O regresso da BMW
O video anterior é um exemplo do que pior teve a filosofia de renascimento da BMW, encetada nos anos noventa. Não se pode dizer que o relançamento da marca no mundo das duas rodas não tenha sido bem sucedido, o quê, ficou um pouco aquém das expectativas para um nome de tal dimensão e com tal poderio económico.
Desde então, a marca bávara ficou conhecida por fazer motos que parecem sair do atelier de design da "Tupperware", para homens de meia idade que pretendem dar uma ideia de rebeldia opulente num veículo de duas rodas. Não acredito que tenha sido esta a ideia original dos engenheiros alemães. Esta situação foi criada involuntariamente pela filosofia escolhida na altura, de que, como no mercado automóvel, a marca teria apenas quatro ou cinco motos, versáteis o suficiente para agradar à generalidade do público.
Ora, as motos funcionam por tudo o que as distingue do automóvel e uma das características importantes em tal distinção, é a capacidade que têm para estabelecer uma ligação próxima com quem as conduz, i.e., a existência de motos construídas de raiz para todos os tipos de pessoas, estilos de condução, estaturas físicas, sexos, localizações geográficas, tipos de terreno e por aí fora, por forma a que o cliente consiga escolher uma moto que lhe sirva quase como uma peça feita à medida. Muitos dirão que uma Honda CBR é tão universal como um VW Golf e têm razão. No entanto, a CBR agrada a muitos porque muitos têm os mesmos gostos, da mesma forma que a Madonna agrada a meio mundo, simplesmente porque faz música para o "mainstream". Há também quem goste de estilos mais alternativos, jazz, scat, ou quem goste, por exemplo, de andar no mato ao fim-de-semana e aí encontra cinco ou seis modelos Honda diferentes, consoante o nível e estilo de condução de cada um. Se, por outro lado, gostarem de longos passeios, podem ir desde a Transalp, à Pan-european, passando pela Goldwing, Deauville ou DN-01, tudo modelos completamente diferentes uns dos outros, provenientes do mesmo construtor, à medida e gosto de cada um. Isto é válido para qualquer segmento de mercado e para qualquer construtor.
Voltando à "BM", ao fazerem motos que se mostrassem o mais versáteis possível, para que servissem a todos os condutores e tipos de utilização, tiveram que estabelecer compromissos. Assim uma GS, não poderia ser nunca uma moto de excelência em nenhum dos parâmetros de utilização, pelo simples facto que tinha que agradar de igual maneira a um condutor português, com o seu metro e setenta, oitenta quilos, que gostava de ir ao Guincho ao Domingo de manhã, como a um nórdico de metro e noventa, com cento e vinte quilos, que gostava de longas viagens com a mulher e bagagem. Tinha que ser boa num estradão marroquino, na auto-bahn alemã, numa passagem dos Alpes ou no trânsito de Istambul. Motas construídas como os carros, para serem utilizadas por todos, em todas as estradas ou fora delas. No final o resultado era sempre um compromisso demasiado penalizador da essência da moto - acontece o mesmo nos carros, só que já nem notamos que andamos em coisas que têm como virtudes, a versatilidade, a modularidade, o conforto térmico ou o interior acolhedor. Escolher um carro pelo seu conforto térmico é como andar com uma miúda porque ela é exremamente pontual.
Isto tudo para dizer que a imagem das "BMs" estava a enfraquecer e a concorrência, principalmente a europeia, estava a ganhar terreno, pelo que rapidamente emendaram a mão e estão agora a relançar completamente a sua gama de motos. Apresentam hoje propostas diferenciadas para quase todos os nichos de mercado, chegando mesmo a ousar pela primeira vez em motos radicais, como é exemplo a nova Superbike (foto). Em bom tempo o fizeram, porque a tricolor da Baviera faz falta ao verdadeiro mundo das duas rodas.
1 comment:
Gostei do testamento, embora sobre as motas "Bm" vou parafrasear alguém que percebe muito mais de motas do que eu: " ao guiar uma BMW nunca mais se troca de mota"...dito por tal conesseur, penso que deve de estar tudo dito... digo eu!!!
PLAKONA
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