Tuesday, January 13, 2009

Dakar sem surpresas


Apesar de ainda faltarem três dias de prova, já não devem haver surpresas no resultado final, quer em duas, quer em quatro rodas.

Nas motos, já aqui escrevi acerca do “calendário” que o Coma deu logo no primeiro dia. Parece que continuou a sovar os adversários nas restantes etapas e hoje já leva bem mais do que uma hora de vantagem para o segundo. Tamanha vantagem não encontra razão unicamente no inegável virtuosismo do espanhol, pois o fraco nível da concorrência contribui em muito para a forma com que ele se passeia de etapa em etapa. O pelotão das duas rodas encontra-se numa fase de pouca competitividade e baixa qualidade dos pilotos, em tudo semelhante ao que acontece com as equipas, onde há quase uma década que a KTM é a única marca representada oficialmente.

Nos carros esperava-se um duelo mais renhido, com a VW e a BMW a apresentarem argumentos que faziam prever uma luta até ao último metro de prova. A primeira, sem o azar do ano passado, tinha carro e pilotos para ganhar com naturalidade. Já a marca de Munique, mesmo tendo um orçamento bastante inferior, apresentava um carro impressionantemente rápido e um piloto, Nasser al-Attiyah capaz de ombrear de igual para igual com o Sainz.

Muitos de vocês estarão a perguntar: “então e a Mitsubishi?”

Este Dakar estava destinado a ser aquele onde veríamos a marca japonesa cair. Estreavam um carro novo, o que quase sempre traz os tradicionais problemas de fiabilidade, mas ainda mais relevante é o facto de voltarem a trazer um conjunto de pilotos que não deve muito à arte de condução e isso paga-se (mais tarde ou mais cedo) sempre muito caro. Muitos poderão dizer que se trata da mesma equipa que na última edição conseguiu o primeiro lugar, mas de certo que os mesmos se lembrarão que tal se deveu mais a uma incrível derrota (azar) da VW, do que uma vitória da Mitsubishi.

Este ano abandonaram prematuramente, mas quando o fizeram já estavam a uma “eternidade” dos primeiros, sem qualquer hipótese de incomodar seja quem fosse e sem nunca terem demonstrado capacidade para o fazer até então.

O Peterhansel tem o seu valor como grande estratega de provas de este género. O Alphand tem uma constância de andamento e uma preparação física que lhe permitiam fazer dois ou três Dakars seguidos sempre ao mesmo ritmo. Quanto ao Roma, nem de moto era rápido. Uma equipa assim não merece ganhar o rali a um Sainz, a um De Villiers ou a um al-Attiyah. É uma equipa cheia de qualidades mas falta a primordial no desporto automóvel, a velocidade.

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