto em termos de rigidez estrutural, suspensões e molas e tecnologia de apoio são completamente diferentes. A potência também é mais fácil de atingir, e mais linear.

Esta pequena bomba não é mais que um Mini italiano. Em quase todas as formas que se possa pensar. E procurando num Youtube, ha um comparativo entre as versões 1.4 (aspirado) de ambos onde se vê que o 500 não perde em chassis para o mini (que é o benchmark para estes "carrinhos").

Eu gosto. Não comprava. Mas gosto. :P (acho que esta minha opinião é tendencial, em relação à maioria dos carros italianos...)
E gosto porque acho que, destes modelos revivalistas que têm aparecido, é o mais bem conseguido. A estratégia de comunicação muito agressiva da FIAT também foi aguçando o apetite.
Este modelo salva a FIAT de vez.

Obrigado por este momento. fartei-me de rir sozinho. :)

Anonymous said...

só acho que faltou aqui duas referências, o clio williams e o toyota ae-82

Ricardo Santos said...

Este carro de certeza que tem uma coisa que os desportivos dos 80's e 90's não tinham, a electrónica. Ou seja, deve estar recheado de ABS's, EPS's, EDS's, ATS's, GPS's, XPTO's etc etc, o que quer dizer que na realidade sempre que os sistemas entram em funcionamento o carro fica p'rai com...90cv, bascamente só serve para andar a direito.

Anonymous said...

Ó Ricardo, era o Corolla AE86! O coupé 1.6 twincam 16v, de que sou um (ainda) feliz proprietário, último tracção traseira desportivo "baratucho". Mas devo dizer que nos "picanços de antanho" perdia em aceleração para os Peugeot 205 GTI. Quanto ao R5 GT Turbo, já é um carro de colecção, e o dificil é mesmo arranjar um "direito". Mas nada se comparava naquele tempo, em aceleração e a curvar. É de ver que dava coça nos 325i, mesmo em velocidade (o Edgar Fortes foi campeão em R5 GT Turbo). Era um carro fabuloso, e penso que vai valorizar muito como CLÁSSICO, tendo em conta o palmarés infinito de titulos por esse mundo fora!

Anonymous said...

anonymous tens razão, é o ae-86. parabéns pela máquina