Tuesday, May 19, 2009

A todos os fãs dos ralis.


Vivemos num tempo em que a sociedade "moderna" decretou que ninguém podia morrer e como tal criaram-se suficientes leis, regras e proibições para que o inevitável nunca aconteça.

É-nos por isso difícil compreender o que é que passava pela cabeça das pessoas que vemos no video, para se comportarem daquela maneira irresponsável, arriscada, estouvada, louca, vibrante, apaixonada e viva. Sim, acima de tudo viva, muito viva.

Não foi assim há tanto tempo. Os mais velhos de vocês poderão ter estado no filme e se não, pelo menos muitos dos vossos pais estavam ali a celebrar a vida, através da adrenalina de "tourear" um Grupo B.

Neste tempo em que é proibido morrer e em que, por vezes, a única emoção de uma corrida é dada pelo acidente do Safety-car, estas imagens parecem vir de uma realidade paralela. No entanto, não, são de há pouco mais de vinte anos e o que as originou então, ainda vive dentro de todos os que gostam de se levantar cedo para ir para o meio do monte apanhar pó de um carro de ralis.

A paixão dos ralis ainda vive, só que bem mais longe do perigo e um pouco mais distante da emoção.

1 comment:

_cornetas said...

É um facto que, cada vez mais, WRC e emoção são dois conceitos um tanto quanto distantes...

Sendo eu de Sever do Vouga, tenho bem presente na memória os tempos em que, duas a três semanas antes do rally, via os Celica GT4 e os Integrale brancos, os batedores de reconhecimento, a começar a agitar a vila. E, entretanto, surgia o dia em que o rally cá passava, nos troços das Minas do Braçal: era então tempo de o meu irmão pegar, às 5h da madrugada, na Transit (de 70 e qualqer coisa) do meu Pai - mcohilas na mala e toca a ir para a Serra.

Ou então... acordar ainda mais cedo e ir para lá a pé. Tão enorme era o sorriso ao chegar o fim do dia e fazer um risco no pó que cobria a face, descobrir lá de baixo a pele da minha cara. Eram dias únicos, felizes.

Hoje estão lá as fitas amarelas, vermelhas... seja lá o que for. "Olha, e quem é que está atrás do Loeb?"... É esta a emoção.

Fica o conforto de que, caso a emoção não volte, restam sempre estas memórias. Emociona recordá-las. Como emociona o último destes momentos que tenho gravado: em 1999, o Focus WRC do McRae a passar debaixo de mim. Sim, estava no cimo do combro da estrada, agarrado a um pequeno tronco. O rally é isto também.

Obrigado AC.