Agora como noutros tempos
Já não vemos corridas com duelos entre astros como Prost, Senna ou Mansell. Também já não há ultrapassagens épicas como as de Gilles Villeneuve, mas isso não quer dizer que a F1 actual não esteja a viver momentos bem emocionantes e que certamente figurarão na sua história.
Depois do marasmo causado pelos anos de domínio do Schumacher, voltámos a ter emoção, bastando para tal recordar os últimos dois campeonatos, decididos por “unha negra”, na última corrida. Também não me lembro de haver uma pré-temporada que causasse tanta expectativa como a deste ano.
A alteração de regras baralhou as contas de todo o pelotão e mesmo quem normalmente não segue atentamente o fenómeno da F1 está “em pulgas” para que a temporada comece. Toda a gente gosta de uma boa história de David e Golias, por isso toda a expectativa à volta da performance da Brawn GP e da Williams na primeira corrida do ano. Sem dúvida que este ano, mais do que nunca, estará muita gente atenta à abertura do campeonato.
Aliás, não me lembro de ir para a primeira corrida do ano sem fazer a mínima ideia em que equipa colocar o meu dinheiro. Este ano nem sequer consigo imaginar quem poderá ficar nos três primeiros, quanto mais ganhar a corrida.
A incerteza é mais que muita, diz-se que algumas equipas já vão para a Austrália com o KERS instalado no carro, enquanto outras ainda nem no laboratório o conseguem fazer funcionar. Umas já trabalham à vontade com os novos “slicks” enquanto que outras ainda desenvolvem o carro com os pneus do ano passado. Uns já desenvolvem soluções que contornam o regulamento, enquanto que outros ainda discutem se estas são legais ou não.
Apesar dos testes de pré-temporada darem poucas indicações da real competitividade em corrida, também eu acredito que este ano haverá uma alteração do “status quo”. Não quero com isto dizer que imagine a Brawn GP a ganhar na Austrália, para isso é preciso um pouco mais do que só um carro veloz. Uma equipa que até há um mês atrás estava prestes a receber a “extrema-unção”, não estará com o estado de espírito e com o instinto matador para ganhar a primeira corrida em que participa. A menos que haja uma hecatombe de todos os outros, ficarão contentes por terminar nos pontos e à frente da McLaren. O mesmo se passa com a Williams, apesar de ter um passado de vitórias, está desesperada por conseguir bons resultados e não estarão dispostos a arriscar isso para talvez conseguir uma vitória.
Quem saltará para a frente e causará sensação será a BMW e talvez a Toyota. Esta última terá um bom carro mas continuará a sofrer pela falta de objectividade na gestão da corrida e por uma dupla de pilotos que “adormece” com demasiada facilidade, que também não sabe o que é preciso para se ganhar uma corrida.
Ao contrário, a BMW pode ter aqui a sua oportunidade de saltar para a ribalta. Os alemães não têm rasgos de genialidade na concepção técnica, mas fazem os trabalhos de casa como poucos e isso é capaz de trazer dividendos, principalmente num início de ano em que a fiabilidade e a estabilidade na performance, serão cruciais.
Quanto aos habituais dominadores, a Ferrari mesmo não começando o ano na frente, o que a acontecer será muito mais devido a problemas de juventude com o carro do que por falta de velocidade, rapidamente estará na luta pelo campeonato. Isso porque tem a melhor dupla de pilotos, a melhor equipa de testes, um departamento técnico que não fazendo nenhumas maravilhas técnicas, não erra muito e uma gestão de corrida que não sendo a máquina de há uns anos atrás, ainda está entre o que de melhor se faz actualmente. Em resumo, a Ferrari estará entre os primeiros porque é uma máquina de vitórias e só um carro desastroso ou um rival com uma performance estonteante os afastaria de tal sina.
Esse rival seria naturalmente a McLaren, à semelhança do que fizeram no ano passado, mas parece que este ano construíram um carro-de-bois, pelo que deverão andar arredados dos primeiros lugares, pelo menos até executarem a próxima evolução no carro. A confirmar-se esta menor competitividade da equipa inglesa, para além da natural satisfação de ver o Ron Dennis a levar na cabeça, será igualmente interessante observar como se comportará o Hamilton a lutar por posições no meio do pelotão. O Button dizia no ano passado que com um carro banal, o Hamilton não seria a estrela que todos pensamos que é. Este ano talvez possamos todos ver se isso é verdade, a fazer fé nos testes de pré-temporada até poderemos assistir a uma troca de papéis, com o Button num carro capaz de discutir os primeiros lugares e com o Hamilton a ter que lutar para conseguir ficar nos pontos.
Diferentes de um passado recente, mas sem dúvida emocionantes, estes tempos modernos da Fórmula Um.
10 comments:
já critiquei muito neste blog, contudo é sempre de louvar o extraordinário "trabalho" do A/C: excelente reprospectiva e muito bem escrita, contudo, quero fazer lembrar que sobre a formula 1 o nosso bloguer engoliu muito em seco na época transata e com estes comentários finais, abre a permissa para te tal volte a acontecer....
Plakona
é mais fácil esperar pelo fim para dizer que os outros não tinham razão...
é mais fácil esperar pelo fim para dizer que os outros não tinham razão...
é mais fácil esperar pelo fim para dizer que os outros não tinham razão...
é mais fácil esperar pelo fim para dizer que os outros não tinham razão...
é mais fácil esperar pelo fim para dizer que os outros não tinham razão...
é mais fácil esperar pelo fim para dizer que os outros não tinham razão...
Nos treinos já começou a ver navios passar...
queria pedir desculpa pelos comentários repetidos mas tive um problema no browser, AC se puderes apaga as repetições.
acho que a mclaren vai sofrer muito com a falta de um bom piloto de testes para desenvolver o carro e exactamente o contrário do que está acontecer com a brawn. já para não falar da controvérsia dos difusores traseiros
Não contem com grande surpresas. No final da temporada estarão os do costume a discutir o campeonato.
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