Wednesday, June 18, 2008

Talento nato, como Senna


Gostei de ver alguns súbditos de Sua Majestada a colocar o seu conterrâneo Hamilton como o terceiro melhor piloto da F1 actual, atrás do Alonso e do Kimi. Certamente que tal é resultado da manobra idiota que o inglês praticou no GP do Canadá, mas dá para ver que nem o “miúdo-maravilha” escapa à máxima que “um dia é-se besta e outro bestial”.

O Alonso é de facto bom piloto, mas no próximo GP de França, disputado num dos mais aberrantes circuitos do mundo, o Kimi é favorito. O circuito de Magny-Cours é normalmente feudo da Ferrari e o finlandês pareceu-me ter acordado no Canadá, quanto mais não seja pela reacção que teve para com o Hamilton. Pareceu-me que naquele fim-de-semana queria mesmo ganhar e isso é para mim o maior handicap do actual campeão do mundo, parece que a vontade de ganhar, às vezes, não é suficientemente forte para que ele se esforce em consegui-lo.

O finlandês é dos pilotos mais rápidos que já conduziram um F1 e aquela incapacidade que tem para explicar como é que pega em qualquer coisa e consegue ser o mais rápido possível, só tem paralelo na absurda explicação mística do Ayrton, de que se fundia com o carro para conseguir ser o mais veloz. Ambos os casos são inexplicáveis à luz da racionalidade pelo simples facto que ambos o fazem da forma mais inata e natural que já apareceu no mundo das corridas. Ambos sem qualquer explicação racional, pegam num volante e conduzem no limite do que o equipamento permite. São a água e o vinho, a noite e o dia, opostos em tudo menos no momento em que colocam o capacete, aí são absolutamente idênticos naquilo que fazem, simplesmente os mais rápidos.

A diferença do Ayrton é que ele o fazia sempre, ser sempre o mais rápido, o primeiro de todos. O Kimi fá-lo só às vezes e ultimamente cada vez menos, tornando-se num piloto banal, sem chama. Continua, no entanto, a ser o favorito, porque para mim, é actualmente o melhor.

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